segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Palestra Prof. Dr. Almir Linhares de Farias: Humanização e educação diante de alguns aspectos da cultura contemporânea


Compartilho abaixo a palestra proferida pelo Prof. Dr. Almir Linhares de Faria no Encontro em comemoração aos 15 anos do Setor Sudeste Paulista da Associação dos Granberyenses, intitulada: Humanização e educação diante de alguns aspectos da cultura contemporânea. Gravei-a em minha pequenina, mas sempre prestativa câmera SONY.
Reconhecendo que ficaria difícil visualizar os slides com clareza, digitei cada um deles, e apresento logo abaixo. Vale a pena você investir um tempinho para ler e ouvir esta palestra. Destaco aqui que além de ser um fã das aulas e palestras do prof. Almir Linhares, interesso-me muito pelos autores que tratam da teoria da complexidade. Utilizando-se das citações de alguns destes autores, o Dr. Almir Linhares teceu seus proveitosos comentários e valiosa palestra.
À luz do que foi exposto, compartilho minha visão pessoal, afirmando que se desejamos como Igreja Metodista responder à nossa vocação missionária na área da educação, precisamos levar em conta os aspectos da cultura contemporânea, tão bem apresentados na palestra do Dr. Almir Linhares, bem como a nossa tradição educacional. Com isso, estou afirmando que para responder às demandas do mundo contemporâneo, verdadeiramente complexas, não precisamos abandonar nossos valores cristãos e muito menos nossos documentos.
Obrigado Dr. Almir Linhares por me proporcionar mais este espaço de reflexão.

CLIQUE E ASSISTA AOS VÍDEOS:

ANOTAÇÕES DOS SLIDES, LEIA ABAIXO:


HUMANIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DIANTE DE ALGUNS ASPECTOS DA CULTURA CONTEMPORÂNEA
Prof. Dr. Almir Linhares de Faria

CONHECIMENTO

          Era da informação: quantidade e velocidade
     “A nossa época, comparada com as passadas é um tempo de riqueza e abundância. Mas possuir abundância de fatos não significa, necessariamente, ter riqueza de entendimento. A explosão em nossos conhecimentos resultou numa série em constante expansão de dados desconexos e fragmentados que carecem de toda e qualquer unidade conceitual.” (Shotter, p. 17)

          Fragmentação e Compreensão sistêmica
      A hiperespecialização e a fragmentação trazem dificuldades de  perceber: os conjuntos complexos; as interações e retroações entre partes e o todo; as   entidades multidimencionais; os problemas essenciais (Morin, p.13).


FRONTEIRAS DA CIÊNCIA – NOVOS PARADIGMAS

       Princípio da incerteza (Heisenberg). Teoria do Caos - Os Sistemas Complexos (não previsíveis) e suas implicações para as teorias do desenvolvimento humano e da aprendizagem.

     “Para que um sistema aprenda a partir de respostas ambientais à sua ação, o feedback é essencial. Isso se dá porque adapatação requer mudança no sistema. Quando um sistema adapatativo é perturbado, ele não deve simplesmente voltar ao seu estado pré-perturbação. Em vez disso, os sistemas adaptativos devem entrar em estados novos, como consequência da experiência. Assim qualquer sistema que pode “aprender” é inerentemente instável. A capacidade de aprender carrega consigo o risco da desordem.” (…) Se complexidade e interesse – a capacidade de se adaptar a circunstâncias alternantes – são desejáveis, os sistemas devem estar a beira do caos.” (Galatzer-Levy, p. 291)

       O desenvolvimento/aprendizagem pressupõe períodos de relativa desorganização e não, necessáriamente passos, estágios ou o desdobramento de estruturas pré-programadas.

       Os riscos desses sistemas são a estagnação (configuração excessivamente estável) e desordem (perda de toda regularidade significativa).

       “Não se pode tomar o fenômeno do conhecer como se houvesse ‘fatos’ ou objetos lá fora que alguém introduz na cabeça. A experiência de qualquer coisa lá fora é validada de uma maneira particular pela estrutura humana, que torna possivel ‘a coisa’ que surge na descrição (…) todo ato de conhecer faz surgir um mundo.” (Maturana e Varela, p. 31 e 32)

SOCIEDADE JURÍDICA – LEGAL(ISTA)

    Normatização generalizada: concubinato, quotas, Direito do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, minorias, palmadas, TSE e humor com candidatos, Estatuto do Torcedor (Politicamente correto ).

  •     A ameaça dos processos – a solução nos tribunais, nos conselhos tutelares, na polícia, procons.
  •     O contraponto à liberdade pessoal é a normatização, a regulamentação legal.
  •     Nova profissão: “Mediador” – capacidade de negociar, de fazer acordos.
  •     Perfeição (ISOs), intolerância com o erro - os meus direitos.  “Quem não tem competência não se estabelece.”
  •     Ideais da civilização: o direito no lugar da força, harmonia, paz, justiça, responsabilidade, felicidade – a necessidade de regular as relações, pois “o homem é o lobo do homem”.
  •      O papel da escola na sustentação dos ideais da civilização. 
  •     Civilização não significa progresso contínuo, mas é uma luta permanente contra a natureza indomável (instintos: agressividade e sexualidade - Freud) 
  •      A agressividade e a sexualidade, elementos constitutivos do ser humano – como lidar com eles?


IMPLICAÇÕES PARA A ESCOLA
  •           Articulação do conhecimento. Compreensão sistemica. Estabelecer ligações.
  •           Discernir o que é significativo, essencial, importante. Apontar sentidos.
  •           Grade curricular, programas das disciplinas, horizontalidade, transversalidade.
  •           Conhecimento junto com inteligência, criatividade e interatividade.
  •           Diferentes caminhos e formas para aprendizagem.
  •           Emergência do novo, de padrões inesperados.
  •           Mais riqueza e variedade e menos sequência e continuidade
  •           Importância dos contratos, normas, estatutos, regimentos.
  •           Mediação, diálogo.
  •           Assimilação construtiva da agressividade e da sexualidade


BIBLIOGRAFIA
GALATZER-LEVY, R. – Possibilidades caóticas: rumo a um novo modelo de desenvolvimento. In: Livro Anual de Psicanálise 2006. Editora Escuta, S.P.

FREUD, S.(1929) – O mal-estar na civilização – Obras Completas. S.E. Imago, Rio de Janeiro.

HAZEN, R. M.  & TREFIL, J. – Saber ciência. Cultura Editores Associados, São Paulo, 1995.

MATURANA, R. H. & VARELA, F. J. – A árvore do conhecimento – as bases biológicas da compreensão humana. Editora Phalas Athena, São Paulo, 2001.

MORIN, E. – A cabeça bem-feita. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2000.

OUTEIRAL, J. & CEREZER, C. – O mal-estar na escola. Revinter, Rio de Janeiro, 2005.

SHOTTER, J. – Imagens do homem em pesquisa psicológica. Zahar, Rio de Janeiro, 1977.

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