Compartilho abaixo a palestra
proferida pelo Prof. Dr. Almir Linhares de Faria no Encontro em comemoração aos 15 anos do Setor Sudeste
Paulista da Associação
dos Granberyenses, intitulada: Humanização
e educação diante de alguns aspectos da cultura contemporânea. Gravei-a
em minha pequenina, mas sempre prestativa câmera SONY.
Reconhecendo que ficaria difícil
visualizar os slides com clareza, digitei cada um deles, e apresento logo
abaixo. Vale a pena você investir um tempinho para ler e ouvir esta palestra.
Destaco aqui que além de ser um fã das aulas e palestras do prof. Almir
Linhares, interesso-me muito pelos autores que tratam da teoria da complexidade.
Utilizando-se das citações de alguns destes autores, o Dr. Almir Linhares teceu
seus proveitosos comentários e valiosa palestra.
À luz do que foi exposto, compartilho
minha visão pessoal, afirmando que se desejamos como Igreja Metodista responder
à nossa vocação missionária na área da educação, precisamos levar em conta os
aspectos da cultura contemporânea, tão bem apresentados na palestra do Dr.
Almir Linhares, bem como a nossa tradição educacional. Com isso, estou afirmando
que para responder às demandas do mundo contemporâneo, verdadeiramente
complexas, não precisamos abandonar nossos valores cristãos e muito menos
nossos documentos.
Obrigado Dr. Almir Linhares por
me proporcionar mais este espaço de reflexão.
CLIQUE E ASSISTA AOS VÍDEOS:
ANOTAÇÕES DOS SLIDES, LEIA ABAIXO:
HUMANIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DIANTE DE ALGUNS ASPECTOS DA CULTURA CONTEMPORÂNEA
Prof.
Dr. Almir Linhares de Faria
CONHECIMENTO
•
Era da informação: quantidade e velocidade
“A nossa época, comparada com as passadas
é um tempo de riqueza e abundância. Mas possuir abundância de fatos não
significa, necessariamente, ter riqueza de entendimento. A explosão em nossos
conhecimentos resultou numa série em constante expansão de dados desconexos e
fragmentados que carecem de toda e qualquer unidade conceitual.” (Shotter, p.
17)
•
Fragmentação e Compreensão sistêmica
A hiperespecialização e a fragmentação
trazem dificuldades de perceber: os
conjuntos complexos; as interações e retroações entre partes e o todo; as entidades multidimencionais; os problemas
essenciais (Morin, p.13).
FRONTEIRAS DA CIÊNCIA – NOVOS PARADIGMAS
Princípio da incerteza (Heisenberg).
Teoria do Caos - Os Sistemas Complexos (não previsíveis) e suas implicações
para as teorias do desenvolvimento humano e da aprendizagem.
“Para que um sistema aprenda a partir de
respostas ambientais à sua ação, o feedback é essencial. Isso se dá
porque adapatação requer mudança no sistema. Quando um sistema adapatativo é
perturbado, ele não deve simplesmente voltar ao seu estado pré-perturbação. Em
vez disso, os sistemas adaptativos devem entrar em estados novos, como
consequência da experiência. Assim qualquer sistema que pode “aprender” é
inerentemente instável. A capacidade de aprender carrega consigo o risco da
desordem.” (…) Se complexidade e interesse – a capacidade de se adaptar a
circunstâncias alternantes – são desejáveis, os sistemas devem estar a beira do
caos.” (Galatzer-Levy, p. 291)
O desenvolvimento/aprendizagem pressupõe
períodos de relativa desorganização e não, necessáriamente passos, estágios ou
o desdobramento de estruturas pré-programadas.
Os riscos desses sistemas são a
estagnação (configuração excessivamente estável) e desordem (perda de toda
regularidade significativa).
“Não se pode tomar o fenômeno do conhecer
como se houvesse ‘fatos’ ou objetos lá fora que alguém introduz na cabeça. A
experiência de qualquer coisa lá fora é validada de uma maneira particular pela
estrutura humana, que torna possivel ‘a coisa’ que surge na descrição (…) todo
ato de conhecer faz surgir um mundo.” (Maturana e Varela, p. 31 e 32)
SOCIEDADE JURÍDICA – LEGAL(ISTA)
• Normatização generalizada: concubinato, quotas,
Direito do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, minorias,
palmadas, TSE e humor com candidatos, Estatuto do Torcedor (Politicamente
correto ).
- • A ameaça dos processos – a solução nos tribunais, nos conselhos tutelares, na polícia, procons.
- • O contraponto à liberdade pessoal é a normatização, a regulamentação legal.
- • Nova profissão: “Mediador” – capacidade de negociar, de fazer acordos.
- • Perfeição (ISOs), intolerância com o erro - os meus direitos. “Quem não tem competência não se estabelece.”
- • Ideais da civilização: o direito no lugar da força, harmonia, paz, justiça, responsabilidade, felicidade – a necessidade de regular as relações, pois “o homem é o lobo do homem”.
- O papel da escola na sustentação dos ideais da civilização.
- • Civilização não significa progresso contínuo, mas é uma luta permanente contra a natureza indomável (instintos: agressividade e sexualidade - Freud)
- A agressividade e a sexualidade, elementos constitutivos do ser humano – como lidar com eles?
IMPLICAÇÕES PARA A ESCOLA
- • Articulação do conhecimento. Compreensão sistemica. Estabelecer ligações.
- • Discernir o que é significativo, essencial, importante. Apontar sentidos.
- • Grade curricular, programas das disciplinas, horizontalidade, transversalidade.
- • Conhecimento junto com inteligência, criatividade e interatividade.
- • Diferentes caminhos e formas para aprendizagem.
- • Emergência do novo, de padrões inesperados.
- • Mais riqueza e variedade e menos sequência e continuidade
- • Importância dos contratos, normas, estatutos, regimentos.
- • Mediação, diálogo.
- • Assimilação construtiva da agressividade e da sexualidade
BIBLIOGRAFIA
GALATZER-LEVY, R. –
Possibilidades caóticas: rumo a um novo modelo de desenvolvimento. In: Livro
Anual de Psicanálise 2006. Editora Escuta, S.P.
FREUD, S.(1929) – O
mal-estar na civilização – Obras Completas. S.E. Imago, Rio de Janeiro.
HAZEN, R. M. & TREFIL, J. – Saber ciência. Cultura
Editores Associados, São Paulo, 1995.
MATURANA, R. H.
& VARELA, F. J. – A árvore do conhecimento – as bases biológicas da
compreensão humana. Editora Phalas Athena, São Paulo, 2001.
MORIN, E. – A
cabeça bem-feita. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2000.
OUTEIRAL, J. &
CEREZER, C. – O mal-estar na escola. Revinter, Rio de Janeiro, 2005.
SHOTTER, J. – Imagens
do homem em pesquisa psicológica. Zahar, Rio de Janeiro, 1977.
Nenhum comentário:
Postar um comentário