Grupo de Louvor - Catedral |
Como parte do processo de revitalização de nossa igreja
local o Ministério de Ação Docente realizou uma Oficina sobre o tema “Mordomia Cristã
na Igreja e na vida pessoal”. Ela aconteceu ontem como parte das atividades
matutinas da Catedral (Culto e Escola Dominical).
Celebramos um momento devocional de 30 minutos e logo após a
coordenadora do Ministério de Ação Docente, irmã Rinalva Cassiano, apresentou o
palestrante, irmão Sérgio Tavares. Nosso irmão, juntamente com sua família, congregou
conosco por 26 anos, porém no ano passado, por motivos profissionais mudou-se
para São Bernardo do Campo e tem se congregado na Igreja Metodista em Rudge
Ramos.
Após a palestra, foi aberto um momento para perguntas e contribuições
dos presentes. Várias pessoas participaram deste momento. O irmão Sérgio nos
disponibilizou suas anotações e as apresentamos abaixo.
Veja as anotações do irmãos Sérgio logo abaixo é só clicar
Mordomia Cristã na
Igreja e na vida pessoal
Sérgio
Marcus Nogueira Tavares
1. Textos Bíblicos
Salmo 24:1
Lucas
12:42-44; 12:48.
I Timóteo 3:5
I Timóteo
6:7-10
- Somos
mordomos da grandiosa criação divina. Este é um pressuposto básico de mordomia
cristã. Se a vida que vivemos não é nossa quanto mais a matéria em geral.
- Fidelidade,
prudência, confiança – características do mordomo.
- A mordomia
na Igreja: a partir do exemplo da mordomia na própria casa.
- O amor ao
dinheiro é condenável. Paulo alerta a Timóteo sobre os perigos da riqueza.
2. Conceito de Mordomia
–
Dicionário Michaelis: funções de mordomo; do latim “maior domus” – o maior da
casa.
-
Mordomo: administrador de uma casa ou de um estabelecimento por conta de
outrem.
-
A ideia presente no conceito de mordomia é de cuidado, governança,
administração, utilização dos recursos existentes com eficiência. Outros
princípios presentes quando se exerce a mordomia sobre recursos de terceiros
são: fidelidade, lealdade e honestidade no trato do que se tem em mãos.
3. Contexto
-
O contexto presente de mordomia em economias de países em desenvolvimento como
o Brasil, é o de recursos limitados para atender necessidades maiores do que
nossa capacidade existente. Determinados segmentos da população não tem suas
necessidades básicas atendidas.
-
Na sociedade capitalista prevalece a cultura do consumismo, que cria
necessidades de consumo a cada instante. A propaganda sedutora, a conveniência
dos shoping, as aparentes promoções,
a rápida obsolescência dos produtos e o lançamento constante de substitutos são
algumas das estratégias de incentivo ao consumo.
-
No caso brasileiro, o melhor exemplo de incentivo ao consumo é o recente
crescimento do crédito às classes populares, aos jovens e até aos aposentados,
que pela via do empréstimo fácil estimulam o consumo e a gastança
descontrolada.
-
Outros elementos a considerar no que se refere ao Brasil são: juros muito
elevados, carga tributária monstruosa, classe média relativamente pequena
(ainda que o sentimento de ser classe média alcance elevada fatia da
população);
-
Noticias e abordagens recentes que confirmam este contexto:
a)
“Crédito fácil estrangula consumidor” – Estado de São Paulo
b)
“Brasileiro gasta além do que recebe” – Estado de Minas
c)
“Pesquisa mostra que jovens entre 18 e 20 anos estão se endividando” – Bom Dia
Brasil 13/07/2010.
d)
Blog “O endividado” – tudo sobre o endividamento – orientação jurídica
e)
Blog “Amigo rico” – orientações sobre planejamento financeiro pessoal
f)
Tópico “Sr. Dinheiro” no Fantástico.
-
Nesta rápida abordagem vamos analisar alguns elementos inerentes à mordomia nas
seguintes esferas:
a)
a mordomia na Igreja
b)
a mordomia na vida pessoal e familiar nos seus diferentes momentos ( o jovem e
juvenil; o adulto em atividade remunerada e o idoso).
4. Critérios
para a prática de uma boa mordomia
-
Pode-se definir que a boa mordomia é alcançar o equilíbrio em duas dimensões:
entre bens e direitos em relação às obrigações; entre as receitas e despesas.
a)
Viver
com o que se tem.
b)
Valorizar
cada R$ 1,00 gasto – austeridade, rigor no gasto. Gaste com a mesma dificuldade
que você tem para auferir sua receita.
c)
Planejar
as finanças: você conhece os seus números?
d)
Evite
o endividamento ou administre-o com critérios.
e)
Criar
condição para suportar situações imprevisíveis.
5. A
mordomia na Igreja local
-
Como organização religiosa a Igreja tem sua dimensão organizacional e funcional
com características singulares.
-
É uma instituição que tem um meio físico, atua pelo voluntariado, mas também
requer a atividade profissional remunerada, sujeita à legislação trabalhista. É
estabelecida e tem obrigações a que toda organização está submetida. Para sua
operação tem custos fixos (salários, encargos trabalhistas, aluguel, se for o
caso) e variáveis (energia elétrica, água, telefone, materiais de consumo,
gastos com eventos, etc).
-
Para se manter, a Igreja depende de dízimos, contribuições e outras receitas.
-
Como agencia que se propõe a uma atividade missionária, depende de recursos
para desenvolver projetos, expandir e alcançar pessoas em diferentes lugares.
Seus ministérios e grupos societários dependem de recursos orçamentários anuais
para realizar suas atividades que demandam despesas.
-
Daí, a administração dos seus recursos é tão importante quanto à de qualquer
organização, sob pena de não conseguir manter e não ter a quem recorrer para
sua sustentabilidade.
-
Sua boa mordomia depende do trabalho competente, qualificado e fiel de seus
agentes, no caso, o Ministério de Administração.
-
No caso da Igreja Metodista, como parte de uma estrutura mais ampla do que
simplesmente a igreja local, esta tem seus compromissos regionais, que por sua
vez está vinculada numa estrutura nacional. Isto significa que parte da
arrecadação mensal da igreja local é enviada para garantir a manutenção
regional. Este é um exemplo de despesa presente no orçamento da igreja local.
-
Para bem exercer sua mordomia, é fundamental que a igreja local possa contar
com a contribuição regular dos seus membros. O desafio bíblico do dízimo é um
grande potencial de missão e de boa mordomia, pois pode ampliar a base de
receita e a possibilidade de desenvolvimento de sua ação missionária.
6. A
mordomia na vida pessoal e familiar nos seus diferentes momentos
-
Temos diferentes realidades e desafios de mordomia financeira nas várias fases
de nossa vida.
a)
Jovens
e juvenis
-
Ausência de sustento próprio, dependência da “mesada” ou desenvolvimento de
atividade eventual ou informal – fonte de recursos limitada e incerta.
-
Fase da vida em que o sonho e a ilusão predominam.
-
Necessidades específicas do momento de vida: formação (educação formal e outras
competências), lazer e programas de grupos.
-
O jovem e juvenil devem ser estimulados a administrar sua condição,
desenvolvendo sua autonomia nos limites de suas possibilidades e realidade.
-
Ter sua própria conta, planejar suas atividades de lazer, definir prioridades e
escolhas são atitudes educativas para o exercício da plena mordomia.
-
Deve ser acompanhado de perto pelos pais nas decisões que toma e nos equívocos cometidos,
numa perspectiva educativa.
b)
Adultos
em plena atividade
-
É o tempo de vida que se tem para o exercício da plena mordomia.
-
Devem ter a noção de que a administração dos seus recursos tem perspectiva de
curto, médio e longo prazo, ultrapassando a visão imediatista muito presente na
atualidade.
-
A valorização de cada R$1,00 disponível implica em saber gastar, negociar
preços e prazos, definir prioridades, adiar gastos, planejar investimentos.
Valorize também sua fonte de receita. Um bom emprego é como uma pedra preciosa,
difícil de ser encontrada.
-
Com a incerteza presente no mundo do trabalho, é fundamental desenvolver a
capacidade de adaptabilidade a mudanças (emprego, faixa salarial, cidade).
-
No contexto da atividade empreendedora que cada vez mais substitui o emprego
estável e de longo prazo, a administração dos recursos financeiros e
patrimoniais se torna ainda mais complexa, pois nem sempre se pode contar com
uma renda fixa e regular.
-
Nesse cenário é importante reduzir os custos fixos a um mínimo possível, pois
num momento critico, a travessia se torna menos traumática.
-
Programar os investimentos mediante poupança evitando os financiamentos
onerosos (compra de casa própria, veiculo). Os juros acumulados nessas
aquisições multiplicam o valor do bem.
-
Aprenda a lidar com o cartão de crédito, o dinheiro de plástico do nosso tempo.
-
Em todo gasto, verificar se ele é essencial, necessário ou desejável. A
propaganda tem a habilidade de confundir o desejável com o necessário. Precisamos
estar atentos a esta diferenciação.
-
Conservar os bens adquiridos e não ceder à tentação da troca constante e do
descarte fácil. Com os constantes avanços tecnológicos, não há como se manter
sempre atualizado.
-
Faça um orçamento doméstico e acompanhe o realizado em relação ao que você
planejou.
-
Agir em equilíbrio é um bom principio de mordomia. Cuide de sua saúde
financeira como você cuida da saúde do seu corpo.
c)
Idoso
-
Com o crescimento da idade média da população brasileira, que já ultrapassa os
72 anos, é necessário preparar para viver com dignidade nesta fase da vida.
-
O Brasil não tem ainda uma política previdenciária adequada que garanta, via
aposentadoria, sustento ao idoso capaz de dar conta das necessidades
específicas dessa faixa etária. Da mesma forma, a limitação do atendimento
público da área da saúde, deixa os idosos fragilizados no momento em que mais
precisam de cuidado médico e/ou hospitalar.
-
No cenário atual, para manter vida digna e com qualidade mínima, o idoso
dependerá de chegar nesta fase da vida com condição financeira capaz de
sustentar um padrão de vida básico aliado ao financiamento das despesas
específicas deste momento de vida: médico, medicamentos e até mesmo gastos com
internações e/ou cirurgias.
-
Um bom plano de saúde contratado numa faixa etária mais jovem é um diferencial
importante para o idoso.
-
Desonerar o idoso da condição de arrimo de família é outra questão fundamental.
-
Na mais alta idade, acima de 80 anos, eventualmente o idoso poderá ter que arcar
com acompanhantes, profissionais de tempo integral cuja ocupação é crescente no
Brasil, o que representa um custo regular significativo.
-
A cena de idosos abandonados é resultante da deficiência das políticas públicas
e em certa medida, de condições de mordomia inadequadas.
-
Alcançar boa mordomia nesta fase da vida depende de uma boa mordomia na idade
adulta, inevitavelmente.
7. Considerações
finais
-
Mordomia é questão de disciplina pessoal, organizacional e de temor a Deus,
quando reconhecemos nossas limitações e buscamos sabedoria divina para lidar
com questões eventualmente complexas.
-
A mordomia é espaço de solidariedade entre as pessoas, pois cada um de nós tem
seus momentos de altos e baixos na vida. Num momento crítico, nada como contar
com a ajuda do outro, eventualmente numa questão pequena, mas fundamental.
-
Passa pela mordomia a discussão da sustentabilidade do planeta. O consumo
descontrolado de energia, o desperdício de água, o não tratamento do lixo, são
alguns exemplos da não mordomia. Cuidar do meio ambiente é uma questão de
mordomia com a criação.
-
A boa mordomia não é um fim em si mesmo, mas um exercício a serviço da
construção da vida e do Reino de Deus entre nós.
-
No exercício da mordomia, Deus opera em nós e através de nós para a realização
da sua vontade. Nem tudo se explica na base da racionalidade financeira, em que
pese sua importância na vida moderna.
SBC,
agosto/2010
Sergio
Marcus Nogueira Tavares
sergio.tavares@metodista.br
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