sábado, 18 de julho de 2015

RECREAR para RECRIAR - algumas lições que aprendi com o filme DIVERTIDA MENTE (Pixar)


Ontem (17.07) tive a oportunidade de assistir o filme DIVERTIDA MENTE (Inside Out) tão comentado nas redes sociais e nos meios de comunicação social. Aproveitando a visita de meu sobrinho Marcelinho (12 anos) convidei-o para ir ao cinema. Posso dizer que valeu a pena, tanto pela companhia quanto pela qualidade do filme.

Não sou crítico de cinema e nem pretendo fazer propaganda de filme. Quero apenas compartilhar algumas impressões e sensações que tive ao assistir o mais novo filme da Pixar dirigido por Pete Docter. Vou utilizar duas máscaras diferentes ao analisar e comentar o filme, a de PAIstor e PAIfessor, já que sou pastor e professor e tenho uma filhinha de 8 anos. Como ela está de férias na casa da vovó iremos juntos ao cinema na semana que vem.

O filme conta a história de uma garotinha chamada Riley. Até aí não há novidade alguma, pois muitos desenhos contam a histórias de meninas. O interessante no enredo é que o autor mostra o mundo interno e o externo da personagem. Personificando os sentimentos básicos do ser humano ele apresentará algumas figurinhas encantadoras e muito coloridas que representarão a  alegria, o medo, a raiva, o nojo e a tristeza.


Durante seus primeiros onze anos de vida, Riley fora marcada por muitas experiências de alegria. Ao retratar o mundo interno (sentimentos) o autor apresentou uma cabine de comando onde havia um painel de controle que era operado pelos sentimentos. Durante esses primeiros anos de vida, a Alegria exercera sobreposição aos seus companheiros na cabine. Ela sempre tentava "consertar" (veja que coloquei entre aspas) o que os outros sentimentos faziam. Ela tinha uma voz de comando e se sentia a mais importante e necessária para o bem da pequena.

O filme ressalta o período do final da infância e início da adolescência, onde entre outras adversidades, Riley experimenta pela primeira vez uma mudança de cidade. Por questões profissionais seu pai deve mudar-se para São Francisco. Deixar Minnesota, local marcado por muitas lembranças agradáveis e alegres, tendo que iniciar uma nova vida em uma escola nova, casa que não lhe agrada e beirando a puberdade fez com que os sentimentos que estavam confortáveis sob o comendo da Alegria entrassem em pane.

Um dos momentos do filme que mais me chamou a atenção foi quando a Alegria tentou afastar a Tristeza do painel de controle e então deu-lhe uma tarefa. Riscou um pequeno círculo no chão e denominou-o de "círculo da tristeza" e disse que  ela não deveria deixar nenhum sentimento sair daquele espaço. A alegria foi dominadora em muitos momentos da história.

O interessante, foi ver que a própria Alegria reconheceu a importância da Tristeza na vida de Riley. Destaco aqui o momento em que ela revendo um dos episódios (memória da Riley) percebeu que a sua atuação foi possível, porque num momento importante de atuação da Tristeza na vida da pequena, fez com que seus pais e amigos se aproximassem dela e lhe enchessem o coração de alegria.

Diante da confusão causada pela ausência da Alegria e da Tristeza na sala de comandos, a garotinha motivada pela Raiva, Medo e Nojinho decide fugir de casa. Quando Alegria e Tristeza conseguem retornar à sala de comando, todos que estavam apavorados achando que somente Alegria poderia reverter o quadro, ficaram surpresos quando ela reconheceu sua impossibilidade e disse que a Tristeza tinha um papel importante e que ela deveria agir naquele momento.

Confesso que chorei durante o filme. Assim como não sou crítico de cinema, também não sou psicólogo ou psicanalista. Porém, ver apresentado de forma simples e mais concreto o universo da psique humana, me fez refletir sobre alguns pontos.

Destaco aqui a importância da tristeza em nossas vidas. O próprio texto bíblico afirma: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração" (Ec 7:2). Num mundo marcado pelo hedonismo, ou seja, a busca do prazer a qualquer preço, não tem havido espaço para a dor, sofrimento, frustração ou tristeza. Vivemos a tirania da alegria. Como pais, tentamos resguardar ao máximo nossos filhos de experimentarem tristezas. Infelizmente por não reconhecermos a importância da frustração e da tristeza na composição da personalidade de nossos filhos, impedimo-os de aprenderem o equilíbrio. A alegria demasiada, pode trazer muitos danos. Assim como também qualquer um destes sentimentos se reinarem absolutamente serão prejudiciais. Precisamos aprender a conviver com o gosto agridoce da vida. Cada um destes sentimentos trabalhados no desenho tem sua importância. Destaco o momento em que o medo foi fundamental, pois ela estava correndo e iria tropeçar num fio elétrico. Foi este sentimento que a ajudou, fazendo com que fosse mais cuidadosa (Freud já dizia isso). A Nojinho tinha sua importância pois ajudava-a a não se envenenar. Claro que o excesso de nojo faz muito mal. A Raiva também tem sua importância.

Como afirmei no início deste pequeno texto, meu olhar é de PAIstor e PAIfessor. Deste desenho lindo e comovente tiro lições para o meu papel de pai, que quer pastorear sua filha, bem como também educá-la para a vida. Sugiro que você assista com seus filhos e netos. Haverá momentos em que eles não entenderão algumas piadas, mas no momento oportuno você poderá utilizá-las para ensinar algo, explicando-lhe melhor. Num momento tão agradável de entretenimento, podemos aprender importantes lições de vida. Há momentos em que precisamos RECREAR para poder RECRIAR. 
Vamos reinventar nossas atitudes?
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