sábado, 28 de fevereiro de 2015

Igreja Metodista e a formação pastoral - Expositor Cristão.

Estou envolvido com o processo de formação teológica para o ministério pastoral da Igreja Metodista desde 1998, hora como professor e hora como Comissão Ministerial Regional, num momento como responsável pelo Programa de Orientação Vocacional e no outro como membro do Conselho Diretor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, em certas ocasiões como pastor da igreja que envia para a formação teológica e em outras como Superintendente Distrital que avalia os/as candidatos/as enviados por outras igrejas. Tive oportunidade de fazer parte da comissão nacional que corrige as provas do exame da Ordem Presbiteral. Tendo passado por estas várias instâncias de formação e acompanhamento de clérigos e clérigas metodistas, posso afirmar que nossa igreja anseia por um corpo pastoral bem qualificado, espiritual e intelectualmente.

Compartilho um breve artigo que escrevi para o Expositor Cristão deste mês, intitulado "Igreja Metodista e a Formação Pastoral". Agradeço ao editor, Pr. Marcelo Ramiro, pelo desafio e apoio. O tema central deste número é Ministério pastoral: vocação e cuidado. Desejo a todos uma boa leitura.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Proposta de uma nova dieta - veja o que pode mudar até a páscoa deste ano


Dentre os vários desafios para o período da QUARESMA temos o de orar e jejuar preparando-nos para a celebração da Páscoa. Os corações precisam estar quebrantados para a experiência da ressurreição de Cristo. Assim como nos preparamos para participar da festas as quais somos convidados, devemos nos preparar integralmente (corpo, mente e coração) para a celebração desta que é a maior festa do cristianismo.

Sei que o tema jejum nem sempre é bem compreendido. Em momento oportuno aprofundarei o tema. Por hora quero apenas compartilhar um texto que recebi a algum tempo atrás e que me foi apresentado como de autor desconhecido. Baseado no texto bíblico de Isaías 58.6-8, nos propõem uma nova possibilidade de jejum para este período. 

“O jejum que eu prefiro, acaso não é este: desatar os laços provenientes da maldade, desamarrar as correias do jugo, dar liberdade aos que estavam curvados, em suma, que despedaceis todos os jugos? Não é partilhar o teu pão com o faminto? E ainda: os pobres sem abrigo, tu os albergarás; se vires alguém nu, cobri-lo-ás; diante daquele que é a tua própria carne, não te recusarás. Então tua luz despontará como a aurora, e o teu restabelecimento se realizará bem depressa.”

DICAS PARA O JEJUM DESTA QUARESMA
 
Faça jejum de irritação. E pronuncie palavras bondosas. 
Faça jejum de aborrecimento. E transborde de gratidão. 
Faça jejum de amargura. E alimente-se de mansidão e paciência. 
Faça jejum de pessimismo. E respire esperança e otimismo.
Faça jejum de preocupações. E confie em Deus. 
Faça jejum de queixumes. E alegre-se com as coisas simples da vida. 
Faça jejum das pressões. E ore. 
Faça jejum de julgamentos. E descubra que Jesus vive nas outras pessoas. 
Faça jejum de tristeza. Deixe seu coração mergulhar em alegria. 
Faça jejum de egoísmo. Use de compaixão para com as pessoas. 
Faça jejum de vingança. E exercite a reconciliação. 
Faça jejum de palavras. No silêncio, procure ouvir e compreender.


VAMOS NOS EMPENHAR NESTA NOVA DIETA?

Vamos jejuar de mais coisas que somente a comida?


Vamos incrementar o jejum na QUARESMA deste ano?

DESERTO: espaço/tempo de provação, milagres e escolhas

Nos últimos dias tenho escrito sobre a QUARESMA e sua significância no Calendário Litúrgico. De forma específica no post de ontem compartilhei sobre a oportunidade de aproveitarmos este tempo para reflexão, arrependimento e conserto.

Eu já havia escrito um texto que esperava publicá-lo logo após o almoço, quando uma necessidade familiar modificou meu calendário pessoal. Minha tarde foi completamente diferente do que eu imaginava. Mas, como afirmava John Wesley, "o melhor de tudo é que Deus está conosco". Existem momentos na vida que só a graça pode nos sustentar.

Há um ditado popular, que apesar de ter uma conotação do catolicismo popular, parece representar certos momentos na vida da gente: "Quanto mais reza, mais assombração aparece". De fato há momentos que a busca por Deus e sua vontade nos coloca diante de certas lutas e tribulações que não conseguimos entender. Nossa mente, calcada no raciocínio lógico e na explicação científica de todas as coisas, fica tremendamente perturbada. Como nos afirma o cântico: "Há momentos em que as palavras não resolvem".

Lembrei-me então de que a quaresma também é simbolizada pelo deserto. Lembrei-me, também, que este na teologia de Israel apesar de significar o local de "prova" e "tentação" também é considerado o lugar de encontro com Deus. Foi no deserto que o povo de Israel experimentou o cuidado do SENHOR através de vários milagres. Foi lá, também, que venceram a tentação de abandonar os desígnios  divinos. Quando olhamos para a experiência de Jesus no deserto antes de assumir seu ministério publicamente, vemos que ao ser confrontado com a tentação de abandonar o projeto do Pai para assumir outros caminhos, ele teve o discernimento de manter-se fiel ao seu envio.

Dentre os vários significados do deserto apresentados pela Bíblia, destaco o de ser um espaço/tempo de escolhas. Somos chamados a escolher se nos comprometemos com o projeto divino ou o projeto do adversário/Satanás/acusador. Assim como Jesus, desejo na autoridade da Palavra, assumir o projeto divino e viver uma vida reta.

Anseio por escolher o caminho certo nas encruzilhadas do deserto da vida. Convido você a também assumir o projeto de Deus diante das tentações que nos são impostas dia após dia. Que Deus nos ajude.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

TEMPO de reflexão, arrependimento e conserto.

Na postagem de 14 de fevereiro, partilhei sobre a história do período litúrgico da Quaresma, respondendo à pergunta: Quaresma por causa do carnaval ou carnaval por causa da Quaresma? 

A proposta do texto foi mostrar que por falta de conhecimento ou até mesmo por preconceito ao catolicismo, muitos evangélicos desperdiçam a oportunidade de experienciar este momento litúrgico proporcionado pelo Calendário Cristão.

Como vimos no post citado acima, a proposta de se preparar melhor para a celebração da maior festa do cristianismo, a PÁSCOA, é algo muito antigo e antecede a qualquer divisão entre catolicismo e protestantismo. Isto já era comum entre as comunidades cristãs bem antes da Reforma Protestante.

Uma das marcas deste período litúrgico é o arrependimento (reconhecimento do erro e mudança de atitude).  Somos convidados a arrepender-nos de nossas faltas e pecados, porém, não se esquecendo do que o Senhor ordena - que nossa espiritualidade ultrapasse a mera contemplação e desemboque em atitudes práticas para a promoção da vida. 

A Quaresma, portanto, não é uma experiência de arrependimento superficial, como fazem muitos que apenas se abstêm de alguns alimentos ou não realizam algumas atividades. Este período é sobretudo um momento radical de vivência com o Senhor. À luz das palavras do profeta Miquéias, podemos melhor compreender o sentido deste período. Ele cobrou atitudes práticas do povo, negando a possibilidade dessas atitudes serem apenas ritualísticas.
Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, se não que pratique a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8). 
Vários outros profetas e escritores bíblicos, bem como, o próprio Senhor Jesus Cristo mostrou este caminho. 
Porque vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino do Céus” (Mt 5:20).
Vamos aproveitar este período litúrgico para refletir melhor sobre nossas atitudes. Há uma frase de Oscar Wilde, um escritor e dramaturgo irlandês que se tornou muito famoso em Londres na última década do século XIX, que me chama muito a atenção e provoca uma profunda reflexão.
Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de Caráter” (Oscar Wilde).
É importante refletirmos sobre nossa caminhada cristã, pois nem sempre a "VIDA COMO ELA É", é a "VIDA QUE PARECE SER". Que nossa espiritualidade ultrapasse a mera aparência e apresente nosso caráter regenerado pela graça de Deus. 

Desejo que a frase dita por Luther King seja uma verdade em minha vida. Convido você a buscar isso também. 
"Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas não sou o que era antes" (Martin Luther King).
Desejo-lhe um bom período de reflexão, arrependimento e conserto. Paz!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

UNIDOS NA LEITURA DA PALAVRA - uma breve reflexão sobre o Lecionário Cristão

Reconhecendo que muitos leitores deste blog, bem como alguns telespectadores do meu canal no youtube possam não entender o porque utilizo e cito nas liturgias dos cultos e em meus sermões o Lecionário Comum, aproveito este espaço para de forma pedagógica apresentar-lhes esta importante metodologia de leitura e reflexão da Palavra de Deus.

 O Lecionário é uma lista de textos das Escrituras Sagradas (chamadas lectio – leitura) recomendadas para leitura em um dia em particular. Convencionou-se a utilização de quatro leituras principais, a saber: uma leitura do Antigo Testamento (Bíblia Hebraica), um Salmo, uma leitura das epístolas e uma leitura dos Evangelhos.

A seleção dos textos é feita com o objetivo de possibilitar uma leitura panorâmica da Bíblia, em três anos. Onde a ordem obedece uma seqüência inspirada nos evangelhos, privilegiando, no ano A, o Evangelho de Mateus; no ano B, o de Marcos; no C, o de Lucas; e o Evangelho de João é reservado para  as datas festivas, tais como Natal e Páscoa.


Sua organização leva em conta o Ano Litúrgico. Desde muito cedo na história da igreja, elaborou-se um calendário específico que não simplesmente contasse o tempo de acordo com as estações naturais, mas que baseado nas “estações” da vida de Cristo auxiliasse os cristãos no conhecimento do propósito de Deus para a humanidade.

A vantagem em se ter um plano de leitura da Bíblia na preparação da liturgia e da pregação é que não se omite temas e textos importantes da Palavra de Deus. Quando não se tem um plano de leitura, corre-se o risco do culto e da pregação se tornarem reféns das demandas do cotidiano ou até mesmo do humor daqueles que ministram. Porém, não significa que devamos ignorar as demandas do presente, mas sim, nos negarmos a ser reféns delas. Nossa mensagem é maior.

Cabe, portanto, ao pregador e aos responsáveis pela liturgia a sensibilidade do quando se deve romper com as leituras do Lecionário para responder à necessidades mais emergentes. O equilíbrio e o bom senso podem ser bons companheiros nesta decisão.


Seguir o Calendário Litúrgico, bem como, as propostas de leituras do Lecionário Comum, é manter-se em sincronia e unidade com o resto do Corpo de Cristo espalhado por toda a Terra. Pois os mesmos textos lidos e pregados em nossos cultos dominicais, serão utilizados nos cultos de muitas outras igrejas espalhadas pelo mundo.

Além de utilizar esta metodologia, sou um incentivador para que outros também o façam. Creio piamente que unidos na leitura da Palavra, poderemos nos capacitar melhor para a realização de nossa missão... pregar as BOAS NOVAS. A Faculdade de Teologia da Igreja Metodista publica todos os anos uma agenda, intitulada anuário litúrgico, que apresenta as leituras bíblicas dominicais propostas pelo Lecionário Comum, bem como todas as indicações do Calendário Litúrgico.

Se conseguirmos ler a Bíblia de forma mais comum e conjuntamente, preparando estudos e sermões que possam ser  socializados, poderemos nos afinar mais como cristãos e romper com boa parte de nossos preconceitos e divisionismos. Como pode o Corpo de Cristo estar tão dividido? Uma das possibilidades de iniciar um plano de restauração da unidade é nos propormos a ler a Santa Palavra de forma mais uníssona... o Lecionário é uma possibilidade.

Desejo que unidos na leitura da Palavra nós cresçamos em unidade.  

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CAPACITANDO HOMENS E MULHERES PARA A MISSÃO


O Instituto Educacional Metodista Bispo Scilla Franco (IEMBSF) oferecerá em 2015 dois cursos semi-presenciais no Pólo Regional de São José do Rio Preto: CFE (Curso de Formação de Evangelista) e o CFM (Curso de Formação Missionária).

Estes cursos são reconhecidos pela Igreja Metodista e visam capacitar leigos e leigas para atuarem no estabelecimento e desenvolvimento do trabalho evangelístico e missionário da igreja local. O CFE  tem como objetivo principal capacitar o/a evangelista para ações ministeriais de liderança em pontos missionários e congregações das igrejas locais. Já o CFM procura capacitar o/a vocacionado/a para a "Plantação de Igreja".

Cada curso corresponde a 400 horas/aula e será ministrado no sistema semi-presencial (aulas presenciais e uso da plataforma moddle) - EaD. Estão organizados em dois núcleos: comum e específico.

O Núcleo Comum corresponde a 120h/a e é comum aos dois cursos.

O Núcleo Específico corresponde a 250h/a e é composto de conteúdos que aprofundam, capacitam e apontam desafios para a área específica de cada curso.

Durante todo os cursos o/a aluno/a desenvolve atividades práticas, em forma de Estágio Supervisionado (30h/a), visando fortalecer o princípio da indissossiabilidade da prática e da teoria, da academia e do campo missionário.

Ao final de cada Curso o/a aluno/a receberá um Certificado que o/a habilitará à consagração e envio em nível local ou distrital. Havendo interesse da Região Eclesiástica, a partir de decisão episcopal, o egresso dos cursos podem receber designação na forma da regulamentação do Missionário Designado para a plantação e desenvolvimento de igrejas em área prioritária da Região Eclesiástica.

MÓDULOS, GRADE CURRICULAR E DATAS

Núcleo Comum (CFE & CFM) - 1º Módulo (21 e 22 de fevereiro)
Introdução à Bíblia (Antigo Testamento)
Introdução à Bíblia (Novo Testamento)
Métodos de Estudo da Bíblia
Fundamentos Bíblicos e Teológicos da Missão
Teologia Wesleyana e Doc. Metodistas
História do Metodismo
Liderança e Missão
Estágio Supervisionado

CFE - 2º Módulo (13 e 14 de junho)
Discipulado I
Estratégias para o crescimento da igreja
Educação Cristã I
Educação Cristã II
Pregação – preparação e apresentação do sermão I
Pregação – preparação e apresentação do sermão II
Estágio Supervisionado

CFE - 3º Módulo (29 e 30 de agosto)
Culto e Liturgia I
Culto e Liturgia II
Organização e Missão da Igreja Local
Ações Pastorais – visitação, aconselhamento e acolhimento
Plano de Ação do/a Evangelista
Espiritualidade do/a Evangelista
Estágio Supervisionado

CFM - 2º Módulo (20 e 21 de junho)
Missiologia Wesleyana em Perspectiva Histórica
Missões Urbanas
História das Missões
Antropologia Cultural
Gestão de Projeto
Análise de Conjuntura - Contextualização
Estágio Supervisionado

CFM - 3º Módulo (12 e 13 de setembro)
Discipulado
Plano de Ação do/a Missionário/a
Metodologia de Plantação de Igreja
Espiritualidade do/a Missionário/a
Evangelização – Estratégias, sugestões e partilha
Vivência e Partilha - Experiência em Barretos
Estágio Supervisionado

INVESTIMENTO
Cada Curso tem o custo de R$ 600,00 (seiscentos reais), mais a taxa de hospedagem e alimentação no valor de R$ 300,00 (trezentos reais),  totalizando um investimento de R$ 900,00 (novecentos reais) por aluno/a, a ser pago em três parcelas de R$ 300,00 (trezentos reais) a saber, uma parcela a cada um dos três encontros. Cada Módulo, portanto, custará R$ 300,00 (trezentos reais).

INSCRIÇÕES (a partir de 20 de janeiro)
Secretaria do Instituto
Fones: (19) 3212 0545 - (19) 9 9993 3735
E-mail: institutoscillafranco@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/iembisposcilla.franco
Site: http://www.institutobisposcillafranco.org.br/

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Quaresma por causa do Carnaval ou Carnaval por causa da Quaresma? Vamos refletir?


Estamos iniciando o período do  CARNAVAL - festa popular com grande repercussão nacional e internacional, onde muitas pessoas liberam suas libidos de forma exagerada. Nestes poucos dias que precedem à quarta-feira (de cinzas), procuram viver intensamente um momento de alegria. Na mentalidade de alguns está claro que podem "liberar geral", pois, depois pediram perdão e poderão se redimir através de atos de "flagelo".


Diante desta mentalidade, muitos não conhecendo a história, acreditam que o TEMPO DA QUARESMA foi inventado para que as pessoas se redimissem de suas falhas e exageros no tempo do carnaval. Isto não é verdade. Por outro lado, nós evangélicos/protestantes/crentes (seja qual for a nomenclatura que você utilize) por falta de conhecimento e até mesmo por preconceito ao catolicismo, perdemos a oportunidade de experimentar com maior profundidade este momento litúrgico impar proporcionado pelo Calendário Cristão.

Vejamos um pouco da história.

A proposta de se preparar melhor para a celebração da maior festa do cristianismo, a PÁSCOA, é algo muito antigo, que antecede a qualquer divisão entre catolicismo e protestantismo. Isto já era comum entre as comunidades cristãs primitivas, que realizavam uma reunião no primeiro dia de cada semana (domingo – Dia do Senhor) para se celebrar a memória de Jesus Cristo (Santa Ceia). Devemos nos lembrar que o Culto Cristão nasceu em torno dessa “Páscoa Semanal”.

Por volta do século II, influenciados pelo judaísmo, os cristãos passaram a celebrar a Páscoa anualmente. No século III iniciou-se a tradição de se reviver a última semana de Jesus (Semana Santa), antes de se celebrar a Páscoa. Mas foi no século IV, que a igreja elaborou um período mais longo de preparação para esta festa (Páscoa). Inspirados no valor simbólico do número quarenta (40 anos no deserto, 40 dias de Moisés no Monte Sinai, 40 dias das andanças de Elias até a montanha de Deus, 40 dias que Jesus jejuou no deserto), a igreja assumiu os quarenta dias que precedem a Semana Santa como um momento especial de preparação. Momento oportuno para reflexão, confissão e jejum.

Infelizmente, a partir do século XI, surgiram algumas festas nos dias que antecediam à quarta-feira de cinzas com o intuito de promover os prazeres da carne, já que passariam por um período longo de jejum e abstinências se preparando para páscoa. Daí, a palavra "carnaval", sendo que "carnis" do grego carne e "valles" prazeres.

É importante se destacar que não foi a quarta-feira de cinzas ou a quaresma que surgiram por causa do carnaval, mas sim o carnaval que surgiu como um desvio da proposta litúrgica do povo de Deus. Os quarenta dias de preparação (QUARESMA) ainda que seja um tempo de introspecção, não deve ser transformado num período de contemplação alienante. Deve-se tomar cuidado também para, também, não transformar este momento numa experiência de arrependimento superficial, como fazem muitos que apenas não comem carne ou não cortam o cabelo. Este deve ser, sobretudo, um período radical de vivência com o Senhor.

À luz das palavras do profeta Miquéias, podemos melhor compreender o sentido do período Quaresmal. Miquéias fala ao povo em tom de restauração da aliança. Ele cobra atitudes práticas do povo e nega a possibilidade dessas atitudes serem apenas ritualísticas. O que Deus quer do Seu povo são atitudes de vida. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, se não que pratique a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6:8).

A Quaresma é o período, no calendário cristão, em que o Povo de Deus busca arrepender-se de suas faltas e pecados, porém não se esquecendo do que o Senhor nos ordena - que nossa espiritualidade ultrapasse a mera contemplação e desemboque em atitudes práticas para a promoção da vida. Vários outros profetas e escritores bíblicos, bem como, o próprio Senhor Jesus Cristo mostrou este caminho. “Porque vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino do Céus” (Mt 5:20).

Assim como nos preparamos para uma grande festa de aniversário ou casamento, somos convidados nestes 40 dias que antecedem a Semana Santa a nos prepararmos física, emocional e espiritualmente para celebrar a ressurreição de nosso Senhor. A Quaresma não é uma propriedade do catolicismo, mas sim de todos os cristãos que afinados à tradição dos primeiros séculos, superam todo o preconceito para orar, jejuar e se preparar para a PÁSCOA. Nossa Quaresma não é porque pecamos festejando o CARNAVAL (prazeres da carne), mas sim, porque reconhecemos nossas limitações e mazelas e queremos nos santificar em Cristo Jesus, aquele que ressurgiu dos mortos.

Escrevo estas palavras com carinho pastoral, sem desejo de polêmicas.


No amor de Cristo
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