segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SERMÃO: O PODER PERTENCE A DEUS, NÓS SOMOS INSTRUMENTOS EM SUAS MÃOS (06.02.2011 - Culto Vespertino - Catedral Metodista de Piracicaba)

O Poder pertence a Deus, nós somos instrumentos em suas mãos

Segundo o Calendário Litúrgico, hoje é o 5º Domingo após a Epifania. Dentre as leituras bíblicas, propostas pelo Lecionário Comum encontra-se a de 1ª Coríntios 2,1-5. Este texto é a continuidade do texto que eu preguei na semana passada, que foi o de 1Coríntios 1,10-31.

Na semana Passada, vimos que mesmo mudando-se de Corinto, Paulo continuou em contato com a igreja que ele havia fundado. Mesmo de longe, ele continuava a acompanhar a vida da comunidade e se inteirava regularmente das dificuldades e problemas que os seus filhos na fé estavam enfrentando.

Quando escreveu a primeira carta aos Coríntios, Ele estava preso na cidade de Éfeso. Havia chegado algumas notícias da igreja de Corinto, que o deixou alarmado. Haviam se formado alguns partidos dentro da igreja. Parecia estar se reproduzindo na igreja o mesmo que acontecia na sociedade. Ou seja, discípulos seguindo seus mestres.

Neste sentido, o cristianismo se tornava mais uma escola de sabedoria, na qual era possível optar por mestres distintos. Essa situação preocupou em muito o apóstolo Paulo: além dos conflitos e rivalidades que a divisão provocava, estava em jogo a essência da fé. O cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria, cuja validade dependia do poder de persuasão de seus mestres. Paulo ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em xeque o essencial da fé.

Ele vai se esforçar para demonstrar aos coríntios que entre os cristãos não...
há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria. Aliás, Cristo não foi um mestre que se distinguiu pela elegância das suas palavras, pela sua oratória ou pela lógica do seu discurso filosófico. Ele foi o Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens e lhes ofereceu a salvação, não pela lógica do poder ou pela elegância das palavras, mas através do dom da vida. Ele se doou por amor.

O objetivo cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo que por amor morreu na cruz do calvário. Por isso que na semana passada eu havia intitulado o sermão de : “Seguir a Cristo: o crucificado”. Vimos então, que é em Cristo que se manifesta a força salvadora de Deus. É nisso, e não em qualquer outra coisa, que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria.

Para Paulo, o ser cristão não era a escolha de uma determinada filosofia de vida, que dependesse do discurso brilhante de um mestre. Para ele era a adesão a Jesus Cristo, o único e verdadeiro mestre. Os coríntios são, portanto, exortados a não fixar a sua atenção em mestres humanos. São chamados sim a redescobrir Cristo, morto na cruz para dar vida a todos, como a essência da sua fé e do seu compromisso.

Mas Paulo reconhece que é difícil – do ponto de vista do raciocínio humano – acreditar que um mero galileu, condenado a morte de cruz (que era um “escândalo para os judeus e loucura para os gentios”) seja o responsável pela salvação da humanidade.

É por isso que ele vai dizer: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”. (1 Cor 1,25).

Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o caso da própria igreja de Corinto: entre eles não abundavam os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem os aristocratas; ao contrário, a maioria de seus membros eram escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus os escolheu.

Enquanto os homens escolhem os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados intelectualmente, os que provêm de boas famílias, para executarem seus projetos, Deus escolhe os pobres, os débeis, os fracos deste mundo para realizar Seu projeto divino.

Os coríntios são convidados a não colocar a sua esperança e a sua segurança em pessoas (por mais brilhantes e cheias de qualidades humanas que elas sejam). São convidados sim, a colocar a sua esperança e segurança em Jesus Cristo, que deu sua vida na cruz do Calvário por amor: é na “loucura da cruz” que se manifesta a “sabedoria de Deus”...

E é essa sabedoria que deve atrair o olhar e o coração dos coríntios. O texto que vamos estudar hoje é a continuação destas afirmações do Apóstolo Paulo. Portanto, convido-os a leitura do texto bíblico que se encontra em 1 Co 2,1-5.

Vejamos o que nos diz o texto sagrado:



TEXTO: 1 Co 2,1-5

1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria.

2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.

3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.

4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,

5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.

CONTEXTO

Como vimos, um dos grandes problemas que a comunidade cristã de Corinto enfrentava era a propensão em buscar uma sabedoria puramente humana, que os levava a apostar em pessoas (Pedro, Apolo, Paulo), em mestres humanos capazes de trazer-lhes a verdadeira realização. Isto fazia com que acabassem se esquecendo de Cristo.

É neste contexto, que Paulo recorda que a “sabedoria humana” não salva nem realiza plenamente o homem. A realização plena do homem está em Jesus Cristo e na “loucura da cruz”.

Como é que a salvação e a realização plena do homem podem se manifestar nesse fato paradoxal: Um Deus cheio de poder, que se torna frágil e morre numa cruz como um bandido.

Para que as coisas se tornem mais claras, Paulo apresenta dois exemplos.

O primeiro estudamos na semana passada, quando Paulo se refere à comunidade de Corinto. Apesar da pobreza, debilidade e fragilidade dos membros da igreja, Deus os havia chamado a serem testemunhas da sua salvação no mundo.

O segundo é o texto que fizemos a leitura agora mesmo. Nele vemos Paulo apresentar seu próprio ministério com humildade.

MENSAGEM

Paulo se apresenta numa dupla condição: 1) evangelizador e 2) homem.

Como evangelizador, versículos 1 e 2, Paulo não se apresenta com palavras grandiosas, com discursos sublimes, com filosofias elaboradas e coerentes. Mas se apresenta simplicidade. Ele deseja anunciar esse paradoxo de um Deus fraco, que morreu numa cruz rejeitado por todos. Apesar de tudo, em Corinto nasceu uma comunidade cristã cheia de força e de fé.

Como homem, versículos 3 a 5, ele vai se apresentar consciente da sua fraqueza, assustado e cheio de temor.

Não foi, portanto, pela sedução da sua personalidade arrebatadora, pelas suas “brilhantes” qualidade do pregador, nem pelo brilho e coerência da sua exposição que os coríntios se sentiram atraídos por Jesus e pelo Evangelho.

Qual foi, então, a razão pela qual os coríntios aderiram à proposta de Jesus, apresentada humildemente por Paulo?

Esta questão é fácil de responder. Pois o próprio versículo 5 vai afirmar que é o poder de Deus.

O Espírito de Deus é quem está sempre presente e age no coração dos crentes, de forma a que eles não se convertam a filosofias humanas, mas se deixem tocar pela sabedoria de Deus.

APLICAÇÃO PASTORAL

Paremos um pouquinho para refletir sobre este texto, e retirar dele algumas lições:

Após quase dois mil anos de Evangelho, a nossa civilização “cristã” ainda age como se a salvação do mundo e dos homens estivesse no poder das armas, na estabilidade da economia, no desenvolvimento sustentado, no controle do buraco do ozônio, na estabilidade de emprego, na paz social, na eliminação do terrorismo, na defesa da floresta amazônica, etc... Mas Paulo afirma que a salvação está na “loucura da cruz” e que a vida em plenitude está no amor que se dá completamente.

Quem tem razão: os nossos teóricos, formados pelas grandes universidades internacionais, ou o judeu Paulo, formado na universidade de Jesus?

Enquanto preparava este sermão, me veio a mente uma outra afirmação do apóstolo Paulo: “Quando sou fraco, aí é que sou forte porque a Tua força se aperfeiçoa em minha fraqueza”.

Lembrei-me também, das palavras do Senhor a Paulo: “A minha graça te basta”.

Como anunciadores do Evangelho devemos sempre recordar que a eficácia da Palavra que anunciamos não depende de nós, e que o êxito da nossa missão não depende de nossa capacidade humana.

Somos todos instrumentos nas mãos de Deus. É Ele que por misericórdia concretiza o seu projeto de salvação do mundo através de nós.

Para além do nosso esforço, da nossa entrega, da nossa dedicação, das nossas técnicas, está o Espírito de Deus que nos capacita e torna eficaz a Palavra que anunciamos.

Que hoje, ao celebrarmos a Santa Ceia, possamos declarar com humildade que somos parte do Corpo de Cristo, e que os méritos de tudo que somos e fazemos é do Senhor.

Somos apenas instrumentos para a Sua glória.

Amém e Amém!!!
























































































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