segunda-feira, 11 de novembro de 2013

SERMÃO: Mesmo no deserto Deus não nos abandona (Ex 17:1-7)

TEXTO: Ex 17,1-7
1 Tendo partido toda a congregação dos filhos de Israel do deserto de Sim, fazendo suas paradas, segundo o mandamento do SENHOR, acamparam-se em Refidim; e não havia ali água para o povo beber.

2 Contendeu, pois, o povo com Moisés e disse: Dá-nos água para beber. espondeu-lhes Moisés: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao SENHOR?

3 Tendo aí o povo sede de água, murmurou contra Moisés e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós, a nossos filhos e aos nossos rebanhos?

4 Então, clamou Moisés ao SENHOR: Que farei a este povo? Só lhe resta apedrejar-me.

5 Respondeu o SENHOR a Moisés: Passa adiante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel, leva contigo em mão o bordão com que feriste o rio e vai.


6 Eis que estarei ali diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença dos anciãos de Israel.

7 E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós ou não?


CONTEXTO

Vamos entender um pouquinho o contexto.

Nosso texto faz parte de um bloco maior de textos cujo, os estudiosos chamam de “Tradições sobre a libertação”. Temos um outro bloco que são das tradições dos Patriarcas... e outros.

Na realidade trata-se de um conjunto de relatos sobre a libertação, que originalmente eram independentes uns dos outros, mas que num determinado momento da história, foram ajuntados pelo escritor bíblico.


O nosso texto, faz parte desse bloco de tradições que narram a libertação dos hebreus do Egito e a caminhada pelo deserto até o Monte Sinai.

A questão fundamental, apresentada no texto que fizemos a leitura, é a sobrevivência no deserto do Sinai. Israel viu nesse fato um sinal da presença e do amor do Deus libertador. Do Deus que vem ao seu encontro e lhe dá a água que gera vida no momento do deserto escaldante.

O objetivo do texto é fortalecer a fé de Israel lembrando-lhe que no passado Deus interviera em sua história e o sustentara nos momentos mais críticos. A providência da água no deserto do Sinai fora uma delas.

É importante ressaltar que o objetivo do escritor que reuniu todas estas tradições sobre a libertação, não era o de descrever jornalisticamente o que aconteceu na caminhada pelo deserto.

O que ele desejava, na realidade, era que o Povo de Israel aprendesse um pouco mais sobre a ação de Deus em sua história e compreendesse que o Seu Deus nunca os abandonou e que jamais os abandonaria.

MENSAGEM

Desde que o Povo fugiu do Egito, até chegar a este lugar, chamado pelo autor, de Massa/Meribá, Deus manifestou, de várias formas, o seu amor por Israel:

  • No episódio da passagem do mar (cf. Ex 14,15-31)...
  • No episódio da água amarga transformada em água doce (cf. Ex 15,22-27)...
  • No episódio do maná e das codornizes (cf. Ex 16,1-20)...


Em todos eles, Deus mostrou o seu empenho em conduzir o seu Povo para a liberdade e em transformar a experiência de morte numa experiência de vida.

Deus mostrou, sem margem de dúvidas, que sempre esteve empenhado na salvação do seu Povo.

Depois dessas experiências, Israel não deveria ter qualquer dúvida sobre a ação salvadora de Deus e sobre o seu projeto de libertação.

Mas, porém, contudo, entretanto... não foi isso que aconteceu.

Diante das dificuldades da caminhada, o Povo esqueceu tudo o que o Senhor havia feito, e manifestaram dúvidas com respeito aos objetivos de Deus.

A falta de confiança em Deus (“o Senhor está ou não no meio de nós?” - vers. 7) conduz ao desespero e à revolta.

O Povo entra em contenda com Moisés.

A palavra “meribá” vem de uma raiz (“rib”) que significa: “entrar em contenda”.

A palavra “massá” vem de uma raíz (“nsh”) que significa: “tentar”, no sentido de “provocar”.

O local onde tudo isso aconteceu ficou conhecido por estes nomes, porque ali o povo acusou Deus de ter um projeto de morte, apesar de Ele, tantas vezes, ter demonstrado que o seu projeto era de vida e vida plena.

Mesmo, depois de tantas provas, Israel ainda não havia experimentado uma verdadeira experiência de fé: não havia aprendido a confiar em Deus e a se entregar em Suas mãos.

Como é então que o Senhor vai reagir à ingratidão e à falta de confiança do seu Povo?
Ele reage com “paciência divina”. Ele responde mais uma vez às necessidades do seu Povo, oferecendo a água que dá vida.

À pergunta do Povo: “o Senhor está ou não no meio de nós?”, Deus se manifesta no meio deles, e lhes concede bênçãos.

Assim, o povo deve aprender que o Senhor é Deus, e está sempre presente na caminhada do seu Povo lhe oferecendo vida e salvação.

APLICAÇÃO PASTORAL

Vejamos algumas lições que podemos aprender através desse pequenino trecho da Palavra de Deus:

Todos nós experimentamos diariamente o cuidado e proteção de Deus. No entanto, há momentos na travessia do “deserto da vida”, que experimentamos lutas, sofrimentos e desencantos, que nos fazem duvidar da bondade, do cuidado, do amor e da companhia desse Deus Maravilhoso.

No entanto, este texto bíblico, nos garante que Deus nunca abandona o seu Povo.

Ele está ao nosso lado em toda e qualquer situação. Seja na Terra Prometida, usufruindo o leite e o mel, ou no Deserto, experimentando o Sol escaldante das lutas diárias.

Em todos os momentos, Deus está conosco e nos oferece, gratuitamente, a água que mata a nossa sede.

Como nos afirma Agostinho, em uma de suas orações: “Tu nos criastes para Ti, e nossa alma não encontra Paz enquanto não descansar em Ti”.

Somente Deus pode nos dessedentar da sede de Vida.

Ele sempre esteve, está e estará disposto a realizar um milagre para que nós possamos sobreviver no deserto do dia a dia.

Seu desejo é que tenhamos vida, e vida em abundância.

Entoemos o hino 347: Não desanimes, Deus proverá.

Rev. Paulo Dias Nogueira

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