sábado, 16 de novembro de 2013

FILME: A vida é bela (La vita è bela) – refletindo sobre resiliência


Neste feriado, 15 de novembro de 2013 - Dia da proclamação da Republica no Brasil, dentre outras coisas assisti, mais uma vez, o filme “La vita è bela” (A Vida É Bela). Esta é uma comédia dramática, de 1997 dirigida e protagonizada por Roberto Benigni. Não assisti por um acaso. Não foi por estar passeando pelos canais da TV à cabo. Eu coloquei o DVD que tenho em casa. Eu me propus a assisti-lo porque gostaria de relembrar a forma fantasiosa e fantástica que o protagonista principal (Guido Orefice) comunicava a seu filho (Giosuè Orefice) as situações difíceis do Campo de Concentração.

A primeira parte da história acontece na cidade de Toscânia, na Itália. Guido chega à cidade para encontrar seu tio e então começam a acontecer as coisas mais hilárias com ele e com as pessoas à sua volta. A primeira delas é quando Dora (Nicoletta Braschi) cai do primeiro andar do celeiro bem em cima dele. Ele nem imaginava que se tornaria o seu grande amor. A frase dita naquele momento e que torna-se emblemática no filme é Buongiorno principessa (Bom dia princesa)!
Depois disso muitos outros episódios mostram a forma embaraçosa e divertida que os dois se encontravam, até que ela aceitou o pedido de namoro dele. Logo após já aparece os dois casados e com um filhinho. A história teria de tudo para terminar por aí e com a frase “viveram felizes para sempre”. Porém, o enredo da história foi mudada, assim como em nossa vida algumas coisas nos forçam a mudar de rota.

Como a história acontece em plena 2ª Guerra mundial, Guido que era filho de judeus foi levado para um campo de concentração nazista, juntamente com seu tio e filho. Sua esposa ao saber disso, foi até o general responsável e pediu para ir com eles, mesmo não sendo uma judia. Lá no campo homens e mulheres não tinham contato, portanto, eles nunca se encontraram.
Mas a beleza do filme e o que mais me encanta é ver a forma criativa e divertida com que Guido apresenta a seu filho este momento de grande adversidade. Ele faz seu filho acreditar que eles estavam participando de uma grande gincana e que cada brincadeira vencida as pessoas ganhavam pontos. Quem ajuntasse mil pontos primeiro ganharia o prêmio: um tanque de guerra de verdade. Mesmo diante da situação difícil e das dúvidas de Giosué, Guido não desiste de animá-lo e protege-lo das dores e sofrimentos daquele lugar horrível.

A atuação de Roberto Benigni é surpreendente e magistral, tanto como diretor quanto como ator. O que me encanta em seu papel é a capacidade de criar alternativas de alívio e superação diante das adversidades. Há algum tempo atrás tive a oportunidade de escrever um artigo a quatro mãos com meu amigo e companheiro de ministério pastoral, Rev. Márcio Divino de Oliveira, sobre resiliência.
Este termo vem da física e corresponde a capacidade de um material sofrer tensão e depois se recuperar ao estado normal. Nas ciências humanas o termo tem sido utilizado como a capacidade do ser humano de superar experiências adversas. Mais do que simplesmente significar a capacidade de superação dessas experiências, o termo abrange todo o processo de enfrentamento, vitória, fortalecimento e transformação diante da adversidade.

Em nosso artigo defendemos a ideia de que a fé cristã, como portadora de horizontes de sentido existencial e últimos, pode despertar resiliência nas pessoas que estejam passando por sofrimento, provendo-lhes esperança realista frente aos dramas que as atingem.


Quando reflito sobre a história de Guido e sua família, vejo que o seu olhar é quem mudava as realidades e permitia uma experiência de resiliência. Nossa forma de olhar para as coisas pode definir a força das mesmas sobre nós. Para um pessimista a pressão será diferente da de um otimista. As lentes que usamos para olhar para a vida e suas adversidades definem nossa capacidade de reação e recuperação (resiliência).
A fé, calcada na esperança de que Deus está conosco e nos auxilia nos tempos difíceis, deve ser os óculos que o cristão usa nos tempos de adversidades. A fé cristã é um importante instrumento de resiliência para os tempos difíceis. Em minha reflexão pessoal coloco o Guido como um paradigma a ser seguido. A diferença é que no caso dele sua própria estrutura psíquica lhe ajudava nisso, mas para nós cristãos que tenhamos uma estrutura diferente, a experiência da fé nos ajuda na superação. Nos torna pessoas mais resilientes.

Gosto muito deste filme e o indico para você. Ele marcou muito minha vida pois a primeira vez que o assisti eu estava na UTI de um hospital com pneumonia intersticial por H1N1 (Gripe Suína). Este filme, indicado e emprestado pelo diretor clínico da UTI, me ajudou a olhar para a situação que estava vivendo naquele lugar por um prisma diferente. Desde então, me exercito na tarefa de agir com criatividade e fé nos momentos difíceis da caminhada. Assistir ao filme é um momento prazeroso de reavivar esta ideia em minha mente.

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