terça-feira, 5 de abril de 2011

DIA DO PASTOR E DA PASTORA METODISTA - 2ª Homenagem - Texto de John Wesley (Carta ao Clero Anglicano - 1756)

Aproveitando que no próximo domingo a Igreja Metodista celebra o Dia do Pastor e da Pastora, dedico esta semana no Blog alguns textos sobre o Ministério Pastoral. Hoje, compartilho uma Carta de John Wesley, fundador do Metodismo, endereçada ao clero anglicano de sua época. A carta foi subscritada no dia 06 de fevereiro de 1756. Vale à pena investir tempo refletindo sobre os apontamentos feitos nesta carta. O texto abaixo é uma tradução da irmã Izilda Bella.


John Wesley

PARA LER A CARTA CLIQUE ABAIXO



DISCURSO AO CLERO

Londres, 06 Fevereiro de 1756

Irmãos e Anciãos.

Que não seja imputado à precipitação, vaidade ou presunção, que alguém que é de pouca estima na Igreja, tome para si, endereçar-se ao corpo de pessoas; a muitas das quais, ele deve a mais elevada reverência. Eu devo ainda um maior respeito Àquele que, eu acredito, requer isto de minhas mãos; ao grande Bispo das almas; diante de quem, tanto você quanto eu devemos brevemente dar um relato de nossa mordomia. É um débito, devido ao amor, à verdadeira e desinteressada afeição, declarar o que há muito tem sido o fardo de minha alma. E possa o Deus do amor capacitá-lo a ler essas linhas, no mesmo espírito em que elas foram escritas! Facilmente parecerá a um leitor sem preconceito, que eu não falo de um espírito de ira ou ressentimento. Eu conheço bem, "a ira do homem não operada da retidão de Deus". Muito menos, eu expressaria uma palavra de desprezo; um espírito justamente abominado por Deus e homem. Nenhum desses podem consistir com aquele amor, sincero e terno, motivo de meu presente empreendimento. Neste espírito, eu desejo lançar meu pão nas águas; é suficiente que eu possa encontrá-lo novamente depois de muitos dias.

Entretanto, você está consciente de que o amor não proíbe, antes, requer clareza de discurso. Isto sempre não o constrangeu, assim como a mim, a colocar de lado, não apenas a dissimulação, mas a reserva também, e "pela manifestação da verdade, recomendar a nós mesmos a toda consciência do homem aos olhos de Deus?". E, enquanto eu me esforço para fazer isto, deixe-me sinceramente pedir a você, pelo amor de Deus; pelo amor de nossa própria alma; pelo amor das almas colocadas, sob sua responsabilidade; sim, e de toda a Igreja de Cristo, a não inclinar sua mente, ao pensar em quem fala; mas imparcialmente considerar o que é falado. E, se for falso ou tolo, rejeitar; mas não rejeitar "as palavras da verdade e juízo".

Meu primeiro objetivo foi oferecer alguns poucos pensamentos claros ao Clero de nossa própria Igreja apenas. Mas, depois de refletir um pouco mais, eu não vejo motivo para ser tão "restrito em meus próprios sentimentos". Eu sou um devedor a todos; e, portanto, embora eu primeiro fale àqueles com os quais eu estou mais imediatamente ligado, ainda assim, não gostaria que entendessem que eu excluiria alguém, de qualquer denominação, a quem Deus chamou para "vigiar as almas das outras, como se delas tivesse de prestar contas".

Com o objetivo de dar este relato com alegria, não existem duas coisas que mais altamente nos importa considerar? Em Primeiro Lugar: Que tipo de homens, nós devemos ser? Em Segundo Lugar: Nós somos, deste tipo, ou não?

I

Em Primeiro Lugar, se nós devemos "vigiar a Igreja de Deus, que foi comprada com seu próprio sangue", que tipo de homens, devemos ser, nos dons, assim como na graça?

1. Para começar com os dons; e (1) com aqueles que são da natureza, o ministro não deve ter, primeiro, um bom entendimento, uma clara compreensão, um julgamento sadio, e uma capacidade de raciocínio, com algum retraimento? Isto não é necessário, em um grau mais elevado, na obra do ministério? Do contrário, como ele será capaz de entender os vários estados daqueles sob seus cuidados; ou guiá-los, através de milhares de dificuldades e perigos, ao céu, onde eles estariam? Não é necessário, com respeito aos numerosos inimigos, os quais ele deve encontrar? Um tolo pode contender com todos os homens que não conhecem a Deus, e com todos os espíritos da escuridão? Não, ele nem estará desperto quanto às artimanhas de satanás, nem quanto às astúcias de seus filhos.

(2) Não é altamente expediente que um guia de almas tenha igualmente alguma clareza e prontidão de pensamento? Ou como ele será capaz, quando a necessidade requerer, de "responder ao tolo, conforme a sua tolice?". Quão freqüente é isto necessário! Uma vez que, em quase todos os lugares, nós nos encontramos com aquelas criaturas vazias, ainda assim, petulantes, que estão tão "mais sábias aos seus próprios olhos, do que sete homens que podem apresentar uma razão". O raciocínio, portanto, não é a arma a ser usada com eles. Você não pode lidar com eles assim. Eles desprezam, o fato de serem convencidos; nem podem ser silenciados, a não ser em sua própria maneira.

(3) Para um entendimento sadio, e uma mudança de pensamento eficaz, deverá se juntar uma boa memória; se for possível, pronta, para que você possa fazer o que quer que lhe ocorra em sua própria leitura ou conversação; mas, de qualquer modo, retentiva, a fim de que não estejamos "sempre aprendendo, e nunca sendo capaz de chegar ao conhecimento da verdade". Do contrário, "cada escriba instruído junto ao reino dos céus", cada professor adequado para sua obra, "são igualmente um dono de casa que exibe de seus tesouros, coisas novas e velhas".

2. E quanto a adquirir dons, ele pode dar um passo correto, sem primeiro uma competente porção de conhecimento. (1) Conhecimento, do seu próprio ofício; da alta confiança em que ele se situa, da importante obra para a qual ele foi chamado? Existe alguma esperança que um homem possa executar seu ofício bem, se ele não sabe qual é ele? Que ele possa desobrigar-se fielmente de uma confiança, a mesma natureza, que ele não entende? Ao contrário, se ele não conhece a obra que Deus deu a ele para executar, ele não pode terminá-la. (2) Não menos necessário, é o conhecimento das Escrituras, que nos ensina como ensinar os outros; sim, um conhecimento de todas as Escrituras; uma vez que escrituras interpretam escrituras; uma parte fixa o sentido da outra. De maneira que, quer seja verdade ou não, de que cada bom textuário é um bom Clérigo; é certo que não pode ser um bom Clérigo, quem não é um bom textuário. Ninguém mais pode ser poderoso nas Escrituras, tanto capaz de instruir quanto de fechar as bocas dos contraditores.

Com o objetivo de fazer isto corretamente, ele não deve conhecer o significado literal de cada palavra, verso, e capítulo; sem o que, não pode existir um alicerce firme no qual o significado espiritual possa ser construído? Ele não deveria igualmente ser capaz de deduzir os corolários apropriados, especulativos, e práticos, de cada texto; para resolver as dificuldades que surgem, e responder as objeções que se levantam, ou podem se levantar contra ele; e fazer uma aplicação adequada, afinal, às consciências de seus ouvintes?

(3) Mas ele pode fazer isto, da maneira mais efetiva, sem um conhecimento da língua original? Sem isto, ele freqüentemente não está em dúvida, até mesmo, com respeito aos textos que dizem respeito à prática apenas? Mas ele estará sob dificuldades ainda maiores, com relação às escrituras controvertidas. Ele será capaz de livrá-las das mãos de algum homem erudito que poderia pervertê-las: Porque, quando quer que um apelo é feito para o original, sua boca é fechada, imediatamente.

(4) Não é o conhecimento de história profana, igualmente, de costumes antigos, de cronologia e geografia, embora não absolutamente necessária, ainda assim, altamente expediente, para aquele que entenderia as Escrituras totalmente? Uma vez que a falta, até mesmo deste conhecimento é apenas pobremente suprido pela leitura de comentários de outros homens.

(5) Algum conhecimento das ciências também é, para dizer o mínimo, igualmente expediente. Mais do que isto, nós não podemos dizer que o conhecimento de uma (se de arte ou de ciência), embora agora completamente em desuso, é até mesmo necessária junto, e com o objetivo do conhecimento das próprias Escrituras? Eu quero dizer a lógica. Porque o que é isto, se entendida corretamente, a não ser a arte do bom senso? Da apreensão das coisas claramente, julgando verdadeiramente, e raciocinando conclusivamente? O que é ela, vista sob uma outra luz, do que a arte do aprendizado e ensino: quer convencendo ou persuadindo? O que há, então, em todo o compasso da ciência, a ser desejado em comparação a ela?

Alguma familiaridade com o que tem sido denominada de segunda arte da lógica (metafísica); se não tão necessária como esta, ainda assim, é igualmente expediente. (1) Com o objetivo de clarear nossa apreensão, (sem o que é impossível, tanto julgar corretamente, quanto raciocinar atentamente ou conclusivamente), por agrupar idéias sob assuntos gerais? (2) Com o objetivo de entender muitos escritores úteis, que podem muito dificilmente se entendidos sem ela?

Um ministro não pode estar familiarizado também, pelo menos, com os fundamentos gerais da filosofia natural? Esta não é uma grande ajuda para o correto entendimento de diversas passagens das Escrituras? Assistido, através desta, ele mesmo pode compreender, e nas ocasiões apropriadas explicar a outros, como as coisas invisíveis de Deus devem ser vistas, desde a criação do mundo; como "os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento mostra este trabalho manual"; até que clamem alto: "Ó, Senhor, quão múltiplas são tuas obras! Na sabedoria tu as tens feito todas".

Mas quão longe ele pode ir nisto, sem algum conhecimento de geometria? Que é igualmente necessária, não meramente sobre este relato, mas para dar clareza à apreensão, e um hábito de pensamento estrita e coerentemente.

Deve-se admitir, de fato, que alguns desses ramos do conhecimento não são tão indispensavelmente necessários quanto o restante; e, portanto, nenhum homem pensante condenará os patriarcas da Igreja de Cristo, por terem, em todas as épocas e nações, designados alguns para o ministério, que, suponho, eles tinham a capacidade, ainda assim, não tinham a oportunidade de obtê-los. Mas que desculpa é esta para alguém que tem a oportunidade, e não faz uso dela? O que pode ser argumentado para uma pessoa que teve uma educação universitária, se ele não as entende, afinal? Certamente, supondo que ele tenha alguma capacidade de ter entendimento comum, ele está sem desculpas, diante de Deus e homem.

(6) Pode alguém que passou diversos anos nestas cadeiras de aprendizado, serem desculpadas, se elas não acrescentarem a isto as línguas e ciências, o conhecimento dos Patriarcas? Os mais autênticos comentadores das Escrituras, ambos mais perto da fonte, e eminentemente dotados com aquele Espírito, através do qual, as Escrituras foram dadas. Será facilmente percebido, que eu falo principalmente daqueles que escreveram antes do Concílio de Nice. Mas quem não desejaria igualmente ter alguma familiaridade com aqueles as seguiram? Com Crisóstomo, Basil, Jerome, Austin; e, acima de todos, o homem de um coração quebrantado, Ephraim Syrus?

(7) Existe ainda um outro ramo do conhecimento, altamente necessário para um clérigo, ou seja, o conhecimento do mundo: o conhecimento dos homens, de suas máximas, temperamentos e maneiras, tal como eles ocorrerem na vida real. Sem isto, ele estará propenso a receber muito dano, e capaz de fazer pouco bem; uma vez que ele não saberá, quer como lidar com homens de acordo com a vasta variedade de seus caracteres, ou preservar-se daqueles que, em quase em todos os lugares, mentem, na esperança de enganar.

Quão proximamente aliado a isto está o discernimento dos espíritos! Até onde pode ser obtido, pela diligente observação. E pode um guia de almas existir sem ele? Se ele está, ou se ele não está propenso a tropeçar em cada passo?

(8) Ele pode ficar, sem uma eminente porção de prudência? Aquela coisa mais incomum que é usualmente chamada de bom-senso? Mas como deveremos defina-la? Nós devemos dizer, com os Eruditos que se trata de uma "recta ratio rerum agibilium particularium?* Ou que é uma consideração habitual de todas as circunstâncias de uma coisa. "Quis, quid, ubi, quibus auxiliis, cur, quomodo, quando?*, e a facilidade de adaptar nosso comportamento às várias combinações delas? Como quer que seja definido, não deverá ser estudado com todo o cuidado, e buscado com toda a sinceridade de aplicação? Porque, que terríveis inconveniências resultam, quando quer que esteja notavelmente faltando!

(9) Próxima à prudência ou bom-senso (se puder ser incluído nisto), um clérigo deve certamente ter algum grau de boa educação: Eu quero dizer, endereçamento, desembaraço, e propriedade de comportamento, onde quer que sua sorte seja lançada: Talvez, alguém poderia acrescentar: ele teria (embora não a pompa; porque ele é "servo de todos") toda a cortesia de um cavalheiro, juntamente com as correções de um sábio. Nós precisamos de um modelo disto? Nós temos um em Paulo, mesmo diante de Felix, Festos, rei Agripa. Alguém dificilmente ajudaria ao pensar que ele fosse um dos mais bem educados, um dos mais finos cavalheiros no mundo. Ó, que nós igualmente tenhamos a habilidade de "agradar a todos os homens para o bem da edificação deles!".

Com o objetivo disto, especialmente em nossas ministrações públicas, alguém não pediria por uma voz musical, clara, forte, e uma boa entrega, com respeito à pronúncia e ação? Eu citei esses aqui, porque eles são muito mais adquiríveis do que se tem comumente pensado. Uma voz notavelmente fraca e desafinada tem, através de uma aplicação firme, se tornado forte e agradável. Esses que gaguejam, em quase toda palavra, têm aprendido a falar claramente e abertamente. E muitos que foram eminentemente deselegantes em sua pronúncia e inábeis em seus gestos, têm, em algum tempo, pela capacidade e trabalho, não apenas corrigido aquela inaptidão de ação e falta de elegância na elocução, mas têm se tornado excelente em ambas, e, nestes aspectos, igualmente os ornamentos de sua profissão.

O que pode grandemente encorajar aqueles que se entrega ao trabalho, com respeito a todos esses dons, muitos dos quais não podem ser obtidos, sem considerável empenho, é isto: Eles estão seguros de serem assistidos em todos os seus esforços, por Aquele que ensina ao homem o conhecimento. E quem ensina como Ele? Quem, assim como Ele, dá sabedoria ao simples? Quão fácil é isto para Ele, (se desejarmos isto, e acreditarmos que ele é capaz e está disposto a fazer isto) através das influências poderosas, embora secretas, do seu Espírito, para abrir e ampliar nosso entendimento; fortalecer todas as nossas faculdades; trazer à nossa lembrança as coisas que forem necessárias, e fixar e estimular nossa atenção para elas: de maneira que possamos nos beneficiar acima de todos que dependem totalmente de si mesmos, no que quer que possa nos qualificar para a obra de nosso Mestre!

3. Mas todas essas coisas, quão grandes elas possam ser em si mesmas, são pouco em comparação com aquelas que se seguem. Porque o que são todos os outros dons, quer naturais ou adquiridos, quando comparados à graça de Deus? E como estes devem animar e governar toda a intenção, afeição e prática de um Ministro de Cristo!

(1) Quanto à intenção dele, no empreender este importante ofício, e no executar cada parte dele, não deve ser singularmente para isto, para glorificar a Deus, e salvar as almas da morte?Isto não é absoluta e indispensavelmente necessário, antes de tudo e acima de todas as coisas? "Se seus olhos forem puros, todo seu corpo", toda sua alma, toda sua obra, "será cheia de luz". "Deus que ordena que a luz brilhe da escuridão", brilhará em seu coração; o dirigirá em todos os seus caminhos, e fará com que ele veja a angústia de sua alma, e estará satisfeito. Mas se seus olhos, sua intenção não forem puros, se existir alguma mistura de motivos mais desprezíveis (quão muito mais, se aqueles forem ou são seus motivos guias no empreendimento ou exercício deste seu alto ofício!) "todo seu corpo", toda sua alma, "será cheia de trevas", até mesmo tais que saem do abismo sem fim: Que tal homem não pense que ele deve ter alguma bênção do Senhor. Não: a maldição de Deus habita sobre ele. Que ele não espere desfrutar de alguma paz estabelecida, algum conforto verdadeiro em seu próprio peito; nem ele pode esperar que haja algum fruto de seus esforços, alguns pecadores convertidos a Deus.

2. Quanto às suas afeições. "Um mordomo dos mistérios de Deus", um pastor de almas, pelas quais Cristo morreu, não deve ser dotado com uma eminente medida de amor a Deus, e amor a todos os seus irmãos? Um mesmo amor, quanto ao tipo, mas em grau muito além daquele dos cristãos comuns? Ele pode, por outro lado, corresponder ao alto caráter que ele carrega e a relação em que ele se situa? Sem isto, como ele pode seguir, através de todas as labutas e dificuldades que necessariamente atendem a execução fiel de seu ofício? Seria possível para um pai seguir pela da dor e fadiga, conduzir e educar, até mesmo um filho, não fosse por aquela afeição veemente, aquele inexpressível amor paternal, que o Criador tem dado para aquela mesma finalidade? Quanto menos, será possível para algum Pastor, algum pai espiritual, atravessar a dor e luta da "agonia do nascimento", e educar muitos filhos, para a medida da estatura total de Cristo, sem uma larga medida daquela afeição inexprimível que "um estranho não intervém!".

Portanto, deve ser totalmente nulo de entendimento, deve ser um louco do tipo mais grave, aquele que, qualquer que seja a importância, empreenda este ofício, enquanto ele é um estranho a esta afeição. Mais do que isto, eu tenho freqüentemente me admirado que algum homem, em sã consciência, preferivelmente a trabalhar, ou agite-se pelo sustento da vida, do que continue nela, exceto se ele sente, pelo menos (o que é extrema linea amare), tal preocupação sincera pela glória de Deus, e tal sede em busca da salvação de almas, de maneira que ele está pronto a fazer qualquer coisa, a perder qualquer coisa, a sofrer qualquer coisa, preferivelmente a que alguém, por quem Cristo morreu, pereça.

E este grau de amor a Deus e ao homem não é até mesmo absolutamente inconsistente com o amor ao mundo; com o amor ao dinheiro ou louvor; com o grau mais baixo de qualquer ambição ou sensualidade? Quanto menos, ele pode consistir com aquele principio pobre, vil, irracional, infantil, do amor às diversões? (certamente, até mesmo um homem, não fosse ele um ministro, ou um cristão, "deixaria de fora as coisas infantis"). Não apenas isto, mas o amor ao prazer, e o que se situa mais profundo na alma, o amor à comodidade, desapareceria diante dele.

(3) Quanto à sua prática: "Junto ao descrente, diz Deus, porque tu pregas minhas leis?". O que é um ministro de Cristo, um pastor de almas, exceto se ele for todo devotado a Deus? Exceto se ele se abstém, com o extremo cuidado e diligência, de toda palavra e obra má; de toda aparência do mal; sim, da maioria das coisas inocentes, por meio das quais, alguém seria ofendido ou se tornaria fraco? Ele não é chamado, acima de outros, para ser um exemplo para o rebanho, com seu caráter privado, assim como público? Um exemplo de todos os temperamentos santos e divinos, preenchendo o coração, de maneira a brilhar através dele? Conseqüentemente, toda sua vida, se ele caminha merecedor de seu chamado, não é um trabalho incessante de amor; um tratado contínuo de louvar a Deus, e ajudar o homem; uma série de gratidão e beneficência? Ele não é sempre humilde, sempre serio, embora se regozijando sempre mais; compassivo, gentil, paciente, moderado? Você pode não se assemelhar a ele como um anjo guardião, ministrando àqueles "que deverão ser herdeiros da salvação?". Ele não é alguém enviado por Deus, para estar entre Deus e o homem; para guardar e assistir o pobre, aos filhos desamparados dos homens, para supri-los, ambos com a luz e força; guiá-los, através de muitos perigos conhecidos e desconhecidos; até o momento em que ele retorna, com aqueles comprometidos com sua incumbência, ao Pai dele e deles, que está nos céus?

Ó, quem é capaz de descrever tal mensageiro de Deus, a fé executando totalmente seu alto ofício! Trabalhando junto com Deus, com o grande Autor, ambos da velha e nova criação! Veja seu Senhor, o eterno Filho de Deus, partindo para aquela obra de onipotência, e criando céu e terra, através do sopro de sua boca! Veja o servo a quem ele tem o prazer de honrar, cumprindo a determinação de sua vontade, e em seu nome, falando a palavra, por meio da qual se ergue uma nova criação espiritual. Capacitada por ele, ele diz para as trevas informes, vazias da natureza: "Haja luz"; "e houve luz. As coisas velhas se passaram: observe, que todas as coisas se tornaram novas". Ele está continuamente empregado, naquilo que os anjos de Deus não têm a honra de fazer, -- co-operar com o Redentor de homens, "no conduzir muitos filhos para a glória".

Tal é o verdadeiro Ministro de Cristo; e tal, além de toda possibilidade de discussão, devemos ser você e eu.

II

Mas nós somos tais? O que somos nós, nos aspectos acima mencionados? Esta é uma consideração melancólica, mas necessária. É verdade que muitos têm escrito sobre este assunto; e alguns, admiravelmente bem: Ainda assim, poucos, pelo menos em nossa nação, tem levado a sua pergunta, através de todas essas particularidades. Nem eles falaram sempre, de maneira tão clara, e tão familiar, quanto a natureza da coisa requereu. Mas, por que eles não fizeram isto? Será porque eles não estavam dispostos causar dor naqueles que eles amaram? Ou eles foram impedidos pelo medo da descortesia ou de incorrer em alguma inconveniência temporal? Temor miserável! Será que alguma inconveniência temporal que seja deve ser colocada na balança, com as almas de nossos irmãos? Ou eles foram impedidos pela vergonha, surgindo da consciência de seus muitos e grandes defeitos? Sem dúvida, isto atenuaria a falta, mas ela não seria completamente removida. Porque não é um conselho sábio, "Não se sinta envergonhado, quando isto disser respeito a tua alma?"; especialmente quando diz respeito às almas de milhares também? Nesse caso, Deus poderá tornar inabalável nossa face, como pederneira, endurecer como a um diamante nossa testa.

Mas não existe um outro obstáculo? A compaixão, a ternura, não nos impediria de causar dor? Sim, de causar dor desnecessária. Mas que tipo de ternura é esta? É como aquela de um cirurgião que deixa seu paciente morrer, porque ele se compadeceu muito de examinar suas feridas. Compaixão cruel!

1. Nós somos, então, tão conscientes, como deveríamos ser, (1) com respeito aos dons naturais? Se formos, quantas pedras de tropeço seriam removidas do caminho dos infiéis sinceros? Ainda de mim, que efeitos terríveis vemos continuamente, daquela imaginação comum, embora inconsciente. "O garoto, se ele é capaz para nada mais, será bom o suficiente para ser um Pároco!". Por esta razão, é que vemos (eu pediria a Deus que não houvesse tal exemplo em toda a Grã Bretanha, ou Irlanda!) ministros grosseiros, abatidos, estúpidos; homens sem vida, sem espírito, sem prontidão de pensamento; que são, conseqüentemente, a zombaria de todo tolo atrevido, todo janota vivaz, e afetado, que eles encontram. Nós vemos outros cuja memória retém coisa alguma; portanto, eles nunca poderão ser homens de considerável conhecimento; eles nunca poderão saber muito, até mesmo daquelas coisas que eles estão escassamente preocupados em conhecer. Ai de mim, eles estão derramando água em um vaso mal vedado; e a cisterna quebrada não pode reter a água! Eu não diria com Platão que "todo conhecimento é nada, mas memória". Ainda assim, é certo que, sem a memória, não podemos ter a menor porção de conhecimento. E, até mesmo, aqueles que desfrutam da mais memória retentiva, encontram grande motivo para assim se queixarem.

A habilidade vem tão devagar, e a vida tão rápida voa; nós aprendemos, tão pouco, e esquecemos tanto!

E, ainda assim, vemos e lamentamos um defeito ainda muito grande em alguns que estão no ministério. Falta-lhes sabedoria, eles são falhos no entendimento; a capacidade deles é baixa e superficial, sua compreensão é turva e confusa; em conseqüência, eles são completamente incapazes de formar um julgamento verdadeiro das coisas, ou de raciocinar justamente sobre algo. Ó, como aqueles que não sabem coisa alguma podem conceder conhecimento a outros? Como instruí-los em toda a variedade de obrigação para com Deus, seu próximo e si mesmos? Como eles irão dirigi-los, através de todas as confusões de erros; através de todos os embaraços do pecado e tentação? Como eles podem se certificar das artimanhas de satanás, e protegê-los contra toda a sabedoria do mundo?

É fácil perceber que eu não falo isto por causa deles; (por eles são incorrigíveis), mas por causa de seus pais, para que eles possam abrir os olhos deles, e verem que um cabeça-dura nunca "será bom o suficiente para se tornar um Pároco". Ele pode ser bom o suficiente para um negociante; tanto quanto para ganhar cinqüenta ou cem mil libras. Ele pode ser bom o suficiente para um soldado; mais do que isto, (se você pagar bem), para um oficial bem vestido, e bem montado. Ele pode ser bom o suficiente para um marinheiro, e pode brilhar no tombadilho de um navio-de-guerra. Ele pode ser bom, na capacidade de um advogado, ou médico, assim como para dirigir em sua carruagem. Mas não como um Ministro, exceto se você quisesse trazer uma mácula sobre sua família; um escândalo sobre nossa Igreja, e uma reprovação sobre o Evangelho, que ele pode assassinar, mas não pode ensinar.

Nós somos aquilo que estamos conscientes de que poderíamos ser, (2) com respeito aos dons adquiridos? Aqui o assunto (suponha que tenhamos entendimento comum) se coloca mais diretamente dentro de nosso próprio poder. Mas incluindo este, assim como os assuntos seguintes, eu penso que eu não consideraria afinal, quantos ou quão poucos são excelentes ou imperfeitos. Eu apenas desejaria que cada pessoa que lesse isto o aplicasse em si mesmo. Certamente, alguém, na nação é imperfeito. Eu não sou o homem?

Que cada um de nós examine-se seriamente:

(1) Eu tenho tal conhecimento das Escrituras, de maneira a me tornar alguém que se encarregue assim de explicá-la a outros, para que elas possam ser uma luz em todos os caminhos deles? Eu tenho uma visão completa e clara da analogia da fé, que é a chave para me guiar através do todo? Eu estou familiarizado com as diversas partes das Escrituras; com todas as partes do Velho Testamento e do Novo? Na menção de algum texto, eu sei o contexto e os lugares paralelos? Eu tenho, pelo menos, aquele sinal de um bom Clérigo, o de ser um bom textuário? Eu conheço a construção gramatical dos quatro Evangelhos; dos Atos; das Epístolas; e eu sou um mestre do sentido espiritual (assim como o literal) do que eu li? Eu entendo a extensão de cada livro e como cada parte dele tende a isto? Eu tenho a habilidade de traçar as inferências naturais dedutíveis de cada texto? Eu conheço as objeções que se erguem neles, ou deles, pelos judeus, deístas, papistas, arianos, socinianos, e todas as outras seitas, que mais ou menos corrompem ou adulteram a palavra de Deus? Eu estou pronto a dar uma resposta satisfatória a cada uma dessas objeções? E eu aprendi a aplicar cada parte dos escritos sagrados, como os vários estados de meus ouvintes requerem?

(2) Eu entendo Grego ou Hebraico? Do contrário, como eu posso empreender (como todo Ministro faz), não apenas explicar os livros que estão escritos nele, mas defendê-los contra todos os opositores? Eu não estou à mercê de todo aquele que entende, ou até mesmo pretende entender o original? Porque, de que maneira eu poderei contestar sua pretensão? Eu entendo a linguagem do Velho Testamento? Criticamente? Afinal? Eu posso extrair um sentido não explícito de um Salmo de Davi, na Língua Inglesa; ou, até mesmo, o primeiro capítulo de Gênesis? Eu entendo a linguagem do Novo Testamento? Eu sou um mestre crítico dele? Eu tenho suficiente disto, até mesmo para extrair na Língua Inglesa, o primeiro capítulo de Lucas? Se não, quantos anos, eu gastei no colégio? Quantos, na Universidade? E o que eu estive fazendo todos esses anos? A vergonha não deveria cobrir minha face?

* Deísta [Sistema dos que crêem em Deus, mas rejeitam a revelação].

*Arianos [Membros da seita de Ario, que, no dogma da Santíssima Trindade, não admitia a consubstancialidade do Pai com o Filho].

* Socinianos [Doutrina de Socini, também chamado Socino, que rejeitava a Trindade e especialmente a divindade de Jesus].

(3) Eu entendo o meu próprio ofício? Eu tenho considerado profundamente diante de Deus o caráter que eu tenho levado? O que é ser um Embaixador de Cristo, um Enviado do rei do céu? E eu conheço e sinto o que está inserido em "vigiar as almas" dos homens, "como se delas tivesse prestar contas?".

(4) Eu entendo tanto da história profana, de maneira a confirmar e ilustrar o sagrado? Eu estou familiarizado com os costumes antigos dos judeus e outras nações mencionadas nas Escrituras? Eu tenho um conhecimento competente de cronologia, pelo menos, no que se refere às coisas sagradas? Eu sou tão habilidoso (se não mais além), de maneira a conhecer a situação, e dar algum relato de todos os lugares consideráveis, mencionados nela?

(5) Eu sou um mestre tolerável das ciências? Eu tenho seguido pelo mesmo portão delas, a lógica? Se não, eu igualmente não vou muito além, quando eu tropeço na soleira da porta. Eu a entendo de modo a ser sempre o melhor por ela? Tê-la sempre pronta a ser usada; aplicar suas regras, quando existe oportunidade, quase tão naturalmente quanto eu viro minha mão? Eu a entendo, afinal? Até mesmo, os modos e figuras acima de minha compreensão? Eu pobremente me esforço para ocultar minha ignorância, simulando rir de seus nomes excêntricos? Eu posso até mesmo converter um modo indireto em um direto; um silogismo hipotético em um categórico? Antes, a minha estúpida indolência e preguiça não me fizeram pronto a acreditar, no que a pouca sabedoria e finos cavalheiros afirmam: "que a lógica e boa para coisa alguma?". É útil, pelo menos (onde quer que seja entendida), para fazer com que as pessoas falem menos; mostrando a elas tanto qual é o ponto em questão, e qual não é; e quão extremamente difícil é provar alguma coisa. Eu entendo de metafísica; se não das profundezas dos Professores, as sutilezas de Scotus ou Aquino, ainda os primeiros rudimentos, dos princípios gerais, daquela ciência útil? Eu tenho bastante domínio disto, de modo a clarear minha compreensão e situar minhas idéias, sob tópicos apropriados; o suficiente para me capacitar a ler com facilidade e prazer, assim como com proveito, as Obras, do Dr. Henry More; a "Busca pela Verdade", a de Malebranche, e a "Demonstração da Existência e Atributos de Deus?", do Dr. Clarke? Eu entendo de filosofia natural? Se eu não tenho me aprofundado nisto, eu tenho digerido os fundamentos gerais dela? Eu sou mestre em Gravesande, Keilil, no Principio de Sir Isaac Newton, com sua "Teoria da Luz e Cores?".

Com este objetivo, eu coloquei no mesmo sortimento do conhecimento matemático? Eu sou mestre em matemática A B C dos Elementos de Euclides? [Ao escrever os Elementos, Euclides pretendia reunir num texto três grandes descobertas do seu passado recente: a teoria das proporções de Eudoxo, a teoria dos irracionais de Teeteto (417 a.C. - 369 a.C.) e a teoria dos cinco sólidos regulares, que ocupava um lugar importante na cosmologia de Platão]. Se eu não tenho ido até ai, se eu sou tal aprendiz ainda, o que eu tenho sido, desde que sai da escola?

[JOHN DUNS SCOTUS - (1265-1308) Filósofo escocês - Conhecido também por "o doutor sutil", em razão de ser um autor de acesso difícil, que lhe valeu essa reputação de sutileza. Pertenceu à Ordem dos Franciscanos. Estudou nas Universidades de Oxford e Paris. Foi mestre em teologia nessas duas universidades, assim como em Cambridge e Colônia. Diverge das doutrinas platônica e aristotélica, no que se refere à valorização do indivíduo, tanto do ponto de vista metafísico, ao estabelecer a inteligibilidade como uma propriedade do singular, quanto do ponto de vista ético, ao defender o livre-arbítrio]

[TOMÁS DE AQUINO - (1227-1274) nasceu em um castelo próximo à cidade de Aquino, Itália, de uma família nobre. Entrou cedo para a ordem Dominicana. Não se sabe com precisão os acontecimentos da sua vida. Escreveu um opúsculo quando ainda era jovem, O ente e a Essência, entre os anos de 1252 e 1253. Aborda questões metafísicas, explicando o percurso da consciência humana entre a sensação e a concepção. Diz, o que cai imediatamente no alcance do saber humano é composto. O homem se eleva do composto ao simples, do posterior ao anterior. A essência existe no intelecto. A substância composta é matéria e forma. A forma e matéria, quando tomadas em si, ou seja, sem o aparato do entendimento racional considerando-as, é incognoscível, mas existem caminhos para a investigação das possibilidades].

]MALEBRANCHE, Nicolas, (1638-1715) Filósofo e teólogo francês e provavelmente o maior expoente do ocasionalismo. Nasceu em Paris em agosto de 1638, de família bem relacionada. Foi Malebranche um racionalista tão radical como Descartes, admitindo, como este, um conhecimento intelectual independentemente de origem em dado experimental. Situou-se também no realismo mediato cartesiano. Todavia foi mais radical ainda, porque lhe deu a explicação do ocasionalismo. A base remota de tal doutrina se encontra no agostinianismo, o qual destacava a independência do conhecimento em relação à experiência sensível e ainda a ação divina, tanto na formação dos universais pela iluminação divina natural, como ainda da predestinação decidindo pelo homem. Santo Agostinho, sempre destacou a ação de Deus, inclusive para a formação dos universais por efeito de uma iluminação divina natural. Para Malebranche os objetos já não causam os fenômenos do conhecimento, como ainda admitia Descartes.

[HENRY MORE, nasceu em 1614, em Grantham, Lincolnshire, faleceu a 1 de setembro, 1687, em Cambridge, Cambridgeshire) poeta e filósofo da religião cuja afinidade pela metafísica de Platão o coloca entre os grupo de pensadores conhecidos como Platonistas de Cambridge. Educado como calvinista, More tornou-se um anglicano na juventude].

(6) Eu estou familiarizado com os Patriarcas; pelo menos, com aqueles homens veneráveis, que viveram nas primeiras eras da Igreja? Eu li, repetidas vezes, os remanescentes áureos de Clemente Romano, de Inácio e Policarpo; e tenho feito uma leitura, pelo menos, das obras de Justino Mártir, Tertuliano, Orígenes, Clemente Alexandrino, e Cipriano?

[CLEMENTE I (também conhecido como CLEMENTE ROMANO) foi papa da Igreja Cristã Romana entre 89 (?) e 97. Nascido em Roma, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e provável autor da Epístola de Clemente Romano (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto pela Igreja de Roma, e que chegou até nós anónima. Por vezes identificado com Tito Flávio Clemente (Titus Flavius Clemens), primo do imperador Domiciano que foi consul em 95, é mais provável que se tratasse de um antigo escravo ou filho de um, libertado pelo seu senhor, que adquiriu o seu nome. Condenado a trabalhos forçados nas minas de cobre de Galípoli, converteu muitos presos e por isso foi atirado ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço, tornando-se num mártir dos princípios da Cristandade. Foi sucedido por Santo Evaristo].

[INÁCIO de Antioquia, reverenciado como mártir, na época do Imperador Trajano, no começo do século 11, deu à Igreja inúmeras epístolas, consideradas os primeiros documentos cristãos após o Novo Testamento, escritas na rota de seu próprio martírio em Roma].

[POLICARPO de Esmirna (c. 70 — c. 160) foi um bispo de Esmirna (atualmente na Turquia) no segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana, aos 87 anos. É reconhecido como santo tanto pela Igreja Católica Apostólica Romana quanto pelas Igrejas Ortodoxas Orientais].

[JUSTINO MÁRTIR – 100-165 d.C - A convicção de Justino da verdade de Cristo era tão completa que ele teve morte de mártir por volta de 165 d.C. Eusébio, o historiador da Igreja antiga, disse que ele foi denunciado por cínico Crescêncio com quem ele entrou num debate brevemente antes de sua morte. Justino foi decapitado junto com seis de seus alunos].

[TERTULIANO - Tertuliano nasceu em Cartago por volta de 150 e 155 d.C., exercendo sua profissão de advogado até quando, em 193, converteu-se ao Cristianismo, passando a exercer também a atividade de catequista junto à Igreja. Em 207, ingressa no movimento montanista. Um dos seus mais importantes textos é sobre a apologia, principalmente em sua obra Contra Práxeas, onde defende a doutrina da Santíssima Trindade].

[ORÍGENES - (185-254) - Filósofo grego, natural de Alexandria. Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente em Alexandria. O pai, Leônidas, morreu mártir na perseguição comandada por Sétimo Seuro, em 202 ou 203. Orígenes foi salvo pela mãe. Aos 18 anos assumiu a direção da escola catequista como sucessor de Clemente, mas em 215 os massacres praticados por Caracalla obrigaram Orígenes a deixar Alexandria, fugindo para Palestina, onde os bispos Alexandre de Jerusalém e Teócito de Cesaréia o acolheram com honra e o fizeram pregar nas suas igreja].

[CLEMENTE ALEXANDRINO - Tito Flávio Clemente - nasceu no ano 150, provavelmente em Atenas, de família pagã. Converteu-se ao cristianismo talvez levado por exigências filosóficas; desejoso de um conhecimento mais profundo do cristianismo, empreendeu uma série de viagens em busca de mestres cristãos. Depois de ter visitado a Magna Grécia, a Síria e a Palestina, foi, pelo ano 180, para Alexandria do Egito, onde o seu espírito achou finalmente paz junto do eminente mestre Panteno. Falecido este no ano 200, Clemente foi chamado para dirigir a famosa escola catequética, cabendo-lhe a glória de ter o grande Orígines entre seus discípulos. Devido às perseguições anticristãs do imperador Setímio Severo, que mandou fechar a escola, Clemente teve de suspender o seu ensino alguns anos depois. Retirou-se para a Ásia Menor, junto de um seu antigo discípulo, o bispo Alexandre de Capadócia, e morreu nessa cidade entre 211 e 216].

[Táscio Cecílio CIPRIANO nasceu no norte da África, provavelmente em Cartago, entre os anos 200 e 210 dC. Filho de família abastada, recebeu formação superior, dedicando-se à oratória e advocacia. Converteu-se ao Cristianismo, já adulto, por volta de 245. Três anos depois foi eleito bispo de Cartago. Foi degolado nas imediações da cidade, na presença de grande multidão de cristãos e pagãos, aos 14 de setembro de 258, durante a perseguição de Valeriano].

(7) Eu tenho algum conhecimento do mundo? Eu tenho estudado homens (assim como livros), e observado seus temperamentos, máximas e maneiras? Eu tenho aprendido a me precaver de homens; a adicionar a sabedoria da serpente e a inocência da pomba? Deus tem me dado, através da natureza; ou eu tenho adquirido, alguma medida de discernimento da coragem; ou de seu parente próximo, a prudência, capacitando-me em todas as ocasiões a considerar todas as circunstancias, e a adequar e diversificar meu comportamento, de acordo com as várias combinações dele? Eu nunca me esforço para ser rude, ou grosseiro; nem para estar notavelmente em falta com a boa educação? Eu me esforço para seguir conforme aqueles que são eminentes para discurso e facilidade de comportamento? Eu sou (embora nunca frívolo ou superficial, quer na palavra ou ação, ainda assim) afável e cortês com todos os homens? Eu não omito meios, que estejam em meu poder, e consistente com meu caráter, de "agradar todos os homens", com os quais eu converso, "para a boa edificação deles?".

Se eu estiver em falta, até mesmo com respeito a esses dons menores, eu não deveria habitualmente lamentar essa falta? Quão freqüentemente, eu deveria me mover pesadamente, e ser tão menos útil do que eu teria sido!Quanto mais eu deveria sofrer com minha inutilidade, se eu tivesse desperdiçado as oportunidades que eu, uma vez, tive de me familiarizar com os grandes pensadores da Antigüidade, os Patriarcas Ante-Nicene [- Escritos que foram feitos antes do Concílio de Nicea (325 d.C), por Clemente Romano, Policarpo, Inácio, Justino Mártir, etc.]; ou se eu tenho desperdiçado aquelas horas preciosas em que eu poderia ter me tornado um mestre das ciências! Quão pobremente, eu muitas vezes, ainda me arrasto, por falta da ajuda que eu vilmente joguei fora! Mas o meu caso não seria ainda pior, se eu tivesse perdido tempo, naquilo em que eu me aperfeiçoaria em Grego e Hebraico? Eu deveria antes disto, ter estado criticamente familiarizado com esses tesouros do conhecimento sagrado. Mas eles estão agora escondidos de meus olhos; eles estão trancados, e eu não tenho a chave para abri-los. No entanto, eu tenho usado de toda a diligência possível para suprir aquele defeito grave (até onde eu possa ser suprido agora), pelo mais acurado conhecimento das Escrituras inglesas? Eu medito nisto, dia e noite? Eu penso (e conseqüentemente falo) nisto, "quando eu me sento em casa, e quando eu caminho pela rua; quando eu me deito, ou quando eu me levanto?". Através destes meios, eu tenho, por fim, obtido um conhecimento completo, quanto ao texto sagrado, com respeito ao seu significado literal e espiritual? Do contrário, como eu posso tentar instruir outros? Sem isto, eu sou um guia de cego, de fato! Eu sou absolutamente incapaz de ensinar meu rebanho, aquilo que eu mesmo nunca aprendi; não mais adequado a conduzir as almas a Deus, do que eu sou para governar o mundo.

2. E ainda assim, existe uma maior consideração do que aquela dos dons; mais elevada do que alguma ou todas essas juntas; uma consideração, em vista da qual, todos os dons externos e todos os intelectuais desapareceram no nada. Eu sou como eu deveria ser, com respeito à graça de Deus? O Senhor Deus me capacite a julgar corretamente isto!

E (1) Qual foi a minha intenção em tomar sobre mim este ofício e ministério? Qual foi ela, em cuidar desta paróquia, quer como Ministro ou Cura? Ela foi sempre, e é agora, total e somente para glorificar a Deus, e salvar almas? Meus olhos têm sido puros nisto, desde o princípio? Eu nunca tive, ou tenho agora, alguma mistura em minha intenção; alguma liga de metal desprezível? Eu tive, ou tenho, nenhum pensamento de ganho mundano; "lucro imundo", como o Apóstolo o denomina? Eu, à princípio, tive, ou tenho agora, nenhum objetivo secular? Nenhum olho para honra ou cargo honorífico? Para a renda abundante; ou, pelo menos, meios suficientes para subsistência? Um meio de vida prazeroso e confortável?

Ai de mim, meu irmão! "Se a luz que está em ti for trevas, quão grandes são estas trevas!". Foi um modo de vida confortável, então, seu motivo para entrar no ministério? E você admitiu isto na face do sol, e sem ruborizar-se? Eu não posso comparar você com Simão Mago: você está muitos graus abaixo dele. Ele ofereceu dinheiro pelo dom de Deus, o poder de conferir o Espírito Santo. Por meio disto, no entanto, ele mostrou que ele colocou um valor mais elevado no dom, do que no dinheiro que ele teria desistido por ele. Mas você não; você coloca um valor muito mais alto no dinheiro, do que no dom; de tal maneira, que você não deseja, você não aceitará o dom, exceto se o dinheiro vier junto. O Bispo disse, quando você foi ordenado: "Recebe, tu, o Espírito Santo". Mas isto foi o menor de seu cuidado. Deixe para quem irá receber isto, assim você recebe o dinheiro, o rendimento de um bom benefício. Enquanto você ministra a palavra e sacramentos diante de Deus, ele dá o Espírito Santo àqueles que devidamente o recebem: De maneira que, "através de suas mãos", igualmente, "o Espírito Santo é", neste sentido, "dado" agora. Mas você se preocupa pouco, se ele é dado, ou não; tão pouco, que você não ministrará por mais tempo; ele não deverá ser dado mais, quer através de seus lábios ou mãos. Se você não tem dinheiro para seu trabalho. Ó, Simão, Simão! Que santo és tu, comparado a muitos dos mais honrados homens agora na Cristandade!

Que ninguém, por ignorância, ou obstinadamente se equivoque comigo. Eu não "amordaçaria o boi que pisoteia o milho". Eu sei que o "trabalhador" espiritual, também, "é merecedor de sua recompensa"; e que, se "nós semeamos junto" ao nosso rebanho, "coisas espirituais", é adequado que "colhamos de suas coisas carnais". Eu, portanto, não censuro, em grau algum, um Ministro receber um salário anualmente; mas censuro o seu ir de buscá-lo. O que eu censuro é ter isto como objetivo, como o motivo, ou parte do motivo, para entrar em seu oficio sagrado.

Se o cargo honorífico, a honra, ou proveito estava em seus olhos, seus olhos não eram puros. E nosso Senhor não conheceu meio termo entre um olho puro e um olho pecaminoso. O olho, portanto, que não é puro, é pecaminoso. Este é o caso claro, declarado. Ele, então, que tem algum outro objetivo, ao empreender, ou executar o ofício de um Ministro do que puramente este, de glorificar a Deus e salvar almas, seu olho não é puro. Em conseqüência, ele é mal; e, portanto, "todo seu corpo" deve ser "cheio de trevas". "A luz que está" nele, "é" de muitas "trevas"; as trevas cobrem sua alma toda, ele não tem paz verdadeira; ele não tem a bênção de Deus; e não existe fruto de seus esforços.

Não é de se admirar que aqueles que não vêem dano nisto, não vejam dano em acrescentar um benefício a outro, e, se eles puderem, outro àquele; ainda assim, limpam suas bocas, e dizem que eles não praticam o mal. Já no primeiro passo, seus olhos não são puros; portanto, suas mentes são preenchidas com escuridão. De maneira que eles cambaleiam ainda na mesma lama, até que seus pés "tropecem nas montanhas escuras".

De fato, ele contesta que "um pequeno benefício não manterá uma família grande". Manterá! Como? Ele não irá vesti-los "em púrpura, e fino linho"; não irá capacitá-los a alimentarem-se "suntuosamente todos os dias". Mas o benefício que você tem agora não fornecerá a você e aos seus as necessidades básicas; sim, e as conveniências da vida? Ele não irá mantê-los na frugal simplicidade cristã, que se torna um Ministro de Cristo? Ele não manterá você na pompa e grandiosidade, na luxúria elegante, na sensualidade moderna. Muito melhor. Se seus olhos foram abertos, como quer que seja sua renda, você fugiria disto, como do fogo do inferno.

Foi argumentado, (2): "Tendo uma grande renda, eu sou capaz de praticar mais o bem". Mas você se atreve a afirmar, na presença de Deus, que foi simplesmente com este objetivo; apenas com esta finalidade, que você buscou por um rendimento maior? Se não, você ainda está condenado diante de Deus; seus olhos não foram puros.

Então, não se preocupe com minúcias e esquive-se. Este não foi sua razão de agir. Este não foi o desejo de praticar mais o bem, se para as almas ou corpos dos homens; não foi por amor a Deus: (Você sabe que não foi; sua consciência é como milhares de testemunhas): Mas foi "por amor ao dinheiro", e "desejo de outras coisas", que animou você nesta busca. Se, então, a Palavra de Deus é verdadeira, você está em escuridão ainda: Ela preenche e cobre sua alma.

Eu acrescentaria, que uma renda maior não necessariamente implica uma capacidade maior de praticar mais bem espiritual. E este é o mais sublime tipo de bem. É bom alimentar o faminto, vestir o nu: Mas é muito mais nobre "salvar almas da morte", "retirar" o pobre "tição do fogo". E foi para isto que você foi especialmente chamado, e para o qual você tem solenemente prometido "aplicar todos os seus estudos e esforços". Mas você, de maneira alguma, estará certo de que, acrescentando um segundo benefício ao primeiro, você será mais capaz de fazer o bem deste tipo, do que você teria sido se colocasse todo seu tempo, e todas as suas forças, em seu primeiro rebanho.

"No entanto, eu seria capaz de praticar mais bem temporal". Você não está certo, nem mesmo disto. "Se as riquezas aumentam, elas são aumentadas para aqueles que comem delas". Talvez, suas despesas possam aumentar proporcionalmente com sua renda. Mas, se não, se você tem uma maior habilidade, você teria uma maior disposição para fazer o bem? Você não tem motivo no mundo para acreditar nisto. Existem milhares de exemplos contrários. Quantos têm menos vontade, quando eles têm mais poder! Agora, que eles têm mais dinheiro, eles o amam mais; quando eles tinham pouco, eles praticavam sua "diligência alegremente para dar daquele pouco"; mas, desde que tiveram muito, eles estão tão longe de "dar abundantemente", de maneira que eles dificilmente podem se dispor a dar, afinal.

"Mas, por ter um outro benefício, eu mantenho um homem valoroso, que, ao contrário, estaria em falta com o necessário da vida". Eu respondo: (1) Este foi todo e único motivo em buscar aquele outro benefício? Se não, este argumento não o isentará da culpa; seus olhos não foram puros. (2) Se foi, você pode colocar isto além de disputa: você pode provar, de imediato, a pureza de sua intenção: -- Faça daquele valoroso homem, Reitor, de uma de suas paróquias; e você está limpo diante de Deus e homem.

Mas o que pode ser reivindicado por aqueles que têm dois ou mais rebanhos, e cuidam de nenhum deles? Quem exatamente olham para eles, ocasionalmente, por alguns dias, e, então, se desloca para uma distância conveniente e diz: "Alma, tu tens muitos bens ajuntado para muitos anos; desfrute; coma, beba e seja feliz?".

Alguns anos atrás, eu homem simples me perguntou: "Aquele que alimenta o rebanho, não deve comer do leite do rebanho?". Eu respondi: "Amigo, eu não tenho objeção a isto. Mas o que é isto para aquele que não alimenta o rebanho? Ele permanece do outro lado da cerca, e alimenta a si mesmo. É outro que alimenta o rebanho; e ele deve ter o leite do rebanho? O que tu podes dizer por ele?". Verdadeiramente, nada, afinal; e ele não terá coisa alguma a dizer a si mesmo, quando o grande Pastor pronunciar aquela justa sentença: "Amarre" o servo inútil, "mãos e pés, e o lance na escuridão exterior".

Eu não tenho me demorado mais tempo sobre este assunto, porque uma intenção correta é o primeiro ponto de todos, e o mais necessário, afinal; visto que a necessidade disto não pode ser suprida por qualquer coisa mais que seja. O empreender algo da maneira errada, é uma falta que nunca será emendada, exceto se você retornar ao lugar de onde você veio, e fazê-lo da maneira correta. É impossível, portanto, colocar ênfase muito grande em um olho simples, uma intenção pura; sem o que, todo nosso sacrifício, nossas orações, sermões e sacramentos, são abominação ao Senhor.

Eu não posso descartar este importante artigo, sem tocar em uma coisa mais. Quantos estão diretamente preocupados com isto, eu deixo ao Sondador dos corações.

Você foi colocado em um benefício eclesiástico ou um curato, por algum tempo. Você troca-o agora por um outro. Porque você faz isto? Por que razão, você prefere este diante de seu primeiro benefício ou curato? "Porque eu tenho apenas cinqüenta libras por ano, onde eu estava antes, e agora eu posso ter cem". E este é seu real motivo de agir assim? A verdadeira razão por que você fez a troca? "É: E não é uma razão suficiente?". Sim, para um ateu, mas não para alguém que chama a si mesmo de cristão.

Talvez, uma mais grosseira obsessão do que esta, não foi ainda conhecida sobre a terra. Lá vai alguém que é autorizado a ser um embaixador de Cristo, um pastor de almas imortais, uma atalaia sobre a Israel de Deus, um mordomo dos mistérios que "os anjos desejam examinar". Para onde, ele está indo? "Para Londres, para Bristol, para Northampton". Por que ele vai até lá? "Conseguir mais dinheiro". Uma razão tolerável para dirigir um rebanho de bois para um mercado, preferivelmente a outro; embora, se um guia fizer isto, sem qualquer visão adicional, ele age como um ateu, e não como um cristão. Mas qual a razão para abandonar as almas imortais, das quais o Espírito Santo o fez inspetor! E ainda assim, este é o motivo que não apenas influencia em secreto, mas é reconhecido abertamente e sem um rubor! Mais do que isto, é desculpado, justificado, defendido; e isto, não por poucos, aqui e ali, que estão aparentemente nulos quer de piedade ou de vergonha; mas, pelos inúmeros de homens aparentemente religiosos, de uma extremidade da Inglaterra a outra!

(2) Eu sou, Em Segundo Lugar, tal como deve ser, com respeito às minhas afeições? Eu sou tirado, de dentre os homens, e ordenado, nas coisas pertinentes a Deus. Eu permaneço entre Deus e homem, pela autoridade do grande Mediador, na relação, mais próxima e mais afetuosa, tanto para com meu Criador quanto meus companheiros. Eu dei, conseqüentemente, meu coração a Deus, e aos meus irmãos, por causa dele? Eu amo a Deus, com toda minha alma e força? E meu próximo, e todo homem, como a mim mesmo? Este amor me absorve, possui meu todo, constitui minha felicidade suprema? Ele anima todas as minhas paixões e temperamentos, e regula todos os meus poderes e faculdades? Ele é a fonte que produz todos os meus pensamentos, e governa todas as minhas palavras e ações? Se for assim, não junto a mim, mas junto a Deus seja o louvor! Se não, "Deus seja misericordioso comigo, um pecador!".

Pelo menos, será que eu sinto tal preocupação pela glória de Deus, e tal sede em busca da salvação dos homens, que eu estou pronto a fazer qualquer coisa, o que quer que seja contrário à minha inclinação natural, separar-me do que quer que seja agradável a mim, suportar o que for, como quer que seja grave à carne e sangue, de maneira que eu possa salvar uma alma do inferno? O meu temperamento predominante é este, em todos os momentos, e em todos os lugares? Ele torna todo meu trabalho leve? Se não, que cansaço é isto! Que trabalho penoso! Não seria muito melhor segurar o arado?

Mas é possível que isto possa ser meu temperamento predominante, se eu ainda amo o mundo? Não, certamente, se eu "amo o mundo. O amor do Pai não está em" mim. O amor de Deus não está em mim, se eu amo o dinheiro, se eu amo o prazer, assim chamado, ou diversão. Nem ele está em mim, se eu amo um amante da honra ou prazer, ou do vestuário, ou da boa comida e bebida. Mais do que isto, até mesmo a indolência, ou o amor à comodidade, é inconsistente com o amar a Deus.

Que criatura, então, é um clérigo avarento, ambicioso, luxurioso, indolente, um amante da diversão! É de alguma surpresa que a infidelidade pudesse aumentar, onde algum desses é encontrado? Que muitos, comparando seus espíritos com sua profissão, possam blasfemar daquele nome meritório, por meio do qual eles são chamados? Mas "ai daquele, através de quem a ofensa vem! Seria bom para esse homem, que ele nunca tivesse nascido". Seria bom para ele agora, preferivelmente a que continue a tirar o fraco do caminho, "que uma pedra de moinho fosse dependurada em volta de seu pescoço, e ele fosse jogado na profundeza do mar!".

(3) Você que é de um espírito melhor, não pode considerar, Em Terceiro Lugar, se eu sou como devo ser com respeito à minha prática? Eu pretendo nesta única coisa, -- fazer, em cada ponto, "não a minha própria vontade, mas a vontade Daquele que me enviou?". Eu cuidadosa e resolutamente me abstenho de toda palavra e obra pecaminosas? "De toda a aparência do mal?". De todas as coisas indiferentes, que colocariam uma pedra de tropeço no caminho do fraco? Eu sou zeloso das boas obras? Quando eu tenho tempo, eu faço o bem a todos os homens? E este de todos os tipos, e em um grau tão elevado quanto sou capaz?

Como eu me comporto no trabalho público a que sou chamado, -- em meu caráter pastoral: Eu sou "um modelo", para meu "rebanho, na palavra, no comportamento, no amor, no espírito, na fé, na pureza?". Minha "palavra", meu modo de vida diário, são "sempre na graça", sempre "adequados para ministrarem graça aos seus ouvintes?". Meu comportamento é apropriado para a dignidade de meu chamado? Eu caminho como Cristo também caminhou: O amor a Deus e ao homem, não apenas preenche meu coração, mas brilha através de todo meu modo de vida? O espírito, o temperamento que aparece em todas as minhas palavras e ações, tais que me permitem dizer com audácia humilde: Nisto, "sejam meus seguidores, como eu sou de Cristo?". Todos que têm discernimento espiritual tomam conhecimento (julgando a árvore pelos seus frutos) que "a vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus"; e que, em toda a "simplicidade, e sinceridade santa, eu tenho meu modo de vida no mundo?". E sou exemplarmente puro de todo desejo mundano, de todas as afeições vis e vás? Minha vida é um trabalho contínuo de amor, um tratado de louvar a Deus e ajudar o homem? Em todas as coisas, eu vejo a "Ele que é invisível?". E "observando, com a face descoberta, a glória do Senhor", eu sou "transformado na mesma imagem de glória em glória, pelo Espírito do Senhor?".

Irmãos, este não é nosso chamado, até porque, somos cristãos; mas mais eminentemente porque somos ministros de Cristo? E por que (eu não direi, que não o cumprimos, mas por que) estamos satisfeitos em assim não cumpri-lo? Existe alguma necessidade colocada junto a nós, de mergulhar tão infinitamente abaixo nosso chamado? Quem requereu isto de nossas mãos? Certamente, não Aquele, por meio de cuja autoridade ministramos. A vontade dele não é a mesma com respeito a nós, assim como com respeito aos seus primeiros embaixadores? O amor dele, e seu poder, não são o mesmo, assim como foram nos tempos antigos? Nós não sabemos que Jesus Cristo "é o mesmo ontem, hoje, e sempre?". Por que, então, você não pode ser como "lâmpadas que queimam e brilham", como aqueles que brilharam setecentos anos atrás? Você não deseja compartilhar do mesmo amor ardente, da mesma santidade brilhante? Certamente que sim. Você não pode deixar de ser consciente de que esta é a maior benção que pode ser concedida a algum filho do homem. Você deseja isto; anseia por isto; "segue para" esta "marca do prêmio do alto chamado de Deus, em Cristo Jesus?". Você constantemente e sinceramente ora por isto? Então, assim como o Senhor vive, você a obterá. Apenas nos permita orar, e "permanecer em Jerusalém, até que sejamos revestidos com o poder do alto". Vamos continuar em todas as ordenanças de Deus, particularmente na meditação de sua palavra; "no negar a nós mesmos, e tomar nossa cruz diariamente", e, "quanto tivermos tempo, fazer o bem a todos os homens"; e, então, seguramente, nosso "grande Pastor" e de nosso rebanho "nos fará perfeitos em toda boa obra para fazer sua vontade, e operar em nós tudo que é bem agradável à suas vistas!". Isto eu desejo e oro.

Seu irmão e servo,
Em nosso Senhor comum,
J. Wesley

Tradução de Izilda Bella
Retirado de http://www.metodistasonline.kit.net/wesleydiscursoaoclero.htm







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