Suzel Tunes - Jornalista |
Compartilho com você o lançamento da revista digital Entheos,
cuja proposta é estimular a reflexão e o diálogo sobre espiritualidade,
religião, cultura e cidadania. Sua fundadora e coordenadora é a jornalista
Suzel Tunes, pessoa com quem tenho convivido nos últimos anos e admirado seu
trabalho. Acredito que você vá gostar muito desta revista, visite: http://www.revistaentheos.com.br/
Repasso abaixo o texto de apresentação da
revista escrito pela Suzel.
APRESENTAÇÃO:
Podemos falar secularmente de um fenômeno humano que,
analisado, remete à experiência daquilo que Deus significa. Penso no
entusiasmo. Em grego, de onde se deriva, entusiasmo é enthusiasmós. Compõe-se
de três partes: en (em) thu (abreviação de theós=Deus), e mos (terminação de
substantivos). Entusiasmo significa, pois, ter um Deus dentro, ser tomado por
Deus. Não é uma intuição fantástica?
O entusiasmo não é exatamente isso, aquela energia que nos
faz viver, cantarolar, saltitar, dançar e irradiar vitalidade? É uma força
misteriosa que está em nós, mas que é também maior que nós. Nós não a
possuímos, é ela que nos possui. Estamos à mercê dela. O entusiasmo é isso, o
Deus interior. Vivendo o entusiasmo, neste sentido radical, estamos vivenciando
a realidade daquilo que chamamos Deus.
Leonardo Boff (JB
Online, novembro de 2004)
Não poderia encontrar melhor maneira de apresentar a Revista
Entheos do que compartilhando o texto que lhe inspira o nome. Há muito descobri
que não se vive plenamente sem entusiasmo. A vida pede luz, cor, movimento! E
são os diferentes caminhos que trilhamos na busca dessa energia interior que
nos fazem ser quem somos.
Na adolescência, os meus caminhos uniram São Bernardo do
Campo ao Butantã. Minha casa num bairro de operários ao curso de Jornalismo da
Universidade de São Paulo. Era a década de 80, momento de abertura política e
de grandes expectativas. Nas ruas, “caminhando e cantando”... Na Escola
Dominical da Igreja Metodista, a utopia da construção do Reino de Deus.
Teologia da libertação com fervor protestante.
Logo ficaria claro que meu “chamado jornalístico” não
estaria na editoria de política, mas em ciência e educação. Foram vários anos
de dedicação às reportagens nas áreas de biologia, história, psicologia, saúde,
antropologia, comportamento... a religião surgiu como uma extensão natural. Tão
fascinante quanto a cobertura de ciência, a área de religião também exige
conhecimento multifacetado, pois a religiosidade permeia todas as relações
humanas e exerce influência em áreas tão distintas quanto política, economia,
artes, saúde, tecnologia ou esportes.
Com Michel de Certeau, autor a quem fui apresentada no
Mestrado em Ciências da Religião, aprendi que, quem escreve, escreve a partir
de um “lugar” sócio-econômico, político e cultural. Reconhecer este lugar é o
primeiro passo para uma aproximação ética da temática religiosa. Identificando
quem sou (ou como me construo, cotidianamente) tenho condições de dialogar com
o diferente. Sou cristã e não temo o pluralismo religioso, acreditando, como
diz o teólogo Hans Küng, que “não haverá paz no mundo sem diálogo entre as
culturas, e não haverá paz entre as culturas sem paz entre as religiões”.
Tornar-se um espaço de diálogo e aprendizado é o que a
Revista Entheos pretende ser, como um projeto estritamente pessoal e sem
vínculos de ordem denominacional ou institucional. Como o entusiasmo me faz
sonhar, sonho em construir pontes entre diferentes culturas e tradições
religiosas, entre o saber acadêmico e a experiência de vida, a tese de
doutorado e a revista na banca de jornal e entre os diversos projetos sociais e
ações de cidadania que nascem da convicção de que a fé pode transformar a
realidade.
Muito obrigada!
Suzel Tunes
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