sábado, 29 de outubro de 2011

PROTESTANTISMO BRASILEIRO: Protestantismo ou Protestantismos?


Aproveitando o ensejo, pois vamos celebrar na próxima segunda-feira (31) os 494 anos da Reforma Protestante escrevi um breve artigo sobre o tema em epígrafe: Protestantismo Brasileiro: Protestantismo ou Protestantismos?


Diferentemente da tradição católica, que apesar de sua diversidade conseguiu manter uma certa unidade institucional, o protestantismo que surgiu da Reforma do século XVI gerou várias tradições e instituições. Portanto, o correto é falar-se “protestantismos”, e não “protestantismo”.

Ao abordar o “protestantismo brasileiro”, nos deparamos com uma questão mais complexa ainda, pois verifica-se a implantação de várias tradições e instituições, em momentos históricos diferentes.

Primeiramente pode-se destacar duas tentativas fracassadas de inserção do protestantismo no território brasileiro: os franceses (1555 a 1560) no Rio de Janeiro e os holandeses (1630 a 1654) no nordeste.

Somente no início do século XIX a tradição protestante inseriu-se de forma definitiva no Brasil. Segundo Mendonça, pode-se falar de protestantismo de imigração, protestantismo de missão e pentecostalismo/neopentecostalismo.

Protestantismo de Imigração: Em decorrência da abertura dos portos brasileiros aos países amigos de Portugal (1808) e do incentivo do governo à imigração européia, chegaram ao Brasil luteranos, anglicanos e episcopais. Com o tratado de comércio e navegação firmado entre Portugal e Inglaterra (1810) concedeu-se aos ingleses a liberdade de culto e tolerância religiosa a outros grupos não-católicos residentes no Brasil. Este é o início do culto protestante no Brasil. Estas tradições protestantes não influenciaram e nem promoveram impactos na sociedade brasileira, pois seu objetivo era unicamente dar continuidade à tradição denominacional, sem fins missionários.

Protestantismo de Missão: Somente após 1850, com a chegada de missionários protestantes advindos da América do Norte com o objetivo de implantar suas missões, que o protestantismo causou um certo impacto na sociedade brasileira. É neste momento que instalam-se no Brasil as igrejas: Congregacional, Presbiteriana, Metodista, Batista e Episcopal. Segundo Mendonça este movimento deve ser chamado de Protestantismo de Missão. Não reconhecendo o trabalho missionário promovido pelo catolicismo, estas denominações chegaram ao Brasil com um objetivo claro de pregar a fé protestante/evangélica.

Pentecostalismo e Neopentecostalismo: É possível dividir o movimento pentecostal e neopentecostal brasileiro em pelo menos três grupos diferentes: (a) Décadas 1910-1940: chegada simultânea da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam o campo por 40 anos; (b) Décadas 1950-1960: campo pentecostal se fragmenta, surgem novos grupos – Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo e Deus é Amor; (c) Anos 70 e 80: neopentecostalismo – Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e muitos outros movimentos.

Como vimos, é impossível falar de “protestantismo” brasileiro. O correto é afirmar que existem varias tradições protestantes no Brasil. Portanto, faz se necessário que ao estudar o tema, leve-se em conta qual das tradições protestantes será abordada.

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