Aproveitando o ensejo, pois vamos celebrar na próxima segunda-feira (31) os 494 anos da Reforma Protestante escrevi um breve artigo sobre o tema em epígrafe: Protestantismo Brasileiro: Protestantismo ou Protestantismos?
Diferentemente da tradição católica, que apesar de sua diversidade conseguiu manter uma certa unidade institucional, o protestantismo que surgiu da Reforma do século XVI gerou várias tradições e instituições. Portanto, o correto é falar-se “protestantismos”, e não “protestantismo”.
Ao abordar o “protestantismo
brasileiro”, nos deparamos com uma questão mais complexa ainda, pois
verifica-se a implantação de várias tradições e instituições, em momentos
históricos diferentes.
Primeiramente pode-se destacar
duas tentativas fracassadas de inserção do protestantismo no território
brasileiro: os franceses (1555 a 1560) no Rio de Janeiro e os holandeses (1630
a 1654) no nordeste.
Somente no início do século XIX a
tradição protestante inseriu-se de forma definitiva no Brasil. Segundo
Mendonça, pode-se falar de protestantismo de imigração, protestantismo de
missão e pentecostalismo/neopentecostalismo.
Protestantismo de Imigração: Em
decorrência da abertura dos portos brasileiros aos países amigos de Portugal
(1808) e do incentivo do governo à imigração européia, chegaram ao Brasil luteranos,
anglicanos e episcopais. Com o tratado de comércio e navegação firmado entre
Portugal e Inglaterra (1810) concedeu-se aos ingleses a liberdade de culto e
tolerância religiosa a outros grupos não-católicos residentes no Brasil. Este é
o início do culto protestante no Brasil. Estas tradições protestantes não
influenciaram e nem promoveram impactos na sociedade brasileira, pois seu
objetivo era unicamente dar continuidade à tradição denominacional, sem fins
missionários.
Protestantismo de Missão: Somente
após 1850, com a chegada de missionários protestantes advindos da América do
Norte com o objetivo de implantar suas missões, que o protestantismo causou um
certo impacto na sociedade brasileira. É neste momento que instalam-se no
Brasil as igrejas: Congregacional, Presbiteriana, Metodista, Batista e
Episcopal. Segundo Mendonça este movimento deve ser chamado de Protestantismo
de Missão. Não reconhecendo o trabalho missionário promovido pelo catolicismo,
estas denominações chegaram ao Brasil com um objetivo claro de pregar a fé
protestante/evangélica.
Pentecostalismo e
Neopentecostalismo: É possível dividir o movimento pentecostal e neopentecostal
brasileiro em pelo menos três grupos diferentes: (a) Décadas 1910-1940: chegada
simultânea da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam
o campo por 40 anos; (b) Décadas 1950-1960: campo pentecostal se fragmenta,
surgem novos grupos – Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo e Deus é Amor;
(c) Anos 70 e 80: neopentecostalismo – Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Internacional da Graça de Deus e muitos outros movimentos.
Como vimos, é impossível falar de
“protestantismo” brasileiro. O correto é afirmar que existem varias tradições
protestantes no Brasil. Portanto, faz se necessário que ao estudar o tema,
leve-se em conta qual das tradições protestantes será abordada.
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