segunda-feira, 6 de abril de 2015

Pregando na IM Campos Elíseos (Campinas) - Sermão de Páscoa


Por convite do meu amigo, Pr. Marcelo Ramiro, ontem (05.04) preguei da Igreja Metodista do Campos Elíseos - Campinas - SP. Aproveitando a data, domingo de Páscoa, intitulei o sermão de "Páscoa: vitória da vida sobre a morte.

Iniciei o sermão apresentando a história desta festa e as várias interpretações e reinterpretações da mesma. Expliquei-lhes que tudo começou com os pastores nômades de Israel que no verão mudavam-se de local em busca de novos pastos para seus rebanhos. Antes de se transferirem de região celebravam uma festa semelhante à Páscoa. Celebravam a possibilidade do recomeço. Após a libertação do Egito esta festa foi reinterpretada pelo povo como sendo a memória do livramento que Deus lhes dera. Celebravam a nova vida, a nova sociedade, o reinicio. 

Jesus reinterpreta novamente esta celebração,  instituindo um memorial com novas significações. Diz que o pão da páscoa, passa a significar seu corpo e o cálice, seu sangue. Esta era a nova aliança de Deus com os homens. Ele veio para restaurar a vida no mundo. Depois da ressurreição de Jesus a Igreja reinterpretou mais uma vez a festa considerando-a a vitória de Jesus sobre a morte. Desde sua origem esta festa significou a vitória da vida sobre a morte. PÁSCOA, portanto, é tempo de optar pela vida em meio a tantos sinais de morte existentes no mundo.

Convidei-lhes à leitura do texto bíblico de João 20:19-29 (texto proposto pelo Lecionário Cristão para o próximo domingo, porém, eu me adiantei). Após a leitura, ressaltei o fato  dos discípulos estarem escondidos e com medo, para introduzir a idéia de que nos momento de adversidades experimentamos alguns sinais de morte. Foi em meio a este período difícil de tribulação que o Senhor ressurreto se apresentou a eles e disse: PAZ SEJA COM VOCÊS".

Neste momento, compartilhei sobre o significado bíblico teológico da palavra paz. Esclareci que esta palavra, que em hebraico é SHALOM e em grego é IRENE,  aparece 239 vezes na Bíblia e tem muitos significados: bem-estar, felicidade, saúde, segurança, relações sociais justas e harmonia consigo mesmo, com o próximo e com Deus. Neste sentido, a palavra contém a idéia de perfeição e completude. Paz na Bíblia, portanto, não é apenas uma sensação interior ou um período de ausência de conflitos, mas sim, a construção de uma sociedade mais justa, promotora de vida plena para todos. Este conceito se opõem a PAX (paz em latim) oferecida pelo império romano, que conquistava os povos mais fracos e  os subjugava ao seu poderio. Estas eram ações de dominação através de estruturas políticas e sociais de exploração.

O próprio Senhor Jesus afirmou em Jo 14:27 que a paz que ele prometia não era baseada neste conceito de pax, mas sim de shalom/irene. Disse: A paz que dou não é a paz que o mundo promete dar. Ressaltei neste instante uma experiência vivida quando visitei a África do Sul e lá aprendi sobre o termo UBUNTO: "sou o que sou pelo que nós somos". Precisamos aprender sobre a interdependência que temos enquanto sociedade humana e eco-sistema. A paz que Jesus declarou aos discípulos, marcada pela mentalidade de realização plena, não deve ser propriedade individual de ninguém, mas sim, um direito a todos. Falar da ressurreição e falar sobre a possibilidade de trazer vida àqueles e àquilo de está morto. Num mundo marcado pelo egoísmo, individualismo e consumismo, somos convidados a superar estas posturas, vivendo o amor ao próximo e ajudando a construir relações mais justas e igualitárias entre os seres humano.

Concluí o sermão contando a parábola do milho de pipoca de Rubem Alves. Disse-lhes que diante das provações, somos chamados a cumprir nossa razão de existir. Mais do que construir uma espiritualidade egoísta que não se abre para o propósito eterno de Deus fechando-se às possibilidades de superação dos problemas individuais em nome da realização comunitária, somos chamados a viver  a plenitude de nossa existência. Existimos do outro, com o outro e para o outro. Assim como o milho que ao passar por "adversidade" (óleo quente) abre-se diante do novo e torna-se um "floquinho" macio e delicioso, assim nós, diante de momentos difíceis em nossa vida pessoal não podemos deixar de viver a plenitude para a qual fomos criados - fazer o bem e amar ao próximo. O milho que se fecha em si mesmo e não realiza o propósito de sua existência vira "piruá". Estes para nada serve, se não para se jogar fora. Terminei o sermão perguntando a todos se gostariam de ser pipocas o piruá em suas vidas.


Após o sermão celebramos a Ceia do Senhor. Agradeço a Deus a oportunidade de ter celebrado ao Senhor ao lado destes irmãos e irmãs queridos, como também agradeço ao Pr. Marcelo Ramiro pelo carinho e confiança. Que o senhor continue abençoando a IM Campos Elíseos. 

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