O 19º Concílio Geral foi iniciado às
17h do dia 09 de julho com um lindo e significativo culto de abertura, intitulado
“Testemunhar a Alegria e Esperança do
Serviço Celebrando e Testemunhando os sinais da Graça na unidade do Corpo de
Cristo”. A celebração começou com uma entrada em processional dos bispos
ativos, eméritos e honorários e bispa da Igreja, a secretária de Vida e Missão
e o pastor local.
Um coral masculino formado por vários pastores e leigos metodistas
do distrito de Brasília teve uma participação especial. A pregação ficou sob a
responsabilidade do Revmo bispo João Carlos Lopes, intitulada “És
mestre em Israel e não sabes destas coisas” (João 3.1-12). veja abaixo as
anotações utilizadas pelo bispo João Carlos e generosamente cedidas.
João
3.1-12
Nos
primeiros 11 capítulos de João há uma série de encontros com Jesus. Na verdade
são 07 encontros ao todo. Um bom desafio para nós seríamos ler a narrativa
desses encontros como se fossemos aquelas pessoas que se encontraram com Jesus.
Em João 4,
somos uma mulher samaritana à beira do
poço. História tão conhecida!
Em João 5,
somos um homem paralítico por 38 anos. E não podemos entrar na piscina. Jesus
passa por nós e faz uma pergunta aparentemente ridícula: quer ficar bom? Quer
ser completo?
Em João 6:
somos um menino, tudo o que...
...temos é peixe e pão. E os discípulos nos levam até Jesus. Ele pega o alimento que temos. E aqui está o verdadeiro milagre: ANTES de multiplicar Jesus diz: É suficiente!
...temos é peixe e pão. E os discípulos nos levam até Jesus. Ele pega o alimento que temos. E aqui está o verdadeiro milagre: ANTES de multiplicar Jesus diz: É suficiente!
Em João 8:
Somos a mulher pega em adultério.
Em João 9:
Somos cegos desde o dia que nascemos. Jesus nos vê. Ele esfrega lama feita de
cuspe em nossos olhos e o milagre acontece.
Em João
11: Nós estamos mortos. Jesus vem ao nosso túmulo e diz: venha pra fora! Nossa
vida é restaurada. Nós não podíamos fazer nada por nós mesmos. Mas ele fez!
Mas hoje
quero falar sobre a primeira desses relacionamentos: Esses 7 encontros só
aparecem no evangelho de João. E em cada um deles a pessoa aprende algo
sobre Deus que não sabia ainda, mas também apreende algo sobre si mesma que
ainda não sabia.
Foi Carl
Barth que disse que Jesus não é apenas a revelação perfeita de Deus; ele é a
perfeita revelação do ser humano. É a revelação perfeita de cada um de nós. No
nosso encontro com Jesus vemos coisas a respeito de nós mesmos que nem nós
mesmos sabíamos.
Isso é
verdade a respeito de Nicodemos. O primeiro dos sete encontros, no capítulo 3.
A primeira
coisa que aprendemos a respeito de Nicodemos é que ele é mais ou menos como nós que estamos aqui hoje: uma pessoa
justa, piedosa, temente a Deus.
É o único caso assim nos sete encontros. Ele não
é pagão. Não é um pecador reconhecido. Ele conhece as leis de Deus. Todos os
613 leis e preceitos do antigo testamento. Nicodemus faz parte do sinédrio
(apenas 70); ele é responsável pela corte civil e criminal e pelo conselho
administrativo. Ele não é pouca coisa não. Não vai diminuindo o Nicodemus assim
sem mais nem menos.
Ele vai
até Jesus, numa noite e, veja as palavras dele: “rabi; sabemos que tu és um mestre
enviado por Deus porque ninguém pode fazer o que tu fazes a não ser que Deus
esteja com ele”.
Nenhum
discípulo de Jesus havia dito isso até aquele momento (talvez Natanael no
capítulo 1). Ele tem discernimento. Ele percebeu mais do que qualquer discípulo
havia percebido até àquela hora.
E qual a
resposta de Jesus: Obrigado Nicodemos. Junte-se a nós. Você já entendeu tudo!(?)
Não. O que
Jesus diz deixa a gente meio sem jeito. Até chocado. Veja no versículo 3: em
verdade... em verdade... O que significa isso? Significa: olhe bem nos
meus olhos (como a gente faz com os nossos filhos). Olha aqui Nicodemos, presta
bem a atenção: se você não nascer de novo, não vai ver o reino de Deus.
É como se
no termino desse culto, você disse pra mim: que mensagem boa.
E eu
respondesse: Presta atenção ô figura, se você quiser ser feliz na vida, trate
de parar de enrolar as pessoas e comece a pagar suas contas.
Por que é que Nicodemus não disse apenas obrigado?) que tipo
de resposta é essa?
E bom
lembrarmos que Jesus não inventou a expressão “nascer de novo”. Ele pode ter
seqüestrado a expressão. Ela já era conhecida.
Mas aqui
está o problema: naquela cultura, se uma pessoa praticasse alguns atos
específicos como circuncisão; cerimônia de purificação; sacrifícios ela era
considerada nascida de novo.
Hoje no
nosso meio também: venha ao altar; ore a oração de arrependimento; se fizer
profissão de fé; se participar desse ou daquele encontro; você é uma pessoa
considerada diferente.
Ser
nascido de novo pra nós hoje muitas vezes significa que meus pecados foram
perdoados; tenho uma reserva no céu; não estou indo mais pro inferno; sou um
filho de Deus.
Tudo isso
é verdade e é importante. Mas não é esse o significado de ser nascido de novo.
Porque nada disso requer um ato do espírito. E Jesus disse que pra eu nascer de
novo eu tenho que nascer do espírito.
Quando Jesus
diz “você precisa nascer de novo”, Jesus está dizendo pra Nicodemus: você
precisa que aquilo que é eterno seja colocado dentro de você. Precisa nascer daquilo
que é eterno. Você precisa possuir as virtudes eternas AGORA. Você precisa do
Espírito de Deus em você para que ele possa transformar sua maneira de pensar.
Sua maneira de ver as coisas. Para que você entre numa sala, numa reunião, num
diálogo, e veja as coisas de maneira diferente.
Vamos
colocar dessa forma:
Deus nos
deu os sentidos para que possamos apreender a realidade diante de nós: deu-nos visão
para podermos ver uma flor; audição para ouvir um soneto, paladar
para experimentar alimento. Não podemos ouvir uma flor; experimentar um soneto
ou apenas ver um alimento e ficar satisfeito. Eu preciso usar o sentido correto
para apreender aquilo que está diante de mim.
Dentro de
nós ele colocou o espírito. Essa é a faculdade (o sentido – se você deseja) que
ele nos deu para percebê-lo, para conhecê-lo, para ter real comunhão com ele.
Então nós o conhecemos não primeiramente através da nossa mente, nós o
conhecemos primeiramente através do espírito de Deus que a nós foi concedido.
Senão veja o que está escrito em I Coríntios 2.11 – 12: “Assim também as coisas de Deus,
ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o
espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que
por Deus nos foi dado gratuitamente” e o verso 14: “Ora, o homem natural não aceita
as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente”.
Então,
quando o Espírito de Deus, reaviva o nosso espírito, de repente, tomamos
consciência de um mundo completamente diferente diante de nós. Percebemos
coisas que nunca havíamos percebido anteriormente.
Quando uma
mulher está grávida ela carrega a criança no seu ventre. Esse é o único mundo
que aquela criança conhece ( ). E à medida que a criança vai se desenvolvendo,
crescendo no ventre, aquele mundo vai ficando confortável. E a criança começa a
dizer: “Que gostosinho” (claro que nunca ouvimos isso). Mas nenhuma mãe concebe
um bebe para mantê-lo no ventre. Mães concebem a criança no útero para
trazê-las para um mundo muito maior, mais claro, com mais possibilidades. As
crianças não são feitas para o ventre. Não podem ficar no ventre. Foram geradas
para algo muito maior. Precisa se mover para fora.
Talvez,
nascer de novo, não seja apenas ter nossos pecados perdoados, mas ter a nossa
mente e o nosso espírito reavivados para outra realidade muito maior do que
está que estamos tão acostumados.
• A realidade
que vivemos é muito pequena. Fomos criados para algo maior.
• Um bom
emprego, um bom salário, ter um carro, casa própria, são coisas muito pequenas,
mesquinhas. Nós fomos criados para algo maior!
• Olho por
olho, dente por dente é coisa muito pequena. Fomos criados para algo maior!
• O meu
grupo particular ganhar uma disputa é coisa muito pequena, até vergonhosa. Eu
fui criado para algo maior!
• Até mesmo
ser honesto, sincero, bem intencionado, é coisa muito pequena demais. Fomos
criados para algo muito maior!
Você e eu fomos feitos para um reino
diferente. Esse reino existe. E está entre nós.
• Existe um
reino onde a pessoa mais poderosa, sabendo que tem todo poder, se desveste desse
poder e passa a lavar os pés dos seus companheiros.
• Existe um
reino onde as pessoas não são medidas pelas coisas que possuem, mas pelas
coisas que compartilham.
• Existe um
reino onde o conhecimento não é um atestado de superioridade, mas um mero
instrumento para SERVIR o próximo com mais excelência.
• Existe um
reino onde o soberano, o todo poderoso, desveste-se do seu poder, caminha no
meio do povo, e deixa as crianças sentarem-se no seu colo.
• Existe um
reino onde a pessoa mais santa é a mais rodeada pelos pecadores.
• Existe um
reino onde os pobres de espírito são a essência daquele reino
• Existe um
reino onde os mansos, os que controlam suas forças, são os mais admirados.
• Existe um
reino onde os pacificadores, os que lutam pela paz, são as verdadeiras
celebridades.
• Existe um
reino onde as pessoas que tem fome e sede de justiça são as consideradas
espirituais.
• Existe um
reino onde você é considerado realmente feliz se você sofre pelos princípios
daquele reino. E as cicatrizes geradas por esse sofrimento são como medalhas de
honra.
• Naquele
reino você não se envergonha da sua fraqueza porque o poder do soberano se manifesta na sua fraqueza;
• Naquele
reino você é considerado brilhante quando você tem a coragem de confessar: não
sei Senhor, ajuda-me a entender!
• Naquele
reino os reis e rainhas tomam suas coroas; os presidentes e as presidentes
tomam suas faixas; os atletas e os militares tomam suas medalhas; os acadêmicos
e o pessoal do clero tomam seus títulos. Sim, cada um toma o que conquistou apenas
para deposita-los aos pés do único que é verdadeiramente digno de ser honrado.
O cordeiro.
• Naquele
reino, a gente se envergonha de bater no peito e dizer “eu sou isso”; “eu sou
aquilo”. Porque ali a gente descobre que o único que pode dizer que é, é aquele
que já disse “eu sou”. “eu sou o caminho; a verdade; a vida. Eu sou a porta; o
meu nome é “eu sou”.
Nessa
tarde, as palavras de Jesus a Nicodemos estão me incomodando:
“Você é um mestre em Israel e não sabes essas
coisas?”
“Você é um
líder de igreja e ainda não conseguiu entender de fato essas coisas?”
É verdade senhor. Eu sou um líder cristão.
Ajuda-me a ver com os olhos do Espírito. Ajuda-me a entender essas coisas
definitivamente! Ajuda-me a mergulhar nessa realidade alternativa maravilhosa
de tal forma que, vivendo nessa realidade, eu tenha autoridade para proclamá-la
com intrepidez num mundo e numa igreja que nem sempre vive de acordo com ela.
Em reuniões nas quais as pessoas tendem a se
inflar, inflamar e exigir seus direitos, Jesus nos chama para assumir atitude
de servos e servas, desvestindo-nos do poder, não para conquistar mais poder
mais tarde, mas porque entendemos que no Reino de Deus o final da fila é de
fato o início da fila. E naquele reino, todo tipo de poder que tanto nos
encanta e nos atrai pode não ter qualquer valor.
E vivendo dessa forma, quando finalmente
entrarmos definitivamente no eterno, não ficaremos surpresos. Porque
antecipadamente já estávamos vivendo os valores do eterno.
ORAÇÃO DE JOHN WESLEY:
Nenhuma
daquelas coisas substituirá o novo nascimento; não, coisa alguma há debaixo do
céu. Seja, pois, esta tua contínua oração, se já não experimentaste aquela
graça interior de Deus: “Senhor, adiciona esta a todas as tuas bênçãos:
permite-me nascer de novo! Nega-me tudo quanto for de teu agrado negar-me, mas
não me negues isto: permite-me ser nascido de cima! Retira-me o que quer que te
pareça bem retirar-me – reputação, fortuna, amigos, e – e dá-me somente isto:
ser nascido do Espírito! Permite-me nascer, não de semente corruptível, mas
incorruptível, pela palavra de Deus, que vive e permanece para sempre; e então deixa-me diariamente crescer na graça e no conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo!”
John Wesley
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