segunda-feira, 31 de maio de 2010

Manacá-da-serra da Fateo

Participando da Semana Wesleyana deste ano, ouvi vários comentários sobre a programação, bem como sobre as instalações do Complexo Ômega da FATEO. Porém, gostaria de compartilhar fotos de uma árvore que fica em frente ao auditório onde aconteceram as palestras. Trata-se de uma manacá-da-serra, árvore linda, que todos os participantes ao passarem por ela comentavam sobre sua beleza. De fato, ela compõe ao lado de outras plantas do jardim e dos edifícios do Complexo Ômega uma beleza fenomenal.

Partilho abaixo alguns dados retirados do site  jardineiro sobre esta bela árvore:

Manacá-da-serra



• Nome Científico: Tibouchina mutabilis

• Nome Popular: Manacá-da-serra, Manacá-da-serra-anão, Cuipeúna, Jacatirão

• Família: Melastomataceae

• Divisão: Angiospermae

• Origem: Brasil

• Ciclo de Vida: Perene

O manacá-da-serra é uma árvore semi-decídua nativa da mata atlântica, que se popularizou rapidamente no paisagismo devido ao seu florescimento espetacular. Seu porte é baixo a médio, atingindo de 6 a 12 m de altura e cerca de 25 cm de diâmetro de tronco. As folhas são lanceoladas, pilosas, verde-escuras e com nervuras longitudinais paralelas. As flores apresentam-se solitárias e são grandes, vistosas e duráveis. Elas desabrocham com a cor branca e gradativamente vão tornando-se violáceas, passando pelo rosa. Esta particularidade faz com que na mesma planta sejam observadas flores de três cores. A floração ocorre no verão e a frutificação no outono.

O manacá-da-serra é uma excelente opção para o paisagismo urbano, pois não apresenta raízes agressivas, permitindo seu plantio em diversos espaços, desde isolado em calçadas, até em pequenos bosques em grandes parques públicos. Seu crescimento é rápido e além da árvore, encontra-se disponível no mercado uma variedade anã, o manacá-da-serra-anão. Esta variedade, conhecida como 'Nana', alcança de 2 a 3 m de altura e é mais precoce, iniciando a floração com menos de meio metro. Com seu porte arbustivo, ela é apropriada para o uso isolado ou em grupos e renques. Sua floração ocorre no inverno, ao contrário da forma arbórea típica. Também pode ser conduzida em vasos.

O manacá deve ser cultivado sob sol pleno, em solo fértil, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado periodicamente por pelo menos um ano após o plantio no local definitivo. Planta característica de clima tropical úmido, é tolerante ao clima ameno das regiões subtropicais. Multiplica-se por sementes, estacas e alporques. A variedade 'Nana' (manacá-da-serra-anão) só pode ser multiplicada por estaquia e alporquia, pois os descendentes oriundos de sementes, podem não apresentar as características típicas desta variedade e atingir o porte arbóreo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

59ª Semana Wesleyana (27 de maio)

Continuo compartilhando a reportagem da Suzel Tunes:

Após a devocional criativa e alegre, valorizando a cultura popular brasileira e lembrando do povo sertanejo que busca na fé a força para viver, o professor Wesley Ariarajah iniciou a palestra intitulada Repensando a missão para o século 21. Analisando o atual momento em que vivemos ele disse:

“Em 1910, quando se organizava a Conferência Missionária de Edimburgo, o continente europeu era visto como cristão. Hoje, grande parte do continente secularizou-se. Persistem pequenas comunidades de fé, enquanto as grandes catedrais estão vazias. Nos Estados Unidos, os cristãos fiéis também são minoria. O que se vê é uma sociedade conectada à ideologia capitalista e consumista. E na África, onde se diz que o cristianismo está crescendo, na verdade o que vemos é o crescimento da teologia da prosperidade e não o chamado ao discipulado cristão. Não quero, no entanto, ser pessimista. Mas precisamos pensar como responder a esta realidade”.

Para responder a esta questão, o professor voltou-se à Bíblia. Revisitando o Antigo Testamento, ele analisou o conceito judaico de missão. E observou que Javé, o Deus da Justiça, que havia libertado o povo do Egito, tornou-se, na compreensão do povo judaico, o Deus de todas as nações.

Em Amós 9.7, o profeta diz que Deus não libertou apenas os filhos de Israel, mas libertou também outros povos: Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? - diz o SENHOR. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor, os filisteus, e de Quir, os siros?

Isaías 19.24-25 diz: Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra; porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança. “Lembre-se que Assíria era inimiga de Israel; Egito havia mantido cativo o povo. No entanto, a bênção de Deus é para todos”.

E nas visões escatológicas as nações também são reunidas. Deus é Deus de todas as nações. Como em Apocalipse 21.3: Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.

Caberia, então, ao povo judaico ser testemunha de Deus diante dos outros povos. “Não há nenhuma tentativa em transformar as pessoas em judias. Até hoje o judaísmo não é proselitista”, afirmou o teólogo.

Deus escolheu Israel para ser testemunha entre as nações, mas Israel não recebe a incumbência de converter os outros povos ao judaísmo. O povo de Israel recebe a incumbência de testemunhar a ação de Deus – e neste sentido seu papel é uma necessidade absoluta.

Em Atos1.6, os discípulos perguntam a Jesus ressurreto: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” Jesus responde a partir da compreensão judaica:

Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Atos 1.7-8.

Da mesma maneira, afirma Ariarajah, o apóstolo Paulo não teria, originalmente, a intenção de converter os gregos. Foi à Ásia Menor para convencer os judeus de que Jesus era o Messias e acabou “tropeçando” nos ouvintes gregos.

“Não estou dizendo que não devamos espalhar o Evangelho”, disse o palestrante. “Evangelho é Boas Novas e precisa ser anunciado. Haverá comunidades que se tornarão cristãs, mas esse não é o objetivo da missão.

Ele conta que na Ásia conversão é uma questão complicada. Embora conversão seja a transformação dos corações na direção de Deus; para muitos/as cristãos/ãs a conversão é vista como tirar uma pessoa de uma comunidade para levar para outra. Por isso, a missão cristã é temida, não é tida como missão de cura. O mesmo não ocorre, por exemplo, com o budismo, explicou Ariarajah. O budismo começou como religião pequena no norte da Índia. Hoje é majoritário no Sri Lanka, China, Índia, Tibet, Japão, Tailândia, Taiwan, Hong Kong... “O budismo é a religião de missão mais bem sucedida no mundo”, diz ele. “Nunca houve um império budista. O budismo nunca foi promovido pela espada. Como o cristianismo, com todos os recursos, não conseguiu o que o budismo conseguiu?”, questiona o professor.

Ele disse que estudou o budismo e hinduísmo. Com a platéia da Semana Wesleyana, compartilhou algumas de suas percepções:

"Na tradição Theravada, o monge budista não pode tocar em dinheiro. Suas posses são mínimas: uma muda de roupa, sandálias, uma navalha para raspar a cabeça, uma cuia para receber as doações de alimento. Pela manhã, ele sai pela vila com a vila e o povo lhe dá o alimento e pede orientação. Esse monge depende 100% dos outros para sua sobrevivência. Ele não tem nada a oferecer a não ser o ensino budista. As missões cristãs foram para a África e todas as pessoas ao redor delas são extremamente pobres. A missão é que tem dinheiro e provê todas as necessidades da população no entorno. Nossos missionários/as tornam dependentes todas as pessoas ao redor deles/as".

Em Mateus 10.6-11, Jesus envia os discípulos para a missão com as seguintes orientações:

Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento. E, em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes.

“Os budistas levaram a sério a ordem de Jesus e os cristãos não”, afirmou o palestrante, gerando uma reação de surpresa mas, também, aprovações. "Não existe missão possível a não ser a humilhação da cruz e o esvaziamento".

Wesley Ariarajah também destacou que o budismo não busca converter pessoas, as influenciar a cultura da sociedade. Os cristãos também devem buscar transformar a vida das pessoas e não membros para suas igrejas. “A Igreja não existe para si mesma. O único motivo de sua existência é servir à missão. Deus não quer salvar a Igreja, mas o mundo. A Igreja deve ser instrumento usado por Deus para a missão”.

A palestra da manhã de quinta-feira, que seria repetida à noite, certamente estimulou os/as participantes da Semana Wesleyana a refletirem sobre o compromisso com a missão. A palestra não repercutiu da mesma maneira entre os espectadores, nem era essa a intenção do palestrante. Seu objetivo, plenamente alcançado, foi abrir portas para o diálogo. Num tema complexo como o desafio da missão em um mundo que sofre constantes transformações, as opiniões sobre o tema também se dividem. Veja abaixo alguns depoimentos:

José Augusto Silveira Neto, metodista, aluno do Curso Teológico Pastoral: Estou gostando muito. Esse é o lugar que temos para refletir sobre essas questões. Lá fora não temos essa oportunidade. Temos que estar preparados para quando essas questões chegarem às nossas igrejas e gabinetes pastorais.

Bispo Adolfo Evaristo de Souza, da Região Missionária da Amazônia: O mundo do Wesley Ariarajah é diferente do Brasil. O que ele apresenta é fruto de uma reflexão alta, a nível de tratamento com lideranças mundiais. Para a grande maioria dos alunos é difícil; já existem alunos vindo me procurar com dúvidas, os alunos novos têm grande dificuldade em lidar com essas questões; só quem já está na militância há muitos anos consegue. Para mim está sendo muito bom. Ser testemunha implica no conhecimento profundo de Cristo, no qual a pessoa já superou diferenças humanas e consegue manter testemunha de Cristo.

José Carlos de Souza, pastor metodista e professor da FaTeo: O encontro tem sido provocativo, no bom sentido. Leva-nos a pensar conceitos que estão sedimentados no senso comum da Igreja e nos remete a repensar com seriedade as fontes da nossa fé.

Danielle Mozena, budista, aluna da FaTeo (presencial): Estou achando muito legal. O evento tem sido muito moderno, totalmente compatível com as necessidades do saber teológico hoje.

Gladstone Nascimento, pastor de Ribeirão Preto: Estou achando muito vago. Muito acadêmico e pouco prático. Missão cristã sem Cristo não existe. Posso ter diálogo, mas não posso omitir o caminho.

Ricardo Durães, aluno da FaTeo (EAD, de Salvador): Estou gostando do tema principal. Muitas coisas precisamos que repensar. A missão de 100 anos atrás não será igual à missão de agora. O que não muda é a essência da Palavra, mas precisamos abrir a visão para algumas coisas, a fim de alcançar o mundo que muda.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

59ª Semana Wesleyana (26 de maio)

Nesta quarta-feira o Dr. Wesley Ariarajah realizou duas palestras: pela manhã, intitulada: "Missão e Diálogo"; e à noite intitulada: "Repensando a missão na tradição metodista". Apresento abaixo a reportagem postada no site da Fateo, produzida por minha amiga Suzel Tunes:


Em sua segunda conferência, Wesley Ariarajah falou sobre “Missão e Diálogo”. Voltando à experiência de Edimburgo, ele destacou que, a partir dos empreendimentos missionários de 1910, a religiosidade dos povos alcançados pela missão começou a se tornar uma questão existencial para os missionários. Ao conhecerem os hindus, por exemplo, eles encontraram um povo que cultivava uma profunda e rica religiosidade. Deus não estaria agindo em meio aquele povo? Já não estaria em ação na vida das pessoas da Ásia antes que os missionários chegassem?

Estas questões tornaram-se cruciais para os missionários não apenas porque diziam respeito à missão, mas porque abordavam a própria natureza e atuação de Deus.

Depois de muitos estudos, diz Ariarajah, eles chegaram à conclusão de que Deus já estava trabalhando naquele povo. Naquela época, sobretudo nos Estados Unidos, o secularismo aparecia como uma ameaça à fé. Os missionários começaram, então, a pensar que todas as forças religiosas deveriam se unir para combater o secularismo.

Essa questão foi discutida especialmente na Conferência Missionária de 1938, realizada em Tambaram, na Índia. Como documento preparatório ao evento, o missionário Hendrik Kraemer (1888-1965) preparou um estudo de 200 páginas. “Ele afirmava que toda a religião é um sistema fechado de símbolos, nos quais se incluem a idéia de Deus, pecado e salvação. Assim, não se poderia extrair partes deste sistema fechado, ou seja, adotar apenas determinados valores de uma religião ou outra, como algumas pessoas chegaram a sugerir. Para Kraemer, ainda que em todas as religiões existam valores significativos, todas as pessoas teriam que ser confrontadas com o Evangelho de Jesus”, disse Wesley Ariarajah. Alguns missionários trabalhando na Ásia não aceitaram esta interpretação. Não concordaram com a idéia de que a Revelação só ocorre dentro do Cristianismo. Em 1938, no entanto, a maioria dos participantes da conferência missionária assumiu as posições de Kraemer. A discussão continuaria no futuro.

Em 1971 surgiu um novo programa no CMI para tratar especialmente do Diálogo Inter Religioso. O Concílio Vaticano II, terminado em 1965, também havia chegado à conclusão de que era necessário o relacionamento com outras religiões e fora criado um secretariado de relações com não cristãos, denominado hoje Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso.

Segundo Wesley Ariarajah, a Conferência de Nairóbi de 1975 (quinta assembléia do Conselho Mundial de Igrejas) foi a primeira grande oportunidade de se discutir seriamente a questão do diálogo. Foram convidados consultores de outras religiões e o resultado foi uma grande controvérsia. Três pontos foram especialmente polêmicos:

1. o diálogo inter-religioso não levaria ao sincretismo?;

2. o diálogo com outras religiões não vai contra a tarefa missionária? Se aceitamos o diálogo com outras religiões, deixaremos de fazer missão?;

3. e o que dizer da unicidade e finalidade de Jesus Cristo?

Foi necessário que uma nova reunião fosse convocada, um ano depois, apenas para tratar dessas questões. Muito se estudou e muito se discutiu. O professor Wesley Ariarajah resumiu as conclusões a respeito dos três pontos controversos:

1. O diálogo inter-religioso não levaria necessariamente ao sincretismo. Quem quer se envolver no diálogo deve ter clareza de suas convicções de fé. O sincretismo pode acontecer até mesmo fora do diálogo (“o próprio cristianismo é a religião mais sincrética do mundo”, lembrou Ariarajah. Ele reúne elementos da filosofia grega e do imperialismo romano, só para citar dois exemplos).

2. É necessário deixar de lado o tipo de missão feito no tempo das colônias, no qual o cristianismo era levado junto com a espada. “Chegou a hora de nos livrarmos dessa missão colonizadora. O diálogo é onde a missão autêntica pode ocorrer”. Ariarajah lembrou que quando estava no sopé do Himalaia, em um diálogo cristão-hindu, os cristãos puderam dar um importante testemunho quando se colocaram contra o sistema de castas, afirmando o amor de Deus a todas as pessoas, sem distinção. Em contrapartida, foram questionados pelos hindus acerca da forma opressora com que o cristianismo se implantou nas colônias, numa prática que contraria a mensagem cristã do amor. “É isso o que acontece no diálogo inter-religioso”, disse Wesley Ariariajah. “O desafio mútuo. O diálogo nos ajuda a ver como os outros nos enxergam e nos dá autocrítica. Passamos a nos conhecer melhor”.

3. Quanto à unicidade e finalidade de Jesus como salvador, os estudos não puderam chegar a uma conclusão diante de questão tão complexa. Contudo, os teólogos fizeram algumas considerações: Deus ama todo o mundo. Todas as pessoas estão sob a providência divina. O Espírito de Deus está em atividade desde o início e está em todos os lugares: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito."(João 3:8).

Wesley Ariarajah dedica-se ao estudo do diálogo inter-religioso há vários anos. Em um de seus livros, The Bible and People of Other Faiths (Geneva: WCC Publications, 1985, ainda sem tradução em português), ele diz que focalizamos toda a nossa compreensão em versículos isolados, como Mateus 29.19 (Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo) e João 14.6 (Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim), sem estudar outros textos bíblicos bastante esclarecedores sobre a questão. Um deles seria livro de Jonas: em sua interpretação, trata-se de um texto de protesto contra a perspectiva que o povo tinha da atuação de Deus. Outro texto significativo o diálogo de Jesus com a mulher samaritana no capítulo 4 de João. Diante da polêmica que dividia judeus e samaritanos -- adorar em Jerusalém ou no monte Gerizim? – Jesus responde:

Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. João 4.21-24

Citando o teólogo Hans Küng, Ariarajah concluiu: "Nunca haverá paz no mundo enquanto não houver paz entre as religiões. E nunca haverá paz entre as religiões enquanto não houver diálogo. Os cristãos têm a responsabilidade de contribuir para a busca da Paz. Assim, diálogo é parte da missão".


A noite de quarta-feira foi dedicada a pensar a missão no contexto metodista. O professor Wesley Ariarajah lembrou aos presentes que falaria na qualidade de ministro metodista desafiado a exercer a missão cristã no Sri Lanka, país asiático no qual 65% da população é budista; os cristãos não chegam a 8%. “Não conheço muito o Brasil, mas naturalmente são contextos diferentes. Vocês terão que pensar o que significa missão em um país em que, ao menos nominalmente, 99% da população é cristã”.


Ele acredita que cada tradição religiosa pode trazer uma contribuição específica para o contexto religioso de um país. Qual seria a contribuição metodista? “Esta era uma pergunta que Wesley fazia a si mesmo: por que Deus levantou o povo metodista na Inglaterra? Hoje precisamos fazer a mesma pergunta”.


Segundo Wesley Ariarajah, algumas pessoas pensam que revitalizar o metodismo é voltar aos tempos de Wesley com a mesma metodologia. Não se trata disso. John e Carlos Wesley são referências que nos inspiram. Mas, o que a experiência do “coração aquecido” pode nos ensinar para os dias de hoje? Wesley Ariarajah afirma que “o coração aquecido” foi uma certeza interior do Evangelho que resultou na prática da missão. “Sua primeira compreensão não foi ir para o resto do mundo, amas atuar dentro de seu próprio contexto”. Wesley teria, assim, agido como Jesus agiu, desafiando o seu próprio povo.


Segundo o professor Ariarajah existem três palavras que precisam ser bem compreendidas no âmbito da Igreja: evangelismo, missão e testemunho. O evangelismo é anunciar o Evangelho e convocar as pessoas a aceitá-lo – é uma das vocações da Igreja. Missão é como a Igreja atua na sociedade, nas áreas da saúde, educação, justiça social, promoção humana: são as várias formas de dons e ministérios. Já o testemunho é como as outras pessoas nos vêem. “O simples fato de existirmos projeta uma imagem sobre outras pessoas”.


Wesley utilizou uma ilustração simples para explicar o poder do testemunho cristão. “Imagine que você viu um acidente, mas não está envolvido nele. Você pode testemunhar sobre o que viu. Se estivesse sentado num dos carros, mas sem nenhum ferimento, poderia dar um testemunho diferente de quem viu o acidente de longe. Mas se você foi o motorista e, por causa do acidente, teve o seu braço quebrado, nem precisará falar nada. As pessoas vão olhar para o seu braço engessado e perguntar se você sofreu um acidente. Assim deve ser o testemunho cristão. A testemunha mostra o que Deus fez em sua vida para as pessoas. A mensagem do Evangelho está de tal modo entranhada na vida dela que ela é uma prova do que Deus faz. John Wesley queria que, qualquer pessoa que visse um/a metodista pudesse enxergar a diferença que Deus faz na vida das pessoas”.


“Contudo, em meu país, metodista é conhecido como aquele que não bebe, não fuma e não se envolve jogos de azar. Nós reduzimos nossa responsabilidade social à questão da bebida, fumo e jogo?”, lamentou Ariarajah, lembrando que vivemos numa sociedade com tremendos problemas sociais, como violência, desemprego, consumismo, pobreza e discriminação racial. Onde está o testemunho da Igreja diante da sociedade atual? “O testemunho se confirma na ação”, frisou Ariarajah. “Quando a Igreja é infiel no testemunho, ela solapa Deus. Deus se torna incapaz de mostrar o que está fazendo no mundo. É Deus o missionário. Nós somos apenas apoiadores. A vida da nossa igreja e a nossa própria vida são os frutos do Evangelho que testemunham Deus. Não há igrejas neutras. Ou a Igreja está testemunhando o Evangelho ou está traindo o Evangelho”.


Para Wesley Ariarajah, “é preferível que nos tornemos minorias fiéis do que ter uma maioria traindo o Evangelho”. “O que procuramos em missão não é sucesso, mas fidelidade”.

59ª Semana Wesleyana (25 de maio)

Estou participando da 59ª Semana Wesleyana, evento promovido pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista. Neste ano o tema é "A Missão de Deus hoje". Motivada pelo centenário da primeira Conferência Missionária Internacional (Edimburgo, 1910), a coordenação do evento trouxe como palestrante principal o pastor metodista do Sri Lanka, Wesley Ariarajah, doutor em teologia e professor da Drew University (EUA).

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Por compromissos marcados anteriormente, não pude participar da abertura do evento ocorrido na segunda-feira, mas fiquei sabendo da parábola do torcedor de futebol contada pelo Prof. Nicanor Lopes, coordenador da Semana. Baseado no texto de Lucas 15 e inspirado pelo clima de copa do mundo o coordenador compartilhou a pequena parábola/paráfrase. Por achá-la oportuna compartilho o texto neste momento.

“Certo homem morava em São Paulo e tinha dois filhos. O mais novo era torcedor do Palmeiras, e fazia parte da torcida organizada, mas cansou de apanhar. Ele disse: ´Pai, vou embora para o Rio de Janeiro torcer para o Flamengo. Só que lá ele também se envolveu com torcida organizada e também apanhou bastante. O irmão mais velho, que era são paulino, não gostava dessas atitudes. O mais novo, cansado de apanhar, resolveu voltar para casa. Voltou cabisbaixo, com a camisa do Flamengo toda esfarrapada, disposto a pedir perdão ao pai. O pai, assim que o viu, correu a abraçá-lo e lhe vestiu uma camisa verde e amarela da Seleção Brasileira. Enfeitou a casa de bandeiras e resolveu fazer um churrascão. O filho mais velho, que estava parado no trânsito de São Paulo, chegou mais tarde em casa e viu a festa organizada. Ele ficou indignado: “Mas o que é isso? A Copa do Mundo é só daqui a um mês!” Mas o pai lhe respondeu: “Meu filho, já estamos em clima de Copa. Seu irmão voltou, hoje somos todos brasileiros. Na Copa, não tem São Paulo, Flamengo, Corinthians ou Palmeiras”.

Cheguei pela manhã (25/05) e participei da 1ª palestra do Dr. Ariarajah, intitulada: O legado da Conferência Missionária de Edimburgo. Apresento abaixo a reportagem feita pela minha amiga Suzel Tunes, que reproduz bem o que aconteceu:

Bem humorado, o pastor e professor Wesley Ariarajah começou sua palestra afirmando ter boa qualificação para falar na 59ª Semana Wesleyana: afinal, é um Wesley... Lembrou que neste ano comemora-se o centenário da Conferência Internacional de Edimburgo em várias partes do mundo, graças à ação de um leigo metodista. Mas a questão da missão é assunto que ainda hoje divide as igrejas e, portanto, é necessário repensar a missão no mundo de hoje.

Wesley Ariarajah destacou que John Mott estava profundamente interessado na missão. Seu ministério começou primeiro com estudantes. Ele reunia grupos nas escolas para estudar a Bíblia e orar. Observou que reunia estudantes de diferentes denominações e, então, descobriu o potencial que havia no estudo bíblico e na oração para unir os/as cristãos em torno de um projeto missionário. Na época, as sociedades missionárias competiam nos países onde atuavam, não havia nenhum tipo de cooperação. "Mott acreditou que se as sociedades missionárias unissem esforços e recursos humanos e financeiros poderiam evangelizar o mundo nessa geração".

Ele destacou que as sociedades missionárias eram formadas por leigos, muitos dos quais haviam passado por uma experiência de reavivamento espiritual e queriam compartilhar esta experiência com outras pessoas, transmitindo o Evangelho. As igrejas não tinham controle sobre as sociedades missionárias, que eram autônomas financeiramente. Foram as sociedades missionárias que organizaram a Conferência de Edimburgo. "A Conferência não teve participação direta ou controle das Igrejas. O evento foi totalmente organizado e apoiado pelas sociedades missionárias", afirmou Ariarajah.

O ano de 1910 é considerado o ponto de partida do movimento ecumênico moderno. Houve outras tentativas antes de união de esforços, mas esta foi a primeira organizada. A partir desta primeira iniciativa surgiram outras, que resultaram na fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948, que hoje reúne 350 igrejas representando cerca de 600 milhões de cristãos/ãs no mundo. Também foi a partir da Conferência de Edimburgo que começou a emergir a compreensão de que a missão não era simplesmente pregar o Evangelho, mas salvar o ser humano de maneira integral, agindo em áreas como saúde, educação e justiça social. "Evangelização e missão se juntaram em 1910", disse Ariarajah.

A Conferência Missionária de Edimburgo reuniu 147 sociedades missionárias da Europa e Estados Unidos e 1200 missionários, dos quais apenas 17 eram do chamado “terceiro mundo”. Eles estavam convencidos de que poderiam reunir esforços e cristianizar o mundo todo, disse o professor. Contudo, nem mesmo 3% da Índia é cristã; o número de cristãos na China não chega a 2% e no Japão é menor do que 1% . O que aconteceu?

Segundo Wesley Ariarajah, havia muito entusiasmo, muitos recursos investidos e muitos missionários reunidos. Para explicar porque o resultado não foi o esperado, ele voltou aos tempos de Jesus. Explicou que a missão de Jesus foi restrita ao mundo judaico. “Os gentios tornaram-se cristãos quase que por acidente”. Ele disse que Paulo, após sua dramática experiência de conversão, tornou-se um cristão zeloso. De perseguidor tornou-se perseguido e teve que sair de Jerusalém. Como era muito “teimoso”, resolveu pregar aos judeus da Diáspora, na Ásia Menor, e procurava as sinagogas para pregar. Expulso das sinagogas, foi para as praças e teve sua mensagem ouvida e aceita pelos gentios. “Paulo ficou convencido de que os gregos podiam ser recebidos como cristãos – que até então, era uma seita judaica. Contudo, a Igreja de Jerusalém não aceitou. “Tivemos então a primeira conferência ecumênica. O partido judaizante de um lado, Paulo e Barnabé do outro e Tiago, irmão de Jesus, presidindo”.

Pedro, tocado pela experiência do batismo do Espírito sobre a família de Cornélio, testemunhou a favor dos gentios. Tiago tomou então a decisão: os gregos não precisariam ser circuncidados ou seguir as leis judaicas para serem aceitos como cristãos. “Foi um voto suicida”, disse Wesley Ariarajah. O princípio da morte da Igreja cristã judaica, que acabaria desaparecendo no ano 200.

“Para levar a mensagem cristã ao mundo gentio, os judeus abandonaram tudo”, afirmou Ariarajah. Por sua vez, os cristãos que foram para a Índia no início do século 20 não quiseram abandonar nada, disse ele. “Os indianos tinham que abandonar sua cultura e famílias para se tornarem cristãos. Eles é que tinham que morrer para sua cultura para se tornarem cristãos”.

Segundo Ariarajah, o cristianismo foi para a Ásia como um poder colonizador. “A Ásia experimentou Jesus Cristo como um novo Júlio César”. Os cristãos chegaram na Ásia negando toda a cultura oriental e ignorando religiões com três mil anos de existência. Por isso não tiveram sucesso no estabelecimento de igrejas cristãs no Oriente. Contudo, disse Wesley Ariarajah, o cristianismo trouxe grande diferença na Índia, sendo capaz de alcançar as classes oprimidas, párias na sociedade de castas. “O cristianismo trouxe muito para mulheres, crianças e viúvas, mas não implantando-se como igreja”.

Com o passar do tempo, a concepção de missão foi amadurecendo. Especialmente após as duas guerras mundiais que abalaram o mundo – e também a confiança nas próprias instituições religiosas, que não puderam evitar a guerra e até a apoiaram – surgiu a consciência de que a missão não é da Igreja, mas de Deus. Deus está em missão e a Igreja é apenas uma serva da missão. “O objetivo da missão não é a Igreja, mas o mundo. A missão não existe para fortalecer a Igreja. Esta foi uma importante mudança de paradigma. Até aquele momento o conceito de missão era implantar igrejas”, disse Ariarajah. Deus está presente não para salvar a Igreja, mas o mundo e toda sua criação. Como igreja, somos parceiros e servos de Deus nessa missão.

No período da Tarde, participei da Oficina dirigida pelo Prof. Fernando Altemeyer, intitulada “Missão e Mídia”. Confesso que fui surpreendido com esta oficina. Esperava falas sobre técnicas de comunicação nas várias mídias... ou algo parecido. Porém, para minha surpresa o professor trabalhou sobre o conteúdo da mensagem do Evangelho nas várias mídias. A pergunta de fundo foi: Como tem sido apresentado o rosto de Cristo em nossa sociedade e como devemos apresentá-lo. Achei fantástica a sua abordagem... fui surpreendido de forma positiva. Além do conteúdo da oficina destaco a didática e capacidade de comunicação do professor... alguém muito divertido... um comunicador... alguém com profundidade bíblica.

À noite a palestra foi ministrada pelo Revmo Bispo Paulo Ayres Mattos, bispo emérito da Igreja Metodista e professor da Faculdade de Teologia. O título da oficina foi: Projetos Missionários em Conflito. Utilizando-se vários dados do censo populacional do IBGE de 2000 no quesito religião fez vários apontamentos. Apresentou um pequeno histórico sobre alguns conflitos denominacionais. Afirmou de forma emblemática que um dos problemas da atualidade é o enfoque no crescimento numérico da igreja através de alvos pré-estabelecidos. A missão acontece de forma natural como fruto da vida e dedicação e não porque estipulamos alvos de crescimento.

Depois do dia de atividades, fui para o quarto e antes de dormir respondi alguns e-mails e mandei pedidos de oração para o Grupo de Oração On-Line (Grupo que administro na internete). Depois disso... naninha.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Despedida - Prof. Dr. Márcio Rillo

"Lembra-te de que és pó e ao pó hás de voltar" (Gn 3:19)

Recebi um e-mail no início dessa tarde que me deixou entristecido. Um irmão com quem tive a oportunidade de trabalhar no Conselho Diretor do IALIM (Instituto Americano de Lins) e posteriormente no CONSAD (Conselho Superior de Administração) falecerá de forma súbita. Estou falando do Prof. Dr. Márcio Rillo.

Ele estava em plena atividade profissional, sendo o reitor do Centro Universitário da FEI desde 2002. Como cristão congregava na Catedral Metodista de São Paulo. Das lembranças que trago à memória sobre sua atuação no IALIM e no CONSAD destaco a forma coerente, ética e educada com que se posicionava em todos os assuntos. "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus!" (2Co 1:2-3)

Uno-me a muitas outras pessoas para agradecer ao Senhor pela vida e missão de nosso querido irmão que após percorrer a carreira que lhe foi proposta descansa de suas fadigas.

"Felizes os mortos, os que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, que descansem de suas fadigas, pois suas obras os acompanham" (Ap. 11:13).

Oro especialmente em favor da família e de todos que choram sua partida, pois não é fácil a separação, ainda que temporária, das pessoas que amamos. Neste momento somente o consolo divino nos pode auxiliar. Tal como afirma o apóstolo Paulo: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus!" (2Co 1:2-3).

Meus alunos da Escola Dominical

Neste semestre estou ministrando aulas para a classe de pré-adolescentes. Tem sido uma experiência muito edificante, pois após muitos anos trabalhando com classes de adultos tenho aprendido muito com esta turminha. Ontem, aproveitamos a data do Pentecostes para refletir sobre as fontes que nos alimentam espiritualmente. Dentre estas fontes, dialogamos sobre a oração, a leitura e estudo da Bíblia, bem como a comunhão com os irmãos. Foi uma aula muito interessante e com a participação de todos os presentes. Que Deus abençoe esta galerinha... costumo chamá-los de “Galerinha do Bem”. CLIQUE NA FOTO

Pentecostes 2010 - Catedral Metodista de Piracicaba

Ontem, Domingo de Pentecostes, celebramos um culto especial na Catedral Metodista de Piracicaba. O templo estava enfeitado com cataventos confeccionados pelas crianças da escola dominical. A liturgia foi preparada pelo Ministério de Culto e Liturgia recém formado como fruto do Projeto de Revitalização. Levando em consideração que um dos símbolos do Espírito Santo é o vento, a liturgia e o sermão convidaram toda a congregação a se posicionarem tal com um catavento, ou seja, serem movidos pelo sopro de Deus. Foi um momento maravilhoso de comunhão e grande enlevo espiritual. CLIQUE NA FOTO AO LADO.

sábado, 22 de maio de 2010

Reunião do Ministério de Ação Docente e da Escola Dominical.

O Ministério de Ação Docente e a equipe da Escola Dominical da Catedral Metodista de Piracicaba reuniu-se neste sábado para elaborarem parte de seus planejamentos ministeriais. Este movimento é fruto do processo de revitalização ministerial da igreja local. Clique na foto ao lado.

COMPARTILHANDO... Visita ao Lar Betel

A Catedral Metodista de Piracicaba realizou uma campanha para comprar meias e chinelos de quarto para os moradores do Lar Betel. Após a compra e o preparo dos presentes, no último dia 13 de maio, foram levados e entregues a cada um dos 100 moradores do Lar. Após um momento devocional, onde fiz uma analogia entre Jesus lavando os pés dos apóstolos e nossa igreja aquecendo os pés dos idosos, foram distribuídos os presentes chamando cada morador/idoso pelo nome. As fotos comunicam por si mesmas. Clique na foto ao lado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

DESPEDIDA - Rev. Getro Camargo da Silva

Na madrugada fria da última terça-feira, após ser comunicado por telefone sobre o falecimento do Rev. Getro Camargo da Silva, um companheiro de ministério muito querido, fui para o computador escrever uma nota de falecimento para enviar às pessoas que o conhecia. Divido este texto no blog como uma forma de homenagear meu irmão e amigo Getro. Valeu a companhia... está valendo seu exemplo.

Piracicaba, 17 de maio de 2010


"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus!" (2Co 1:2-3).
Estimados irmãos e irmãs
Graça e paz!

Crendo na verdade bíblica afirmada acima, que nos garante o consolo de Deus, comunico o falecimento de nosso querido irmão REV. GETRO CAMARGO DA SILVA. Não é fácil nos despedirmos de pessoas que amamos... pessoas que passaram por nossas vidas e deixaram marcas profundas. Reconhecer a dor causada pela falta de alguém e saber que Deus pode nos auxiliar neste momento difícil é um bom começo para sermos consolados. Portanto, convido todos a abrir o coração diante do Senhor solicitando conforto e consolo não só sobre suas vidas, mas especialmente sobre os familiares, parentes e igreja local que conviviam mais próximos do Rev. Getro.

Somos convidados como povo metodista a agradecer ao Senhor por sua vida e missão, pois após percorrer a carreira que lhe foi proposta ele agora descansa naquele que o arregimentou. Uma de suas características marcantes enquanto esteve em serviço nesta terra foi ser muito divertido e brincalhão. Por todos os lugares onde passava, ele imprimia alegria com suas brincadeiras, histórias, piadas. Ele foi um homem que assumiu um compromisso sério com Deus, mas que vivia esta seriedade com muito bom humor e descontração. Dedicou-se ao ministério pastoral com muito esmero, particularmente para expansão do Reino de Deus através da Igreja Metodista na região do Mato Grosso. A impressão que sempre nos passou foi de ser um homem feliz... alguém que conhecia a verdadeira felicidade... aquela que vem de Deus. Assim como viveu, podemos afirmar pela fé que ele também faleceu em felicidade: "Felizes os mortos, os que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, que descansem de suas fadigas, pois suas obras os acompanham" (Ap. 11:13). Tal como o texto bíblico acima afirmou, ele descansa de suas fadigas e suas obras o acompanham.

Fui comunicado sobre o ocorrido às 23h30 pelo bispo Adonias através do telefone. Ele solicitou que estivesse comunicando o maior número de pessoas possível, pois o Rev. Getro é uma pessoa muito conhecida e também querida do povo metodista. Por enquanto não temos detalhes sobre o velório, o culto de ação de graças e o enterro. Comunicamos apenas que ele faleceu em Nova Andradina (MS) e será velado nesta cidade.

Envio em anexo uma foto que tirei em nossa última reunião de Superintendentes Distritais (23.04.2010), no momento em que rogávamos a bênção de Deus sobre a vida e missão do novo Superintendente Distrital Missionário, Rev. Bruno Sahb. Nesta foto o Rev. Getro, ancião entre os Superintendentes, está bem de frente exercendo seu ministério intercessório. Ele que havia se aposentado no último concílio, continuou junto a Equipe de Ação Episcopal (superintendentes) por nomeação do Bispo Adonias. Um dos últimos atos pastorais do Rev. Getro foi orar em favor de um superintendente que ira supervisionar/pastorear de tempo integral os campos missionários. Campos estes os quais ele tinha verdadeira paixão... paixão missionária. Campos onde ele dedicára a maior parte de sua vida e ministério.

Assim que souber de mais detalhes compartilho com vocês. Por enquanto, fica esta breve reflexão que saiu naturalmente de meu peito assim que recebi o telefonema do Bispo Adonias. Eu estava dormindo, mas ao receber o comunicado vim ao computador para escrever um e-mail que resultou neste breve texto.

Louvo a Deus pela vida do Rev. Getro. Vida que começou no ventre de sua mãe e que transcende para a eternidade. Enquanto esteve aqui ele foi bênção para muitos, inclusive para mim. Sentiremos saudades de seu jeito extrovertido, mas nos consolamos em saber que um dia o encontraremos no lar celestial. Os encontros, acampamentos, emomemagos, concílios, já não serão os mesmos sem as “bagunças santas” do Rev. Getro. Porém, poderemos trazer à memória todos os momentos vividos e transformá-los em energias para que a igreja continue sua caminhada com alegria e fervor. Tal como ele gostava de cantar: “A igreja não pode parar...”.

Que o Senhor nos conforte! Termino esta reflexão com as palavras bíblicas de Hebreus 13.7: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”.

FIM DO MESTRADO... momento de gratidão

Meu curso de pós-graduação em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) foi excelente. Estou feliz por terminar mais uma etapa de estudos. Sei que o Deus que providenciou minha entrada no programa, foi quem me acompanhou em todos os momentos.

Eu havia me formado bacharel em Teologia em 1994 e professor de história em 1997. Desde a primeira graduação iniciei meu trabalho pastoral de tempo integral. Dediquei-me ao pastoreio da igreja e à docência no Seminário Metodista Bispo Scilla Franco. Além dessas duas áreas centrais em meu ministério também servi a igreja como superintendente distrital, como membro de conselhos diretores de instituições de ensino, de comissões regionais e de Grupos de Trabalho.

Envolví-me plenamente nas atividades para as quais era nomeado. Procurei sempre fazer o melhor pçossível dentro de minha capacidade física, mental e espiritual. Porém, eu escondia atrás de todas estas atividades o meu desejo, bem como também o medo de fazer mestrado. A questão que ecoava em minha mente era: e se eu não conseguir, o que vão dizer de mim? Isso me intimidava.

Porém, um amigo que havia sido meu aluno no Seminário Metodista e que naquele momento era meu companheiro de ministério no Distrito de Piracicaba, estava cursando sua pós-graduação na UMESP. Ele foi o grande incentivador para que eu iniciasse meu mestrado. Por meu amigo tenho muita gratidão. Obrigado Márcio Divino de Oliveira, sua insistência me ajudou demais.

Quanto ao programa é de altíssimo nível. Os professores são todos titulados (doutores), demonstrando uma grande experiência docente e domínio dos conteúdos tratados. Há uma boa inteiração entre docentes e dicentes, docentes e docentes, discentes e discentes. É uma relação respeitosa marcada pela tolerância e rigor acadêmico. O incentivo para que os dicentes tenham uma visão crítica diante dos temas estudados é patente, isto contribuiu para uma boa formação acadêmica. Acrescente-se a tudo isso, a excelente infra-estrutura e meios tecnológicos oferecidos pela universidade, tais como: biblioteca, sala de computação, multi-midias, sala de estudos individuas e coletivos etc.

De forma especial agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva que me acolheu, incentivou e acompanhou durante a jornada. Ressalto aqui além de sua competência acadêmica sua sensibilidade humana. Ouso dizer que seu carisma pastoral está presente em seu trabalho docente. Obrigado Bispo Geoval.

Durante o programa, fui acometido por uma enfermidade que quase me levou a óbito. Duas semanas após protocolar minha dissertação na secretaria acadêmica e marcar o dia de apresentação para a banca, algo inesperado aconteceu. Num dia estava em plena atividade acadêmica/ministerial/pessoal, no outro uma tosse... febre... falta de ar... vírus... bactéria... me colocaram numa rotina de consultas médicas e posterior internação na UTI. Fui diagnosticado com pneumonia intersticial por H1N1. Foram momentos muito difíceis. Isto fez com que o período de minha pós-graduação se estendesse.

Após todos estes percalços, nesta última terça-feira (18/05/2010), tive a oportunidade de entregar as cópias de minha dissertação para o acervo da biblioteca da UMESP, bem como assinar os documentos pertinentes ao encerramento do programa, na secretaria acadêmica.

Há muitas outras pessoas que merecem agradecimentos, porém o farei em fóruns diferentes. Hoje quero apenas expressar minha alegria por terminar o mestrado e agradecer a Deus, ao amigo Márcio e ao Bispo Geoval.
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