quarta-feira, 26 de maio de 2010

59ª Semana Wesleyana (25 de maio)

Estou participando da 59ª Semana Wesleyana, evento promovido pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista. Neste ano o tema é "A Missão de Deus hoje". Motivada pelo centenário da primeira Conferência Missionária Internacional (Edimburgo, 1910), a coordenação do evento trouxe como palestrante principal o pastor metodista do Sri Lanka, Wesley Ariarajah, doutor em teologia e professor da Drew University (EUA).

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Por compromissos marcados anteriormente, não pude participar da abertura do evento ocorrido na segunda-feira, mas fiquei sabendo da parábola do torcedor de futebol contada pelo Prof. Nicanor Lopes, coordenador da Semana. Baseado no texto de Lucas 15 e inspirado pelo clima de copa do mundo o coordenador compartilhou a pequena parábola/paráfrase. Por achá-la oportuna compartilho o texto neste momento.

“Certo homem morava em São Paulo e tinha dois filhos. O mais novo era torcedor do Palmeiras, e fazia parte da torcida organizada, mas cansou de apanhar. Ele disse: ´Pai, vou embora para o Rio de Janeiro torcer para o Flamengo. Só que lá ele também se envolveu com torcida organizada e também apanhou bastante. O irmão mais velho, que era são paulino, não gostava dessas atitudes. O mais novo, cansado de apanhar, resolveu voltar para casa. Voltou cabisbaixo, com a camisa do Flamengo toda esfarrapada, disposto a pedir perdão ao pai. O pai, assim que o viu, correu a abraçá-lo e lhe vestiu uma camisa verde e amarela da Seleção Brasileira. Enfeitou a casa de bandeiras e resolveu fazer um churrascão. O filho mais velho, que estava parado no trânsito de São Paulo, chegou mais tarde em casa e viu a festa organizada. Ele ficou indignado: “Mas o que é isso? A Copa do Mundo é só daqui a um mês!” Mas o pai lhe respondeu: “Meu filho, já estamos em clima de Copa. Seu irmão voltou, hoje somos todos brasileiros. Na Copa, não tem São Paulo, Flamengo, Corinthians ou Palmeiras”.

Cheguei pela manhã (25/05) e participei da 1ª palestra do Dr. Ariarajah, intitulada: O legado da Conferência Missionária de Edimburgo. Apresento abaixo a reportagem feita pela minha amiga Suzel Tunes, que reproduz bem o que aconteceu:

Bem humorado, o pastor e professor Wesley Ariarajah começou sua palestra afirmando ter boa qualificação para falar na 59ª Semana Wesleyana: afinal, é um Wesley... Lembrou que neste ano comemora-se o centenário da Conferência Internacional de Edimburgo em várias partes do mundo, graças à ação de um leigo metodista. Mas a questão da missão é assunto que ainda hoje divide as igrejas e, portanto, é necessário repensar a missão no mundo de hoje.

Wesley Ariarajah destacou que John Mott estava profundamente interessado na missão. Seu ministério começou primeiro com estudantes. Ele reunia grupos nas escolas para estudar a Bíblia e orar. Observou que reunia estudantes de diferentes denominações e, então, descobriu o potencial que havia no estudo bíblico e na oração para unir os/as cristãos em torno de um projeto missionário. Na época, as sociedades missionárias competiam nos países onde atuavam, não havia nenhum tipo de cooperação. "Mott acreditou que se as sociedades missionárias unissem esforços e recursos humanos e financeiros poderiam evangelizar o mundo nessa geração".

Ele destacou que as sociedades missionárias eram formadas por leigos, muitos dos quais haviam passado por uma experiência de reavivamento espiritual e queriam compartilhar esta experiência com outras pessoas, transmitindo o Evangelho. As igrejas não tinham controle sobre as sociedades missionárias, que eram autônomas financeiramente. Foram as sociedades missionárias que organizaram a Conferência de Edimburgo. "A Conferência não teve participação direta ou controle das Igrejas. O evento foi totalmente organizado e apoiado pelas sociedades missionárias", afirmou Ariarajah.

O ano de 1910 é considerado o ponto de partida do movimento ecumênico moderno. Houve outras tentativas antes de união de esforços, mas esta foi a primeira organizada. A partir desta primeira iniciativa surgiram outras, que resultaram na fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948, que hoje reúne 350 igrejas representando cerca de 600 milhões de cristãos/ãs no mundo. Também foi a partir da Conferência de Edimburgo que começou a emergir a compreensão de que a missão não era simplesmente pregar o Evangelho, mas salvar o ser humano de maneira integral, agindo em áreas como saúde, educação e justiça social. "Evangelização e missão se juntaram em 1910", disse Ariarajah.

A Conferência Missionária de Edimburgo reuniu 147 sociedades missionárias da Europa e Estados Unidos e 1200 missionários, dos quais apenas 17 eram do chamado “terceiro mundo”. Eles estavam convencidos de que poderiam reunir esforços e cristianizar o mundo todo, disse o professor. Contudo, nem mesmo 3% da Índia é cristã; o número de cristãos na China não chega a 2% e no Japão é menor do que 1% . O que aconteceu?

Segundo Wesley Ariarajah, havia muito entusiasmo, muitos recursos investidos e muitos missionários reunidos. Para explicar porque o resultado não foi o esperado, ele voltou aos tempos de Jesus. Explicou que a missão de Jesus foi restrita ao mundo judaico. “Os gentios tornaram-se cristãos quase que por acidente”. Ele disse que Paulo, após sua dramática experiência de conversão, tornou-se um cristão zeloso. De perseguidor tornou-se perseguido e teve que sair de Jerusalém. Como era muito “teimoso”, resolveu pregar aos judeus da Diáspora, na Ásia Menor, e procurava as sinagogas para pregar. Expulso das sinagogas, foi para as praças e teve sua mensagem ouvida e aceita pelos gentios. “Paulo ficou convencido de que os gregos podiam ser recebidos como cristãos – que até então, era uma seita judaica. Contudo, a Igreja de Jerusalém não aceitou. “Tivemos então a primeira conferência ecumênica. O partido judaizante de um lado, Paulo e Barnabé do outro e Tiago, irmão de Jesus, presidindo”.

Pedro, tocado pela experiência do batismo do Espírito sobre a família de Cornélio, testemunhou a favor dos gentios. Tiago tomou então a decisão: os gregos não precisariam ser circuncidados ou seguir as leis judaicas para serem aceitos como cristãos. “Foi um voto suicida”, disse Wesley Ariarajah. O princípio da morte da Igreja cristã judaica, que acabaria desaparecendo no ano 200.

“Para levar a mensagem cristã ao mundo gentio, os judeus abandonaram tudo”, afirmou Ariarajah. Por sua vez, os cristãos que foram para a Índia no início do século 20 não quiseram abandonar nada, disse ele. “Os indianos tinham que abandonar sua cultura e famílias para se tornarem cristãos. Eles é que tinham que morrer para sua cultura para se tornarem cristãos”.

Segundo Ariarajah, o cristianismo foi para a Ásia como um poder colonizador. “A Ásia experimentou Jesus Cristo como um novo Júlio César”. Os cristãos chegaram na Ásia negando toda a cultura oriental e ignorando religiões com três mil anos de existência. Por isso não tiveram sucesso no estabelecimento de igrejas cristãs no Oriente. Contudo, disse Wesley Ariarajah, o cristianismo trouxe grande diferença na Índia, sendo capaz de alcançar as classes oprimidas, párias na sociedade de castas. “O cristianismo trouxe muito para mulheres, crianças e viúvas, mas não implantando-se como igreja”.

Com o passar do tempo, a concepção de missão foi amadurecendo. Especialmente após as duas guerras mundiais que abalaram o mundo – e também a confiança nas próprias instituições religiosas, que não puderam evitar a guerra e até a apoiaram – surgiu a consciência de que a missão não é da Igreja, mas de Deus. Deus está em missão e a Igreja é apenas uma serva da missão. “O objetivo da missão não é a Igreja, mas o mundo. A missão não existe para fortalecer a Igreja. Esta foi uma importante mudança de paradigma. Até aquele momento o conceito de missão era implantar igrejas”, disse Ariarajah. Deus está presente não para salvar a Igreja, mas o mundo e toda sua criação. Como igreja, somos parceiros e servos de Deus nessa missão.

No período da Tarde, participei da Oficina dirigida pelo Prof. Fernando Altemeyer, intitulada “Missão e Mídia”. Confesso que fui surpreendido com esta oficina. Esperava falas sobre técnicas de comunicação nas várias mídias... ou algo parecido. Porém, para minha surpresa o professor trabalhou sobre o conteúdo da mensagem do Evangelho nas várias mídias. A pergunta de fundo foi: Como tem sido apresentado o rosto de Cristo em nossa sociedade e como devemos apresentá-lo. Achei fantástica a sua abordagem... fui surpreendido de forma positiva. Além do conteúdo da oficina destaco a didática e capacidade de comunicação do professor... alguém muito divertido... um comunicador... alguém com profundidade bíblica.

À noite a palestra foi ministrada pelo Revmo Bispo Paulo Ayres Mattos, bispo emérito da Igreja Metodista e professor da Faculdade de Teologia. O título da oficina foi: Projetos Missionários em Conflito. Utilizando-se vários dados do censo populacional do IBGE de 2000 no quesito religião fez vários apontamentos. Apresentou um pequeno histórico sobre alguns conflitos denominacionais. Afirmou de forma emblemática que um dos problemas da atualidade é o enfoque no crescimento numérico da igreja através de alvos pré-estabelecidos. A missão acontece de forma natural como fruto da vida e dedicação e não porque estipulamos alvos de crescimento.

Depois do dia de atividades, fui para o quarto e antes de dormir respondi alguns e-mails e mandei pedidos de oração para o Grupo de Oração On-Line (Grupo que administro na internete). Depois disso... naninha.

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