terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Violência contra a mulher... e quando acontece perto da gente?

Hoje, logo após o almoço, dirigi-me a uma cidade próxima a Campinas para fazer uma visita hospitalar. Fui ver uma pessoa querida que sofrera uma violência absurda. Seu ex-companheiro, não concordando com a separação, esperou-a no caminho do trabalho e desumanamente jogou álcool em seu corpo e ateou fogo. Ela fora vítima de um ato hediondo.

Como pastor e amigo, meu desejo foi solidarizar-me com ela através de palavras, gestos, leitura bíblica e oração. Gravei em meu celular uma manifestação de carinho e apreço de um grupo de pessoas muito queridas dela. Presenteei-a com um livro devocional intitulado "365 dias com Deus", onde fiz uma breve dedicatória como um dos autores.

Meditei, junto com ela, na mensagem do salmo 23. Um salmo tão conhecido, mas que naquele momento teve uma aplicação especial. Além de destacar os cuidados de Deus como aquele que cuida de nós com as provisões que estão explicitas tais como, descanso, água, comida e companhia, destaquei no versículo 4 a expressão "tua vara e teu cajado me consolam". Como ela estava com muito medo e assustada, expliquei-lhe o significado desta expressão. O cajado, aquela vara comprida com a ponta torta, era usado para puxar a ovelha, ou mesmo cutucá-la em momentos de necessidade. Já a vara era um bastão (porrete) que o pastor usava para defender as ovelhas em qualquer situação. Eu disse-lhe para pedir ao Deus-Pastor que a protegesse e lhe desse segurança de que estava sendo cuidada. Oramos e conversamos um pouco. Comprometi-me em visitá-la mais vezes, pois não há previsão de alta hospitalar.

Voltando do hospital, refletindo sobre este ato extremamente violento, lembrei-me do antropólogo francês, René Girard, conhecido por considerar o mimetismo a origem da violência humana. Acredito que este rapaz não conseguia conviver com o fato de ela estar feliz por não mais conviver com ele. Segundo Girard, o mecanismo da vítima expiatória é fundador de qualquer comunidade humana e de qualquer ordem cultural: quando o objeto de desejo é apropriável, a convergência dos desejos conflitantes em sua direção engendra a rivalidade mimética que é a fonte da violência.

Ao preparar este breve texto, deparei-me com uma frase interessante de Valter Damata:  "A violência é a mais grave ameaça à vida em sociedade, à vida em comum, na medida em que se caracteriza pela possibilidade de destruição do homem e da humanidade do homem, pelo próprio homem".

De que adianta uma lei como a "Maria da Penha" se não há fiscalização para que homens violentos não se aproximem de suas vítimas. A mistura do ódio com o amor confunde-nos demais. Estou triste, indignado e perplexo, pois por mais que veja reportagens sobre este tema, hoje presenciei a dor de uma pessoa querida que foi e está sendo vítima de seu agressor.

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