Hoje participei do culto matutino
da Igreja Metodista Central de Campinas e fui ministrado pela Palavra de Deus através de
meu amigo, Rev. Eber Borges da Costa. Apresentarei aqui algumas anotações que
fiz durante sua prédica.
Após saudar a congregação, ler o
texto de Mc 16:1-8 e depois orar, iniciou seu sermão relembrando a todos que
estamos no ciclo pascal, portanto, tempo de celebrar a ressurreição de Jesus. A
base do testemunho cristão está firmada nesta convicção: Cristo morreu, mas ressuscitou.
Portanto, num mundo marcado pelos
sinais de morte, como cristãos temos a tarefa de levar a mensagem de vitória da
vida sobre a morte. Num tempo de injustiças e desesperanças a mensagem da
vitória da vida, que trás justiça e esperança é de grande importância.
Após estas afirmações, o pregador
indagou: Sabendo de tudo isso e da tarefa que recebemos, por que não pregamos com
veemência esta mensagem?
Após perguntar, afirmou: Vou
compartilhar aqui algumas impressões que tenho do texto e que poderá nos ajudar
a responder a esta pergunta.
O texto destaca as mulheres como
protagonistas principais desta história. Infelizmente em muitos sermões, este e
alguns outros textos bíblicos onde as mulheres se destacam, são pregados como
se esta questão fosse uma concessão masculina. Mas ao verificar-se a vida e a
missão de Cristo e dos seus discípulos veremos que as mulheres tiveram um papel
de grande relevância. A mulher samaritana foi a primeira a quem Jesus se revela
o Cristo. A mulher Cananéia foi considerada exemplar em sua fé. No episódio da
visita de Jesus à casa de Marta e Maria, vemos a valorização do ministério
feminino. Sua mensagem é bem mais profunda do que se tem destacado ao
mencioná-la. Naquela época somente os homens poderiam se sentar aos pés de
mestres e se colocarem como discípulos. Maria rompe com esta tradição. Ao invés
de ficar cuidando da casa, tal como Marta, ela se propõem a ser discípula. Marta
com a mente presa aos costumes da época, repreende sua irmã. Jesus porém, vai
dizer que Maria fez a melhor escolha, tornar-se uma discípula. No movimento de
Jesus a mulheres foram muito bem acolhidas e valorizadas.
Voltemos ao texto. As mulheres
foram as primeiras a descobrirem que Jesus havia ressuscitado. Receberam a
mensagem do "jovem vestido de branco" dizendo que era para elas irem
para a Galiléia contar aos outros que Cristo ressuscitou. Mesmo sendo
privilegiadas e recebendo em primeira mão a tarefa de proclamarem as boas novas
aos outros elas não o fizeram. O que as impediu foi o medo.
Segundo alguns estudiosos da Bíblia
no Evangelho de Marcos o que se opõe à fé não é a dúvida, mas sim o medo. O
evangelho provavelmente foi escrito para uma comunidade que o medo a estava
impedindo de proclamar a fé viva no Cristo ressurreto. Quando olhamos para
algumas passagens bíblicas, não só de Marcos mas de outros evangelistas vemos
apresentada a fragilidade da fé de muitos discípulos. É possível afirmar que não
foi a fé dos discípulos e discípulas que permitiram a propagação do evangelho,
mas sim o amor insistente de Deus. Os discípulos e discípulas tiveram medo de
proclamar a verdade da ressurreição, mas Deus em sua persistência amorosa proporcionava
a oportunidade de presenciarem e se relacionarem com o Cristo ressurreto. Ao
olhar para a experiência de Tomé é possível ver como Deus insiste em se
apresentar aos fragilizados. Cristo se encontrou com os discípulos novamente,
só para que Tomé tivesse oportunidade de crer. Jesus voltou não pela certeza da fé dos
discípulos, mas sim pela dúvida de um deles.
Diante disso podemos nos
perguntar: por que não temos o mesmo cuidado uns com os outros? Por que somos
tão intolerantes com aqueles que vivem um tempo diferente de fé. O que vemos é
que não é somente a fé que se apresenta frágil, mas também o amor.
Quando nos deparamos com a morte,
somos confrontados com nossos limites e fragilidades. Nestas horas nos
esforçamos ao máximo para chegar até o local onde será o velório para nos
despedirmos de pessoas queridas. Investimos tempo e dinheiro, mesmo em momentos
difíceis, para homenagearmos nosso ente querido. Nos esforçamos para homenagear
pessoas que não ouvirão nossos elogios.
Com Jesus foi diferente, pois ele
ressuscitou. Ele ouve e vê tudo que fazemos. Quando estamos em culto no templo,
bem como, quando estamos em qualquer outro lugar. Precisamos ter clareza de que
ele, como Senhor de todas as coisas não precisa de nossa bajulação em culto.
Não precisa de nosso dinheiro. Tudo que fazemos em culto e tudo que ofertamos à
igreja é para nós mesmos. Somos nós que somos edificados ao cantar, orar e
ouvir a Palavra. Somos nós quem somos beneficiados com os dízimos e ofertas
consagrados na igreja. Deus não está preso no templo, pelo contrário, a
afirmação bíblica é de que Jesus estaria junto aos pequeninos. Querer servir ao
Senhor é servir aos pequeninos. A afirmação de Jesus foi: "Quando fizerdes
a um destes meus pequeninos, a mim o fizeste". Jesus recebe nosso amor,
quando amamos aos pequeninos, frágeis, fracos deste mundo.
A afirmação do anjo foi: voltem
para a Galiléia, pois ele irá à vossa frente. Galiléia era a periferia de
Israel. Assim como estas mulheres que foram vocacionadas a voltar à periferia
de Israel para anunciar a ressurreição de Jesus que presenciaram, nós também
somos chamados a proclamar o Cristo ressurreto aos habitantes da periferia do
mundo. Somos chamados a pregar o Cristo que promove a vida. Onde há sinal de
morte, a presença de Jesus trás a vida.
Se as mulheres se calaram, por
que então nós ficamos sabendo? Provavelmente esta era a pergunta da comunidade
de Marcos. Segundo alguns estudiosos do Evangelho de Marcos, o texto terminava
no versículo 8 do capítulo 16. Ou seja, com a afirmação de que por medo as
mulheres não disseram nada a ninguém. Esta pergunta foi a que fizemos no início
do sermão. Por que não pregamos este evangelho da vitória da vida e ele ainda
se propaga? A resposta está no amor insistente de Deus. Quando temos medo,
dúvidas e receio, ele nos ajuda e fortalece. O Senhor se encontra conosco em
todos os lugares para nos lembrar de sua vitória sobre a cruz. Muito mais que
no templo, ele se encontra conosco nos caminhos da vida e de forma amorosa nos
auxilia no entendimento de seu projeto. Mesmo com a boa intenção de fazer o que
o Senhor queria, estas mulheres falharam. Quando ouve falhas, Jesus
amorosamente continuou se apresentando aos seus para que experimentassem este
grande milagre. Assim é conosco. Quando falhamos em realizar nossa missão o
Senhor se apresenta e nos auxilia a continuarmos nossa vocação.
O Rev. Eber encerrou o sermão
perguntando: Como você tem se encontrado com Jesus? Somente no templo? Lembre-se
que Deus nos surpreende e mostra a restauração de muitas vidas na periferia de
nossa sociedade.
Logo após, o pastor convidou aos
que assim desejasse para que viessem ao altar para um momento de oração e
consagração.
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