Reconhecendo que muitos leitores
deste blog, bem como alguns telespectadores do meu canal no youtube possam não entender o porque utilizo e
cito nas liturgias dos cultos e em meus sermões o Lecionário Comum, aproveito
este espaço para de forma pedagógica apresentar-lhes esta importante
metodologia de leitura e reflexão da Palavra de Deus.
O Lecionário é uma lista de textos das
Escrituras Sagradas (chamadas lectio – leitura) recomendadas para leitura em um
dia em particular. Convencionou-se a utilização de quatro leituras principais,
a saber: uma leitura do Antigo Testamento (Bíblia Hebraica), um Salmo, uma
leitura das epístolas e uma leitura dos Evangelhos.
A seleção dos textos é feita com
o objetivo de possibilitar uma leitura panorâmica da Bíblia, em três anos. Onde
a ordem obedece uma seqüência inspirada nos evangelhos, privilegiando, no ano
A, o Evangelho de Mateus; no ano B, o de Marcos; no C, o de Lucas; e o
Evangelho de João é reservado para as
datas festivas, tais como Natal e Páscoa.
Sua organização leva em conta o
Ano Litúrgico. Desde muito cedo na história da igreja, elaborou-se um
calendário específico que não simplesmente contasse o tempo de acordo com as
estações naturais, mas que baseado nas “estações” da vida de Cristo auxiliasse
os cristãos no conhecimento do propósito de Deus para a humanidade.
A vantagem em se ter um plano de
leitura da Bíblia na preparação da liturgia e da pregação é que não se omite
temas e textos importantes da Palavra de Deus. Quando não se tem um plano de
leitura, corre-se o risco do culto e da pregação se tornarem reféns das
demandas do cotidiano ou até mesmo do humor daqueles que ministram. Porém, não
significa que devamos ignorar as demandas do presente, mas sim, nos negarmos a
ser reféns delas. Nossa mensagem é maior.
Cabe, portanto, ao pregador e aos
responsáveis pela liturgia a sensibilidade do quando se deve romper com as
leituras do Lecionário para responder à necessidades mais emergentes. O
equilíbrio e o bom senso podem ser bons companheiros nesta decisão.
Seguir o Calendário Litúrgico,
bem como, as propostas de leituras do Lecionário Comum, é manter-se em
sincronia e unidade com o resto do Corpo de Cristo espalhado por toda a Terra.
Pois os mesmos textos lidos e pregados em nossos cultos dominicais, serão
utilizados nos cultos de muitas outras igrejas espalhadas pelo mundo.
Além de utilizar esta
metodologia, sou um incentivador para que outros também o façam. Creio piamente
que unidos na leitura da Palavra, poderemos nos capacitar melhor para a
realização de nossa missão... pregar as BOAS NOVAS. A Faculdade de Teologia da
Igreja Metodista publica todos os anos uma agenda, intitulada anuário
litúrgico, que apresenta as leituras bíblicas dominicais propostas pelo
Lecionário Comum, bem como todas as indicações do Calendário Litúrgico.
Se conseguirmos ler a Bíblia de
forma mais comum e conjuntamente, preparando estudos e sermões que possam
ser socializados, poderemos nos afinar
mais como cristãos e romper com boa parte de nossos preconceitos e
divisionismos. Como pode o Corpo de Cristo estar tão dividido? Uma das
possibilidades de iniciar um plano de restauração da unidade é nos propormos a
ler a Santa Palavra de forma mais uníssona... o Lecionário é uma possibilidade.
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