Ontem (17.07) tive a oportunidade
de assistir o filme DIVERTIDA MENTE (Inside Out) tão comentado nas redes
sociais e nos meios de comunicação social. Aproveitando a visita de meu
sobrinho Marcelinho (12 anos) convidei-o para ir ao cinema. Posso dizer que
valeu a pena, tanto pela companhia quanto pela qualidade do filme.
Não sou crítico de cinema e nem
pretendo fazer propaganda de filme. Quero apenas compartilhar algumas
impressões e sensações que tive ao assistir o mais novo filme da Pixar dirigido
por Pete Docter. Vou utilizar duas máscaras diferentes ao analisar e comentar o
filme, a de PAIstor e PAIfessor, já que sou pastor e professor e tenho uma
filhinha de 8 anos. Como ela está de férias na casa da vovó iremos juntos ao
cinema na semana que vem.
O filme conta a história de uma
garotinha chamada Riley. Até aí não há novidade alguma, pois muitos desenhos
contam a histórias de meninas. O interessante no enredo é que o autor mostra o
mundo interno e o externo da personagem. Personificando os sentimentos básicos
do ser humano ele apresentará algumas figurinhas encantadoras e muito coloridas
que representarão a alegria, o medo, a raiva,
o nojo e a tristeza.
Durante seus primeiros onze anos
de vida, Riley fora marcada por muitas experiências de alegria. Ao retratar o
mundo interno (sentimentos) o autor apresentou uma cabine de comando onde havia
um painel de controle que era operado pelos sentimentos. Durante esses
primeiros anos de vida, a Alegria exercera sobreposição aos seus companheiros
na cabine. Ela sempre tentava "consertar" (veja que coloquei entre
aspas) o que os outros sentimentos faziam. Ela tinha uma voz de comando e se
sentia a mais importante e necessária para o bem da pequena.
O filme ressalta o período do
final da infância e início da adolescência, onde entre outras adversidades,
Riley experimenta pela primeira vez uma mudança de cidade. Por questões
profissionais seu pai deve mudar-se para São Francisco. Deixar Minnesota, local
marcado por muitas lembranças agradáveis e alegres, tendo que iniciar uma nova
vida em uma escola nova, casa que não lhe agrada e beirando a puberdade fez com
que os sentimentos que estavam confortáveis sob o comendo da Alegria entrassem
em pane.
Um dos momentos do filme que mais
me chamou a atenção foi quando a Alegria tentou afastar a Tristeza do painel de
controle e então deu-lhe uma tarefa. Riscou um pequeno círculo no chão e
denominou-o de "círculo da tristeza" e disse que ela não deveria deixar nenhum sentimento sair
daquele espaço. A alegria foi dominadora em muitos momentos da história.
O interessante, foi ver que a
própria Alegria reconheceu a importância da Tristeza na vida de Riley. Destaco
aqui o momento em que ela revendo um dos episódios (memória da Riley) percebeu
que a sua atuação foi possível, porque num momento importante de atuação da
Tristeza na vida da pequena, fez com que seus pais e amigos se aproximassem
dela e lhe enchessem o coração de alegria.
Diante da confusão causada pela
ausência da Alegria e da Tristeza na sala de comandos, a garotinha motivada
pela Raiva, Medo e Nojinho decide fugir de casa. Quando Alegria e Tristeza
conseguem retornar à sala de comando, todos que estavam apavorados achando que
somente Alegria poderia reverter o quadro, ficaram surpresos quando ela
reconheceu sua impossibilidade e disse que a Tristeza tinha um papel importante
e que ela deveria agir naquele momento.
Confesso que chorei durante o
filme. Assim como não sou crítico de cinema, também não sou psicólogo ou
psicanalista. Porém, ver apresentado de forma simples e mais concreto o
universo da psique humana, me fez refletir sobre alguns pontos.
Destaco aqui a importância da
tristeza em nossas vidas. O próprio texto bíblico afirma: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à
casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos
o aplicam ao seu coração" (Ec 7:2). Num mundo marcado pelo hedonismo,
ou seja, a busca do prazer a qualquer preço, não tem havido espaço para a dor,
sofrimento, frustração ou tristeza. Vivemos a tirania da alegria. Como pais,
tentamos resguardar ao máximo nossos filhos de experimentarem tristezas.
Infelizmente por não reconhecermos a importância da frustração e da tristeza na
composição da personalidade de nossos filhos, impedimo-os de aprenderem o
equilíbrio. A alegria demasiada, pode trazer muitos danos. Assim como também
qualquer um destes sentimentos se reinarem absolutamente serão prejudiciais.
Precisamos aprender a conviver com o gosto agridoce da vida. Cada um destes
sentimentos trabalhados no desenho tem sua importância. Destaco o momento em
que o medo foi fundamental, pois ela estava correndo e iria tropeçar num fio
elétrico. Foi este sentimento que a ajudou, fazendo com que fosse mais
cuidadosa (Freud já dizia isso). A Nojinho tinha sua importância pois ajudava-a
a não se envenenar. Claro que o excesso de nojo faz muito mal. A Raiva também
tem sua importância.
Como afirmei no início deste
pequeno texto, meu olhar é de PAIstor e PAIfessor. Deste desenho lindo e
comovente tiro lições para o meu papel de pai, que quer pastorear sua filha,
bem como também educá-la para a vida. Sugiro que você assista com seus filhos e
netos. Haverá momentos em que eles não entenderão algumas piadas, mas no
momento oportuno você poderá utilizá-las para ensinar algo, explicando-lhe
melhor. Num momento tão agradável de entretenimento, podemos aprender
importantes lições de vida. Há momentos em que precisamos RECREAR para poder RECRIAR.
Vamos reinventar nossas atitudes?